Friday, July 30, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 118


INÁCIO XAVIER FILHO, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier, nasceu em 1921 e faleceu em 1999. Escreveu poesia e lia grego e latim, com certa facilidade. Sua poesia está publicada na revista “Literatura Brasileira” (Shogun Editora E Arte Ltda.) como participante de concursos ou por sua
própria iniciativa.

SORONGO


Já rondam os atabaques

Que precedem os batuques...

Chocalham os maracás,

Ao tilintar dos ganzás!

Eis quando se ouve o som longo,

Do violão em sorongo...

Que fala mais sem zoada,

Dos pensamentos da vida!

E certa morena esperta,

Que nela andou sempre alerta,

Dança vestida por gozo,

Com traje de deixar zonzo!...


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Thursday, July 29, 2010

GRANJA - BELAS FACHADAS, MAS AMEAÇADAS


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Wednesday, July 28, 2010

GRANJA - ESSA LUTA NINGUÉM GANHA


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Sunday, July 25, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 181


OS COROAS NO BAR

O coroa tomava uma bebida junto ao balcão do bar entre duas belas jovens e parecia conversar com elas. De longe, o outro observava. Estava intrigado e, quando o coroa afastou-se, talvez para ir ao banheiro, ele aproximou-se e perguntou às jovens se ele era conhecido. Uma das meninas disse: - Ele chegou e ficou olhando pra gente, mas nunca o vimos antes. Ele foi embora. Agora, o que é que o senhor deseja?


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KOPI LUWAK - CAFÉ DE FEZES


O Kopi Luwak é um café de luxo fabricado com grãos retirados das fezes do luwak um pequeno animal da Indonésia. É um café “(...)raro e tem algo diferente. Com o processamento que ocorre dentro do animal, e depois que você prepara, ele fica com um aroma intenso, que lembra aroma de café, caracteristicamente de café. É doce e lembra muito um chocolate amargo, um chocolate prazeroso”. O preço dos grãos chega a R$ 1500.

Veja matérias sobre o Kopi Luwak publicadas no G1 em 2007 e 2010



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CONTOS DA RIBEIRA 39


COMILANÇA NO CASARÃO DO CORONEL CELESTINO

Rita e Walter chegam de viagem de lua de mel na Europa e vão logo descansar na Ribeira. Parecia estranho a muitos que, depois de haverem viajado por quase um mês, fazendo dez cidades da Europa Central e do Leste e ido até a Turquia eles precisassem descansar e logo na cidade natal de Rita. (...)


Somente quem faz uma viagem dessas, sem guias e roteiros pré-determinados é que tem idéia de como pode ser cansativo o programa. Ter de escolher igrejas, museus, monumentos históricos, bares, restaurantes e demais atrações sem o auxílio de uma pessoa que resolva tudo pode ser muito mais barato, mas também pode se tornar muito cansativo, apesar de certamente ser mais gratificante. Mas, de qualquer modo, nessas viagens, o bom é encontrar compatriotas nos lugares mais estranhos e inusitados. Isto sempre ocorre e pode ser motivo de animação. Entre as dezenas de histórias e situações que Rita e Walter viveram nessa viagem eles lembram do velhinho brasileiro de seus 70 anos que parecia ter somente 50 ao contar que o caixeiro de uma loja em Istambul lhe tinha oferecido garotas do “tipo carioca” e que lhe serviriam em tudo e muito bem. E aquela guia no ônibus em Budapeste que, falando inglês, se dirigia constantemente a Walter com olhares concupiscentes. Walter, a despeito de ter Rita sempre à sua cola, lembra com saudade dos olhares doces daquela garçonete do bar no Rossio, em Lisboa, americana, mas de natureza portuguesa, a servir-lhe aquele vinho do Porto acompanhando o Fraisier excepcional. E que dizer da cerveja em Praga, dois litros da mais legítima Pilzner, acompanhando um maravilhoso kassler. Eles não esquecem também do goulash com que se deliciaram em Budapest. O casal adorava passar suas experiências de turistas para os tios de Rita, os herdeiros do imenso casarão na Ribeira onde se hospedavam toda vez que achavam tempo para ir à velha cidade. E, agora, depois da viagem à Europa, era a ocasião adequada para isso.

