
LÍVIO BARRETO (1870 - 1895)
MAGOADA
Corpo de anjo, coração de hiena! (Paula Nei)
Vais desdenhosa e pálida passando
No vitorioso azul da adolescência,
Como uma flor ao sol se estiolando,
Perdendo as cores e perdendo a essência.
Freme teu riso arregaçando a rosa
Do lábio ungido de ironia e dor!
E és sempre a mesma, cândida orgulhosa, -
Olhar de hiena, coração de flor!
E hás de viver assim eternamente
Altiva e fria, irônica, impassível,
Alma d´anjo mimosa e rescendente
Cedo crestada ao sopro do impossível!
Subiste ao céu no teu amor primeiro
D ´onde caíste inopinadamente!
E viste frio, ó coração ardente!
Morrer teu sonho branco e feiticeiro!
Tem o triste gemer das casuarinas
O teu sereno olhar, deusa sombria -,
E a luz crepuscular da nostalgia,
E a majestade de um palácio em ruínas!
Granja - 1892
MAGOADA
Corpo de anjo, coração de hiena! (Paula Nei)
Vais desdenhosa e pálida passando
No vitorioso azul da adolescência,
Como uma flor ao sol se estiolando,
Perdendo as cores e perdendo a essência.
Freme teu riso arregaçando a rosa
Do lábio ungido de ironia e dor!
E és sempre a mesma, cândida orgulhosa, -
Olhar de hiena, coração de flor!
E hás de viver assim eternamente
Altiva e fria, irônica, impassível,
Alma d´anjo mimosa e rescendente
Cedo crestada ao sopro do impossível!
Subiste ao céu no teu amor primeiro
D ´onde caíste inopinadamente!
E viste frio, ó coração ardente!
Morrer teu sonho branco e feiticeiro!
Tem o triste gemer das casuarinas
O teu sereno olhar, deusa sombria -,
E a luz crepuscular da nostalgia,
E a majestade de um palácio em ruínas!
Granja - 1892
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