Thursday, October 30, 2008

VISTAS DA GRANJA 68





VISTAS DA GRANJA - ABANDONO E DESTRUIÇÃO

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Wednesday, October 29, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 72


Morte no rio

Bem cedo, Arcádio Adolpho saiu para o rio levando sabonete e toalha. Ao chegar na Barragem viu o que todos já lhe tinham dito: o rio estava a toda largura, cheio e rugindo, a água correndo sobre a parede, ninguém notaria que ali havia uma barragem, somente quem já a havia visto no verão, pois o nível da água era o mesmo do lado de cima e do lado de baixo. Metia medo. Mas ele não pensou senão em mergulhar nas águas do rio de sua infância e lembrar dos momentos agradáveis que passara ali sobre os lajedos e pulando e nadando nas águas calmas. Tirou toda a roupa ficando nu - desde muito tempo esse costume havia mudado, mas ele era das antigas e queria fruir de tudo que lhe desse satisfação. Entrou com cuidado pela beira das águas barrentas, mas viu que era uma temeridade ficar ali à mercê dessa corrente violenta. Subiu o lajedo de volta à margem para pegar o sabonete e, já quase ao atingir a parte superior, mais segura, escorregou na pedra ensaboada e caiu no rio batendo com a cabeça em uma parte saliente da pedra. Seu corpo foi encontrado na Volta da Areia no fim da tarde.

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Tuesday, October 28, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 55


O Barão nas Árvores, o mesmo Barão Trepador.

Maikon veio de Penúmbria, em pleno Sertão Central, ainda analfabeto aos vinte anos. Não conseguiu emprego, mas uma gata que logo conheceu arranjou-lhe uma vaga pra “tomar de conta de carros” na Beira-Mar. A princípio ele dormiu nos bancos da praia, mas sentiu muito frio e desistiu descobrindo que podia ocupar a copa de uma castanholeira em frente a um hotel de bacanas. Na primeira noite foi muito incômodo, mas a partir daí acostumou-se, mesmo porque ele levou um colchão velho, apanhado no lixo. Com essa peça ele começou a mobiliar sua morada. A gata que morava em um esgoto próximo e de quem ele se tornou amigo deu-lhe uma gatinha para lhe fazer companhia. Os dois, a gatinha e ele, assistiam TV, apanhada no lixo também e que funcionava com energia puxada por meio de um gato. A gatinha tornou-se amiga e, vez por outra, subia pra morada arranhando o tronco e levando um resto qualquer de comida que os dois dividiam. A gata começou a ensinar-lhe rudimentos da língua e ele achava que podia ler jornal. Ele tinha até endereço com CEP e tudo de tal modo que podia receber correspondência de seus pais e essas propagandas oferecendo de um tudo e que vêm nas malas diretas. Maikon estava na castanholeira há um ano quando duas jovens pesquisadoras da Secretaria o encontraram, mas todo o povo da praia sabia onde ele morava com a gatinha. Após terem feito muitas perguntas elas deram entrevista ao jornal e disseram que sua Secretaria estava planejando uma ação imediata para identificar os moradores de rua, como ele e que em futuro muito próximo, depois de abrirem o devido processo, talvez um ano, ele poderia ser encaminhado para um abrigo, ele e suas gatas. Ao repórter Maikon afirmou que não deixaria sua morada de jeito nenhum, pois ali ele já tinha estabelecido um lar com sua amiga a gatinha. No dia seguinte, alguém que, havia lido a matéria no jornal identificou a castanholeira e, aproximando-se e querendo ajudar, chamou: - Barão, você precisa de alguma coisa?

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Sunday, October 26, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 99


Nós vamos para Bagdá no inverno.

Ella foi logo dizendo com sua voz suave:
- Não adianta esta história de chorar não, meu caboco. Você vai primeiro visitar uma casa muito legal, limpa, bonita, onde tudo funciona e, mais importante, com muitas garotas morenas, lindas; elas só têm um defeito: pintam o cabelo de louro e ficam com a cabeça que é aquele “melado”, como se diz?
- Mel com areia, eu acho.
- Pois bem, depois dos prolegômenos você vai para uma sala onde um rapaz, - não é gay, hein? - lhe faz uma depilação em regra e depois vem outra garota, - de quem você não sabe se tem o cabelo melado - e lhe põe pra dormir. Você vai sonhar com aquela loura, como é mesmo o nome dela? Calma, deixa pra lá, mas é só isso... Se tudo der certo eu espero você do outro lado da porta. Aí então vai ser a vez de nos divertirmos, pois nós vamos para Bagdá no inverno.