O tio de Rita, o Capitão Zé Joaquim, havia herdado o casarão de seu pai e passado a morar nele com sua mulher, Tia Umbelina. Esta era descendente dos primeiros franceses que chegaram à região e, certamente, por isso, guardava tradições de nobreza. O casal tinha, no entanto, incorporado à sua rotina de vida muito dos costumes do povo e se consideravam ribeirinhos de primeira cepa. Rita e Walter adoravam as conversas na sala principal do casarão deitados nas redes de tucum, logo após o jantar. Nessas conversas o assunto não podia deixar de girar sobre os parentes. Os velhos tios diziam, em sua linguagem peculiar, que se sentiam “abadonados” pelos parentes mais abonados; estes quando os visitavam era para conversar sobre os filhos doutores e já ricos. Eles nunca tocavam nos problemas decorrentes da partilha das posses na Ribeira, como ficariam essas questões. Era muito lamento sobre assuntos difíceis de resolver e o jovem casal acreditava não ter nada a ver.

Os jantares no Casarão eram sempre fartos e regados a um bom vinho, apesar do casal de tios já ser de idade e ter muitos problemas de saúde, tipo pressão alta e diabetes. Mas a dieta deles desde cedo com o café da manhã se fazia notar por ser bem pesada, pois sempre havia tapiocas feitas pela Fransquinha, cuscuz de milho, muito leite e queijo e café farto. Ocasionalmente o café era servido acompanhado de paçoca ou ovos mexidos. Para o almoço Tia Umbelina mandava preparar galinha à cabidela, um cozido de carneiro ou de bode, peixe ou mesmo um belo arroz de camarões e sempre um baião-de-dois. O incrível é que havia sempre diversos pratos para o gosto de cada um e, especialmente, do jovem casal. Os doces, então, nas duas refeições principais, eram um abuso, pois havia doces de goiaba feito em casa mesmo, de caju, comprado na Dona Nilda, de banana em rodinhas, de buriti do Piauí mandado pela sobrinha Carol. Era só escolher, ou melhor, era só misturar um com o outro e adicionar um pouco de leite como o Capitão costumava fazer.

O belo casarão dos tios de Rita fora construído nos tempos da seca dos dois setes na rua principal da Ribeira que nesse tempo era chamada de Rua do Azevedo. O jovem casal procurou saber quem fora esse Azevedo, mas ninguém tinha conhecimento. O povo da Ribeira era assim mesmo, eles haviam deixado sua memória se esgarçar. Todo mundo na pequena cidade dizia que o Coronel Celestino só pôde construir sua bela casa de morada porque havia sobra de materiais das obras que a Comissão de Socorros realizou na cidade. Esse boato originou-se do fato de que ele fora, por algum tempo, responsável por essas ditas obras e seu tio era o fornecedor dos materiais para elas. É de justiça dizer que absolutamente nada referente a desvio desses materiais foi comprovado, mesmo depois de uma rigorosa investigação feita pela Câmara Municipal, cujo Presidente era seu sogro. O Coronel Celestino e sua família foram morar no casarão, mas passaram somente pouco tempo, talvez quatro ou cinco anos quando a família mudou-se para a capital da Província. O Coronel foi assumir um cargo importante – Secretário de Justiça sob o governo do Comendador Augusto Nobre. A casa passou a ser ocupada pelos avós de Rita.

O avô de Rita era um homem, dizem, muito correto e honesto. Era daqueles que garantiam suas dívidas com um fio de cabelo do bigode. Este era espesso como a barba adornos que usavam todos os homens de valor do seu tempo. O velho trabalhava com o Coronel Celestino, eram muito amigos e sócios em vários negócios. Quando este foi embora para a capital o velho comprou a maior parte de suas propriedades e o casarão foi uma dessas. Muitos flagelados da seca trabalharam na construção, mas muitos dos operários eram escravos que pertenciam ao Coronel e seus amigos. Contam-se histórias horripilantes sobre o que sofreram todos, sem exceção, sejam escravos sejam flagelados. Mas, o fato é que os escravos sofriam bem mais, pois era muito comum serem açoitados quando os feitores decidiam que eles tinham feito alguma coisa de errado. Nesses casos os flagelados não eram açoitados, mas ficavam dias sem comida. Não se sabe o que era pior.

