Thursday, February 27, 2014

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 10 - PROCISSÃO DE SÃO JOSÉ



À tardinha vai ter procissão de São José. Era sempre uma procissão grande, não acabava nunca. Quando chegaram a Praça começou a chover. Sabiam que a Flora e a Madrinha estavam na casa da Censa, à espera do cortejo. A Mãe bateu à porta, alguém abriu e ela entrou. Constrangido, ficou esperando. Passado algum tempo, impaciente, bateu palmas e uma mulata velha, desgrenhada e desdentada atendeu, era a Madrinha que sorriu para ele dizendo que a Mãe estava lá e logo sairia. Ela saiu e ele apoiou-se na parede, caindo, quase derrubando um pedaço desta. Como num sonho sentou-se no chão e começou a chorar com remorso de nunca ter olhado pela Flora e pela Madrinha. A procissão chega e eles a acompanham novamente até a igreja onde ele vai tentar... Tentar o quê?

Leia mais!

Monday, February 24, 2014

SONHOS E PESADELOS- HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 359


Sonhos mostrando sucessos impossíveis de acontecer ou obter Claudino tinha sempre. Sonhava noite e dia. Durante a noite sua especialidade eram aqueles violentos que envolviam brigas, tiros e pancadarias, como aquele em que ele era xerife e se defendia do bandido a quem perseguia. Tentava escapar rolando por baixo das carroças e terminava caindo da cama. Nisso ele chamava atenção das pessoas da casa. Tudo voltava ao normal até o dia raiar. Quando, à tardinha, saia para seus passeios na cidade e às noites pelos bares Claudino tinha outro tipo de sonho. Estes eram sofisticados. Geralmente sonhava com garotas de antigamente ou de conhecimento recente. Eram episódios de via única nos quais a garota lançava uma centelha de interesse, mas logo depois retirava os avanços. Em sua mente, entretanto, restava alguma esperança. Ele ficava por dias e meses seguidos remoendo diálogos solitários tentando levar os fatos a uma solução. Normalmente esta lhe era sugerida por algo como descobrir que a inspiradora de seu sonho era comprometida ou jovem demais e só desejava ser gentil. Tudo parecia terminar aí, mas logo seus sonhos recomeçavam.



Leia mais!

Thursday, February 20, 2014

A BERAMAR


Era provável  que não fosse ela debruçada na janela da casa perdida na caatinga. Não era provável, mas a jovem parecia com sua amiga de muitos anos. Ela havia desaparecido de sua mente. Isso já fazia tempo e ele nunca a procurou, ao contrário, tinha querido afastar-se dela o mais possível. Mas, agora lá estava aquela figura a lhe olhar com olhos enormes, mais do que normais. Ele pede ao motorista para se aproximar. Quando chega perto ele tem certeza que é a dita cuja, pois ao responder-lhe às boas tardes ela fala:

- Oi Seu Acaço o senhor ainda anda na Beramar?


FZA (28/3/12)

Leia mais!

Monday, February 17, 2014

IDA AO MERCADO - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 358



No taxi para o hotel ele admirou-se da cidade: ruas cobertas com argila vermelha e fina, muitas casas com cobertura de palha. Passou por casarões abandonados logo chegando diante de um enorme portão que se abriu por encanto. Foi recebido por um atendente nativo vestido de vermelho, amarelo e verde. Tinha chegado ao Five Stars Hotel onde aconteceria o Congresso. Registrou-se e saiu para o Great Market. Lá se vendia de tudo – desde feijão novo, queijo de gazela, vestidos de seda francesa, paletós de casimira inglesa, sapatos italianos, jóias de ouro, prata, âmbar e brilhantes, bicicletas e automóveis. No rápido passeio não viu produtos para higiene pessoal, a não ser uns galhinhos secos e muito jornal velho. Tomou de volta um taxi cujo chofer, um negro simpático era fascinado por Nova Iorque e tinha planos de conhecer Cocacapana. Ao chegarem ao English Quarter pararam em um sinal vermelho. Logo saltou à frente um vendedor de bugigangas oferecendo rolos de papel higiênico, macio, por um dólar cada. 

Leia mais!

CURIOSIDADE ORIENTAL


O Poeta veio de longe só para fazer a divulgação de seu livro sobre a China, visitada por ele recentemente. Em entrevista a televisão local a repórter, conhecida como de muito bom nível, fez-lhe algumas perguntas. Ela começou com estas duas:
-“Cuma” é a China? e “Cuma” vivem os chineses?

Leia mais!

Monday, February 10, 2014

A PISTOLA DO BENJAMIM – HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 357


O restaurante estava cheio e foi difícil estacionar. Havia uma vaga apertada entre duas HighLuxes pretas. Desceram e logo fizeram o pedido. Após se deliciarem com a galinha e depois, com a sobremesa, eles pedem a conta, pois era preciso voltar logo. Quando chegam ao carro João vê uma Discovery cinza estacionada atrás de seu Uno. Ele reclama, fala alto, e xinga o responsável. Subitamente aparece o moço: uma lapa de homem, com os bíceps e todos os outros ceps aparecendo e com vontade de brigar. João tenta disfarçar, mas o moço está bravo e o destrata e tenta agredi-lo. João abre o porta-luvas, puxa uma arma e aponta pra ele. O que aconteceu ninguém lembra direito. O certo é que João estava caído com a cara quebrada e empunhando a pistola preta de brinquedo do Benjamim. 

Leia mais!