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Friday, October 24, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 45



LÍVIO BARRETO (1870 - 1895)

DESLUMBRAMENTO

Por sobre nós a azul silenciosamente
Se arqueia, ébrio de luz, de paz, de sons, de amor,
E apenas da águia errante a asa viril e ardente
Põe naquela cor casta a nódoa de outra cor.

Vê-se ao longe esverdear melancolicamente
Das montanhas senis os flancos onde o ardor
Do sol retine e bate irresistìvelmente,
Penetrando-lhe a entranha e haurindo-lhe o frescor.

No entanto a águia possante, as asas espalmadas,
Sobe, até sentindo as penas abrasadas
Volta e procura a serra, exausta de vigor...

Também minh´alma um dia ao azul puro e radioso
Abriu o cálix branco ébrio de amor e gôzo,
Para depois fechá-lo ermo de gozo e amor!


-1893-

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Thursday, October 23, 2008

VISTAS DA GRANJA 67






VISTAS DA GRANJA - ABANDONO E DESTRUIÇÃO

QUANTO TEMPO MAIS?


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Wednesday, October 22, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 71


Alto, louro, e de olhos azuis

O velho Inaço era pai de quatro moças que, ao chegarem à idade de casar, não tinham conseguido interessar a nenhum dos viajantes que passavam pela cidade, nem aos próprios primos e outros rapazes casadoiros do local. Certa ocasião apareceu na loja do velho um vendedor de tecidos vindo do sul. Quando o moço abriu a mala expôs todo o mostruário e levantou a cabeça e se apresentou às quatros moças que estavam xeretando por ali elas viram que ele era um homenzarrão alto, louro, de olhos azuis e, de imediato interessou às meninas. O velho Inaço viu aquela troca de piscadelas e chamou as quatro filhas para um canto e disse:

- Ôme alto, loro, e dos zói azul não serve para namorar fia minha e se tiver bigode, como esse camarada aí, nem informação é pá dá.

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Tuesday, October 21, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 54



Phenomeno”

Em Campo-Limpo, no Estado do Maranhão, uma mulher por nome Maria Bacamarte, poz um ovo semelhante ao de uma perua e com pintas como o desta ave.

O facto foi vulgarisado pelo ‘Jornal de Caxias’, e vai aqui mencionado por conta do mesmo. Do Independente

Ж

Agradecemos à redação do Jornal do Ceará por nos permitir a publicação dessa notícia palpitante vinda da terra de Gonçalves Dias.
JC de 16 de junho de 1905

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Monday, October 20, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 38


Dali e Picasso

O velhinho gostou de um dos quadros em que o artista local retratava uma ponte de ferro sobre o rio da cidade. Em poucos instantes concluíram a negociação – ele pagou o que o moço pediu. Nasceu daí certa empatia entre os dois, mas que durou pouco tempo. Na conversa, o moço perguntou ao velhinho se ele conhecia o barroco, o gótico nas artes e na pintura em particular.
Estabeleceu-se então um diálogo entre os dois, perguntando inicialmente o velhinho:

- Você estudou aonde?
- Eu me formei em Artes aqui mesmo.
- E nunca saiu, para aperfeiçoar seus estudos, sua arte?
- Não eu pretendo fazer isso, mas acho que o que eu sei já é muita coisa. Aqui a gente pode desenvolver bem nosso trabalho.
- Você conhece o trabalho de Dali, de Picasso, esses artistas da primeira metade do século XX?
- Sim! Conheço! O Dali não é aquele pintor cubano que pintou Guernica, aquela enorme tela que está num museu da Espanha? Qual é mesmo? Acho que é o Prada... Mas, eu particularmente não gosto dele, não, só pinta figuras estranhas, sem nexo que ninguém entende...
- E Picasso?
- Ah! Aquele francês que é da mesma turma desse Dali e que nunca aprendeu a pintar. Aliás, esses dois aí deveriam ter freqüentado as aulas do Professor Feliz aqui da cidade. Eu garanto que eles teriam aprendido a pintar, perspectiva, essas coisas aí...

E há quem pergunte por que a cidade tem os menores índices de desenvolvimento do estado.