Dezenas de histórias desses tempos chegaram até os dias do Capitão e de Dona Umbelina e eles gostavam de repeti-las para as visitas, principalmente para os sobrinhos que sempre passavam dias com eles. Eles gostam muito de contar o sonho que o Constantino, um caboclo já meio idoso, mas que ainda trabalhava como se tivesse vinte anos, teve com seu filho. Diz-se que o caboclo sonhou que o pixote estava dando comida ao seu cavalo preferido e o mantinha amarrado em torno do corpo, com um cabresto de couro cru. Quando um cachorro latiu perto o cavalo assustou-se e saiu aos pinotes e no ato arrastou o garoto. Isso por uns bons duzentos metros. Quando conseguiram parar o animal o menino estava todo quebrado e não resistiu, chegando logo a óbito. Outro caso era aquele que dizia ter uma das muitas empregadas do Casarão, em uma noite de insônia, talvez pensando no ex-namorado, havia visto com uma grande nitidez a irmã de tia Umbelina a pedir-lhe notícias do Capitão Fabrício, seu eterno apaixonado. Ela dizia ter ficado quieta até que a alma, só podia ser uma, desvanecesse. Havia também a história da existência de uma botija mostrada em sonho por um antigo parente do Coronel Celestino e por muita gente mais. Nunca ninguém se atreveu a procurar essa botija, talvez ela nem tivesse sido enterrada no Casarão.

Rita e Walter quando visitavam o tio Zé Joaquim e Umbelina no Casarão dormiam sempre em uma das camarinhas que eram utilizadas pelo Coronel Celestino e sua mulher e, depois que o casal foi embora para a capital, passou a ser utilizada por Dona Censa, avó do Capitão Zé Joaquim. Toda a Ribeira conhecia Dona Censa, pois ela costumava andar pela cidade inteira pedindo esmolas, o que de modo algum tinha necessidade de fazer. Seu neto não era rico, mas tampouco era miserável a tal ponto de negar qualquer coisa à sua “santa avó”, como ele dizia. A velha era muito sarcástica e tirava prosa com todo mundo; sobre os novos doutores que chegavam à cidade depois de se formarem no Recife ou na Bahia ela dizia que “eram doutores de ciências ocultas e letras apagadas”. Sobre a primeira definição ela talvez entendesse alguma coisa, pois se dizia que ela era um tipo de macumbeira, o que ela negava de pés juntos. Mas o fato é que sua camarinha era totalmente inaccessível aos de casa. Somente depois de seu passamento tranqüilo é que foi possível arejar o quarto e coloca-lo a disposição de visitantes da família.

O descanso dos sobrinhos do Capitão Zé Joaquim estava chegando ao fim, pois já fazia quase uma semana de sua chegada e as obrigações na Capital chamavam os dois. Os tios estavam contrariados, pois iriam perder a companhia dos jovens que muito lhes agradava. Para a despedida Tia Umbelina resolveu preparar um jantar que há muito ela achava estar devendo ao casal. Mandou preparar um assado de carneiro com muitas ervas e uma galinha pé seco que havia sido mandada pelo Zé Freire, lá dos Frios. Tinha também um baião-de-dois especial, com muita nata e queijo. Tudo isso acompanhado de vinho comprado na mercearia do Vicente da Terezinha, que tinha de um tudo. Os doces eram os de sempre e mais uma compota de groselha daquelas apanhadas no quintal da Dona Suzete. Seguia-se um cafezinho passado na hora. Após o jantar os dois ainda ficaram conversando um pouco com os tios, mas a comilança lhes deu um sono muito grande e logo depois eles se recolheram à camarinha de Dona Censa.

Parece que era meia-noite quando se ouviram, por todo o Casarão, gritos horríveis, como de lamento. Houve um enorme rebuliço até que o Capitão Zé Joaquim e Tia Umbelina e mais algumas das empregadas identificaram a camarinha onde dormiam Rita e Walter como a origem dos gritos. Todos correm para lá e encontram Walter tendo Rita ao seu lado e branco como alvaiade a se tremer todo, sem controle de si mesmo. Todos querem saber o que havia ou o que estava acontecendo. O rapaz balbuciava, a princípio, palavras ininteligíveis, mas pouco a pouco conseguiu relatar o que acontecera.
Ele dizia que havia visto a alma ou o espírito ou uma visão que, no seu entendimento, era a alma de Dona Censa. Esta parece lhe pedia que intercedesse junto às forças do bem que a livrassem do homem que a perseguia. Walter também disse que a velha senhora ameaçava cortar a cabeça desse homem e que sangue em breve correria ali naquela mesma camarinha. Após ter Rita e Walter se acalmado e todos se preparado para voltar aos seus respectivos quartos Fransquinha, que é muito esperta, descobre que o lençol usado por Walter está manchado de sangue. E mais, sangue da enorme ratazana cujo corpo jaz ao lado e que ele matou quando jogou o lençol no chão com o animal que, certamente, havia caído do telhado sobre ele.


A Grotesque Old Woman, Possibly Princess Margaret of Tyrol, circa 1525-30
by Quentin Metsys



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Friday, July 23, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 119


INÁCIO XAVIER FILHO, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier, nasceu em 1921 e faleceu em 1999. Escreveu poesia e lia grego e latim, com certa facilidade. Sua poesia está publicada na revista “Literatura Brasileira” (Shogun Editora E Arte Ltda.) como participante de concursos ou por sua própria iniciativa.


GIOVENTU*


Como que a graça da nubilidade,

Retratou-se tão bem nesta beldade?

Pois nem sorri nem está melancólica...

E seminua, mas não impudica!

Mestre discreto, talvez sem rival,

Deu-lhe sobre a verde luz sazonal,

O ricto esperto qual de Proserpina,

Além do seios puros de Pomona...

De um carisma que só têm em sazão,

Os frutos prematuros no verão.

E ora ficamos pensando ao vê-la:

Mocidade, em outono, quanto és bela!

Mocidade de outono, és primavera...

Por isso teu semblante é jóia rara:

Qual Vênus, amena primaveril;

Os pombos arrulham ao teu perfil,

Tão quão é vera a tua sã beleza,

Capaz de nos causar tanta surpresa!



* Quadro de Eliseu Visconte (1898)

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Thursday, July 22, 2010

GRANJA - A TORRE DA MATRIZ VISTA DO ALTO DO CEMITÉRIO


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Wednesday, July 21, 2010

GRANJA - O RUMO DO HEXA


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Monday, July 19, 2010

BIG BANG BIG BOOM

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Sunday, July 18, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 180


ELE PRECISA DE MEMORIOL

Ler jornal era com ele; até notícias no caderno de “Ciências” ele lia. Certa vez ficou entusiasmado com a notícia sobre a proteína anti-memória descoberta por um cientista pernambucano. Não teve muitas dúvidas tomou um ônibus e foi até Recife. Logo procurou o Hospital Geral e lá falou com o doutor responsável pela descoberta, pois queria ser tratado com a tal.
- E qual é o seu problema? Perguntou o cientista.
Ele disse:
- Doutor eu quero me esquecer de... Vige eu quero esquecer de que?
O cientista olha pra ele atônito e diz:
- Você não precisa tomar a proteína anti-memória, pois você é mesmo uma enorme fonte dela. Nós vamos é produzi-la com fluidos de seu cérebro.

A imagem é do Dr. Alois Alzheimer


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Saturday, July 17, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 38


FUGINDO DA SECA



O Pai já estava cansado de tanto sofrimento. A seca estava já no segundo ano e tudo que é de mantimento estava se acabando. Não tinha feijão, nem milho nem mesmo farinha. Água escasseava no poço, pois nele vinham se abastecer alguns primos vizinhos. (...)