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Sunday, October 19, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 98


Conversa com Ella

- Eu já lhe disse que não vou a lugar nenhum com você. Não insista porque eu não vou!
- Rapaz, mas é um lugar agradável... As instalações são novas e tudo é bem moderno... Você vai gostar. Aposto!
- Não vou mesmo!
- Olha, eu prometo que nossa conversa vai ser curta, aqui perto na delicatessen e logo a gente sai...
- Você ta é doida, eu numa delicatessen com você? Nem pensar. Além do mais olha a confusão que num ia dar...
- Bom, de qualquer maneira eu te espero lá. Sua hora ta marcada e o Doutor não se atrasa.

O Doutor chegou e ele, estirado na cama, olhou para um lado e para o outro e viu que Ella estava lá sentada no cantinho da sala. O Doutor mexe e remexe no seu corpo gasto (?) e o deixa de lado, sem muitas dúvidas. Mas ele abre os olhos e olha para o cantinho. Ella não está mais lá, parece que desistiu de sua conversa curta. Ele ri.

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Friday, October 17, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 44



RAUL S. XAVIER (1902 – 1985)

ESFÍNGE


Quanto mais tu prometes, mais duvido,
E quanto mais tu negas, mais eu creio;
Até dos teus sorrisos eu receio
Conserves inviolável o sentido.

Nem mesmo num olhar irrefletido
Descerras o mistério que, em teu seio
Esquivando-se, foge ao meu anceio
De comigo também tê-lo escondido.

Se quanto mais seduzes, mais tu finges
É que assim a malícia das esfinges,
Nos teus lábios, disfarça o que não quer;

Acreditando, sempre descrendo...
Demônio... deus... não sei quem me está vendo,
Através dos teus olhos de mulher.

1951
A gravura representa Édipo e a Esfinge (Charles Rickett)

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Thursday, October 16, 2008

VISTAS DA GRANJA 66




Que me importa esta gente, se eu te adoro?
Se tu me amas, que me importa o mundo?
do poema A*** de Lívio Barreto, 1893.
VISTAS DA GRANJA - ABANDONO E DESTRUIÇÃO

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O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 70


O sabido

Em casa, quando meninote ele lia Balzac no original, tocava algumas peças simples de Chopin e escrevia pequenos contos que seus irmãos liam e com os quais faziam propaganda dele como um futuro grande escritor. Quando foi para a Capital teve de decidir entre sua literatura e uma carreira técnica (será que literatura não é também técnica?), pois “as coisas” andavam ruins e seu pai não podia mais conseguir colocações para literatos e pianistas amadores. Ele completou os preparatórios para Química e teve que se dedicar a leituras técnicas: biologias, químicas, matemáticas, zoologias e o diabo a quatro. “Nessa época seus irmãos perguntaram se queria que lhe enviassem seus livros e ele lhes disse pelo amor de Deus, deixem-nos longe do meu pescoço, não quero mais ser guiado, animado e afogueado”. Mas, passados mais de cinqüenta anos ele abandona as ciências e técnicas e se envolve com Beethoven, Goethe, Baudelaire e outras sumidades. Ele só tinha uma preocupação: será que iria recuperar o “tempo perdido”?

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Tuesday, October 14, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 53


E meu café?

Eu estava em um carro e dava carona a um amigo e três mocinhas que não consigo identificar agora. Procurávamos um lugar para tomar um café e logo chegamos a um. O amigo, infelizmente, diz que o tal lugar está reservado para uma recepção e que precisaríamos de convite. Houve um mal-estar e uma senhora gorda, talvez a gerente vem nos atender e diz que a pessoa encarregada de enviar meu convite por e-mail não o conseguiu, pois seu micro está sem funcionar e o responsável havia se acidentado. Nessa ocasião vejo duas outras amigas e mais pessoas conhecidas dentro do café já começando a se servir. Resolvo sair à procura de outro lugar e saio de marcha à ré e todos vêm que vou bater com o carro, o que acontece, pois bato com uma lanterna traseira do meu Fusca velho. Estou à procura de uma saída quando vejo que a estrada de terra batida vai dar em um cruzamento elevado onde passam os trilhos de uma ferrovia. Resolvo cruzar esses trilhos nesse lugar e quando forço o carro a subir descubro, já lá em cima, que o outro lado fica bem mais baixo, de tal sorte que o carro fica dependurado e eu não posso descer. Como vou conseguir ajuda?

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HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 97


A mulher pedia por socorro

Sentados à mesa de um bar eles ouviam Jorge contar um sonho, como ele sempre fazia. Este era um sonho estranho: ele guiava por uma estrada e atingia uma curva onde se assentava uma grande pedra, bem na margem esquerda, ele sempre pensava, quando passava no trecho, que alguém poderia bater nessa pedra, nesse dia ele ouviu um barulho enorme e, ao voltar-se, viu muitas pessoas correndo e uma cabeça de mulher inclinada para fora de uma camioneta pequena, nitidamente desacordada e ele pensava que ela havia morrido, mas ouve alguém chamando socorro, logo depois esse alguém estava conversando com a mulher dizendo para ela que todo mundo pensava que ela havia morrido.