A Velha e mais os três meninos estavam a cada dia que passava mais magros. Eles se sustentavam com a caça de preás e alguma nambu que aparecia. O Pai cuidava para que os meninos não abandonassem a fazenda, se é que se podia chamar assim o que restava da sua terra que até pouco tempo era só fartura. Ele imaginava que os meninos, principalmente o mais velho, saíssem à procura de comida e se perdessem ou morressem de fome ou sede. Ele já antevia a futura tapera que ia aparecer no lugar que lhes trouxera tantas alegrias só que essa estaria cercada de pequenas cruzes feitas de varas.

Depois de muito pensamento ruim o Pai deitado na rede imunda e já rasgada toma uma decisão: vai mandar o menino mais velho para a Ribeira atrás dos parentes. Ele sabe que os primos de sua mulher estão também passando dificuldades, mas pode ser que o Olímpio arranje alguma coisa pro menino fazer e ganhar, pelo menos o seu sustento e não morrer no meio da mata, como parece seria o destino de todos eles se não fugissem da quentura, secura, poeira e do fogo do sol que este mata mesmo.

Logo, logo ele manda o menino, ainda uma criança, pegar na capoeira lá de baixo o Beleza e o Pintado, os dois bois de canga que ainda lhes restavam, pois eles o levariam até a Ribeira. O carro ele mesmo iria aprontar, isto é, iria limpar e enfeitar, que é o que ele poderia fazer, pois se estivesse quebrado ninguém poderia consertá-lo lá naquelas lonjuras, mesmo se tivessem dinheiro para pagar.

Ele pegou as bandeirolas coloridas guardadas no baú grande que ficava no alpendre, espanou as teias de aranha e foi até o quintal onde eles deixavam o carro de bois. Lá ele enfeitou o carro como sempre fazia ajudado pelos meninos de tal modo que ficou uma beleza, lembrando os tempos em que todo mundo dizia que o carro de bois do velho Santos parecia um carrossel de feira, todo enfeitado e iluminado.

Quando o menino chegou com os bois o sol ainda estava baixo, mas já queimava muito. Eles logo atrelam a parelha e o menino está pronto para a viagem. Ele leva um pouco de água e alguma comida, que se resumia em um resto de rapadura e um pouco de farinha. A Velha tem esperança e reza muito para que o menino chegue com saúde na casa do primo Olímpio.

Até aí, como sempre fazia, o menino não dizia nada, só obedecia às ordens do Pai, mas quando ele sentiu que nem o chapéu de palhas de abas largas iria impedir a quentura do sol ele pediu para que a viagem fosse feita somente pela madrugada próxima. Ele sabia que não aguentaria o sol quente e a poeira do caminho até chegar na beira do Rio, bem perto da Ribeira. Quando o menino fez o pedido o velho olhou pra ele e, no íntimo concordando com o garoto de doze anos, percebeu que ele era diferente dos outros meninos, ele parece que pensava mesmo.

Na madrugada o menino subiu no carro e com firmeza, usando o chicote de couro cru, pôs os bois em movimento. O tempo de despedida dos pais e dos irmãos foi mínimo, eles achavam não ter uso para sentimentalismos, o que valia era tentar a sobrevivência e para isso era bom que o menino se pusesse logo a caminho. Como o carro já estava velho e muito usado a marcha era muito vagarosa; os bois estavam magros e velhos e o resultado é que a distância até a Ribeira, de cerca de 20 km, foi coberta pelo menino em mais de um dia. Ele teve desse modo de parar no meio do caminho, na Revença, onde seu pai tinha conhecidos e lhe podiam dar guarida por uma noite, só uma noite, pois eles também estavam muito necessitados.

Quando já não tinha mais água o menino entra nas primeiras ruas da Ribeira. Pergunta a um e outro onde é a casa de Olímpio o primo que, certamente, vai-lhe dar guarida. Finalmente ele para o carro de boi em frente ao casebre onde mora o primo, lá pelos lados da Lagoa. Após dizer quem era, e talvez nem fosse preciso, pois todos reconheciam o carro de bois do velho Santos, o primo o acolhe dando-lhe água e comida. O menino desatrela os bois deixando-os em frente ao casebre e consegue água e um pouco de capim apanhado na vizinhança.