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Friday, October 10, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 43


LÍVIO BARRETO (1870 - 1895)

MAGOADA

Corpo de anjo, coração de hiena! (Paula Nei)

Vais desdenhosa e pálida passando
No vitorioso azul da adolescência,
Como uma flor ao sol se estiolando,
Perdendo as cores e perdendo a essência.

Freme teu riso arregaçando a rosa
Do lábio ungido de ironia e dor!
E és sempre a mesma, cândida orgulhosa, -
Olhar de hiena, coração de flor!

E hás de viver assim eternamente
Altiva e fria, irônica, impassível,
Alma d´anjo mimosa e rescendente
Cedo crestada ao sopro do impossível!

Subiste ao céu no teu amor primeiro
D ´onde caíste inopinadamente!
E viste frio, ó coração ardente!
Morrer teu sonho branco e feiticeiro!

Tem o triste gemer das casuarinas
O teu sereno olhar, deusa sombria -,
E a luz crepuscular da nostalgia,
E a majestade de um palácio em ruínas!

Granja - 1892

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Thursday, October 09, 2008

VISTAS DA GRANJA 65


Será que ele votou nas últimas eleições municipais do dia 5 de outubro de 2008?

SÉRIE VISTAS DA GRANJA - ABANDONO E DESTRUIÇÃO

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Wednesday, October 08, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 69


Moda na cidade ou "Dandy"

Todos queriam estudar fora, isto é, no Rio de Janeiro. E ele não foi exceção. Foi aos doze anos como iam todos os de famílias abastadas. A Grande Guerra cortou seus planos e seu futuro e ele voltou depois de pouco mais de um ano. Quando desceu na estação, depois de uma viagem demorada por mar, todos notaram alguma coisa de diferente com ele. O que é certo é que em poucos dias seus amigos da cidade estavam todos puxando de uma perna, a direita, numa imitação grosseira do hábito do rapazinho recém chegado. Alguns meses depois eles, ao não se acostumarem com o novo uso, deixaram de caxingar enquanto o amigo continuou a fazê-lo, pois sua perna direita era dois centímetros mais curta que a esquerda.

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Tuesday, October 07, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 52


Linha Terezina-Fortaleza

Ele foi a Teresina fechar um negócio. Logo ao chegar sentiu uma lufada de ar quente no rosto quando chegou à porta do avião, tanto é que falou para um companheiro de viagem, ilustre desconhecido: - Eita que calor dos diabos, senhor! O camarada lhe disse: - E só ta fazendo trinta e sete graus... Ele demorou somente dois dias e tomou um avião de volta à meia-noite para chegar à uma hora da manhã. Ao chegar a Fortaleza o avião não encostou à cegonha, tendo ficado na pista; os passageiros tiveram de descer por uma escada e caminhar até ao salão de bagagens. Logo que ele apareceu na porta de saída reclamou para o companheiro da curta viagem: - Eita que frio danado, senhor! O camarada voltou para ele e disse: - É mesmo, já ta fazendo vinte e cinco graus...

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Monday, October 06, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 38


Vamos demolir a Matriz?

Com seu prestígio não foi difícil conseguir audiência com o Comendador, ele foi o primeiro. Chegou sobraçando muitos rolos de papel, nitidamente plantas arquitetônicas e de engenharia. Ele foi dizendo, mesmo antes de ser convidado a sentar-se:

- Comendador, eu quero lhe mostrar um negócio que vai nos deixar rico!
- Mas nós já não somos muito ricos...
- É, mas dessa vez é muito mesmo! Quer ouvir?
- Sim, diz lá.
- Tenho um projeto para construir um condomínio na Praça da Matriz! No centro da praça! Talvez isso envolva até a própria igreja...
- Que loucura é essa, rapaz?
- Olha, a praça está praticamente abandonada, tem uma área enorme e fica no centro da cidade. A construção e incorporação de residências luxuosas lá vão recuperar o prestígio do centro. Você sabe que o Coronel Fulano e toda a sua família tinham residência no entorno da praça, bem como figuras das mais representativas da elite local no começo do século... Resgatar nossas tradições é também de seu interesse, não estou certo?
- É, mas isso vai parecer uma insanidade!
- Deixa de ser insanidade se você souber quanto vamos obter de lucros...
- Bom, agora quero ouvir o que você tem a dizer...
- Só para obter a licença nós, isto é, a firma pagará 2% dos custos da obra, você veja que ali é área tombada...
- Vai pagar licença pra quem?
- Ora, pros órgãos encarregados disso.
- Ah! Bem!
- O orçamento está orçado em um milhão de euros, mas isso vai ser financiado pelos bancos e no final pelos compradores.
- Sim, mas a nossa parte?
- A construtora vai nos pagar 25% do valor do orçamento depois da licença concedida, o que dá 250.000 euros.
- Vai nos pagar? A quem, menino?
- A mim e a você, Comendador. Dez por cento para mim e 15% para você.
- Ah! Pode tocar o projeto.
- Não quer ver as plantas?
- Não e quando sair manda o Fernando Antônio entrar.

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Sunday, October 05, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 96


Meu avião é um Cessna 172 Skyhawk

Eu guiava meu avião Cessna 172 Skyhawk pelas ruas da cidade quando, subitamente, ao passar em frente à casa de Seu Hugo, bati no carro do Prefeito, o Comendador Victório, que estava saindo da garagem. Ele nem notou e eu continuei e, logo adiante bati em um táxi azul e o motorista, o secretário da Prefeitura, chamou a polícia de trânsito. O chefe da patrulha foi logo me acusando de guiar o meu Cessna com os pneus carecas. O Comendador Victorio apareceu no local oferecendo um seguro total para o avião, mas eu recusei. O que fiz foi levantar vôo e continuar a viagem interrompida e não mais voltei.

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Saturday, October 04, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 42


RAIMUNDO MAURO OLIVEIRA FILHO, Maurinho (1949-1980), é o representante da quarta geração dos poetas Xavier/Barreto.

SONETO DO AMOR DISTANTE

Na bruma azul da tarde, o mar erguia
Tua lembrança morna, apaixonado
Por este negro corpo malfadado,
Enquanto ao longe eu ouvia uma sinfonia.

Tu caminhavas entre a maresia
(Mal tua sabias que eu te estava olhando!)
Como quem faz alguém quando sonhando,
E o sol lá fora desaparecia.

E veio a noite, teu vulto mulher
Eu vi também, como uma pessoa qualquer
Mas com um pudor que eu nunca vira antes...

E a noite foi-se, teu vulto também
Foi-se com as trevas e se fez no além,
E entre caminhos eu me vi, distante...

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Thursday, October 02, 2008

VISTAS DA GRANJA 64





SÉRIE VISTAS DA GRANJA - ABANDONO E DESTRUIÇÃO 4

“Localizado na Zona Norte do Estado, o município de Granja é o único do Ceará em que mais da metade da população (51,82%) acima de 15 anos é analfabeta e menos de 2% dos habitantes têm acesso a esgotamento sanitário.” Trecho de matéria publicada no jornal "O Povo" (Fortaleza, Ceará) no dia 1 de outubro de 2008.

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Wednesday, October 01, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 68



Estes homens são uns enganadores

A música fazia as pessoas mexerem os quadris em pleno calor de 40 graus na cidade esburacada, mal cheirosa e destruída. Todos acompanhavam o ritmo alucinante transmitido pelos potentes alto falantes dos carros de som do candidato da oposição. Estes chegavam em grupos de três na Praça da Matriz e transmitiam a mesma música com uma pequena defasagem de tempo, parece até que as transmissões eram cronometradas. Outros carros de som levavam a voz do jovem locutor que arengava as promessas do velho oligarca que, imagina-se, queria despedir-se da vida política: “Vote em Evo Oredales ele colocará água limpa em suas torneiras. Ele criará o atendimento médico de 24 horas. Ele criará o serviço de atendimento a pequenas ocorrências médicas, tipo unha encravada, cisco no olho, etc. Ele criará programas de incentivo ao artesanato. Ele inaugurará a estrada ligando a nossa cidade ao município da Serra e que ele mesmo conseguiu há anos. Ele colocará peixes no Açude Zeca Oredales que servirão de fonte de proteínas para os habitantes das redondezas. Ele dará passagens grátis de ônibus para a praia de Jeri para o povo se divertir. Ele acenderá as candeias ora apagadas.” O locutor terminava seu palavrório convocando o povo para uma reunião logo mais na casa do candidato onde seriam distribuídos mimos às senhorinhas presentes.

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