O menino, sem contar muita tragédia, segundo recomendações de seus pais, conta como anda a vida lá nos matos. Num tem mais nada. Ta morto. Nóis todo ta muito precisado. Os vizim, mesmo os rico lá da Barra passa fome. Eu vim pra cá pra vê se faço algum trabaio e mando o de comê pra eles. Ao ouvirem calados aquelas palavras o primo Olímpio e sua mulher resolvem levar a criança ao armazém do Coronel Totonho e pedir ajuda.

O único Coronel da Guarda Nacional da Ribeira, o Coronel Totonho, era também o comerciante mais bem-sucedido de toda a região. Era muito rico e, dizia-se, muito bondoso. Olímpio esperava que ele, agora, quando havia chegado a hora, fizesse a caridade de dar um emprego para o filho do velho Santos. O Coronel ouviu da própria boca do menino, como ele havia contado para Olímpio e sua mulher, a história de necessidades por que passava sua família. Ele disse para os dois:

- O menino fica aqui. Ele vai varrer o armazém grande, a casa grande e a bodega do Capitão Joaquim no Mercado. Vai também estudar de noite na escola da Dona Rita que é para aprender a falar direito e escrever e também ler. Ele até pode chegar a ser um Capitão ou mesmo um Coronel, quem sabe?


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Friday, July 16, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 118


INÁCIO XAVIER FILHO, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier, nasceu em 1921 e faleceu em 1999. Escreveu poesia e lia grego e latim, com certa facilidade. Sua poesia está publicada na revista “Literatura Brasileira” (Shogun Editora E Arte Ltda.) como participante de concursos ou por sua própria iniciativa.


MÚSICA SONHADA


A música é assim.. volátil,

Quando em sonho alguém a ouviu...

E fala à alma para sempre.

Mas, o sonho finda-se, apre!...

Deixa a mente estarrecida...

Que já era concebida

E de há muito entressonhada,

Sem ser música daqui!

Onde jamais eu a ouvi...

E sim, música divina...

E por que não? Mais que eterna...

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Thursday, July 15, 2010

GRANJA - NASCER DO SOL VISTO DA PRAÇA DA MATRIZ


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Wednesday, July 14, 2010

GRANJA - AS GALINHAS ESTÃO PRESENTES


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Sunday, July 11, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 179


O REIZINHO DA BEIRA-MAR


O moleque, pois era mesmo um moleque, dirigia sua Hilux preta na Avenida Beira-Mar. Ele guiava muito devagar, talvez quereno se amostrá, como sempre seu pai fizera. Quando ele notou que se formava uma fila de carros atrás do seu, todos esperando que ele decidisse avançar com um pouco mais dos 10 km/h que estava dando a seu carrão, o moleque animou-se. Estava aí a razão de seu viver: provocar a galera. Ouviu-se logo um tremendo buzinaço e ele nem se importava. Somente depois de percorrer um bom trecho e encontrar um lugar – permitido somente a cadeirantes – ele estacionou permitindo vazão ao grande número de carros. Estacionou e, ao descer, saiu girando a chave e olhando de um lado para o outro apreciava seu feito.


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Saturday, July 10, 2010

A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS - 10


CONVERSAS NA HORA DA VIRAÇÃO

Logo que o eslavo Trofim Vasec chegou à Ribeira foi se acostumando com os bons e os maus usos da cidade. Ele gostava muito de tomar banho no Rio, nos poços mais profundos, como o Pucu e mesmo na Barragem. Ele só tomava banho sem roupa, nu mesmo e sempre acompanhado de um caboclinho que ele tinha em sua casa. Gostava também de jogar bilhar com os novos amigos no Bar do Seu Nicácio, mas nunca ganhava uma partida. Mas o melhor de todos os “programas” que Trofim fazia era sentar-se na calçada da casa do Coronel Totonho, tomando a fresca da tardinha, a hora da viração, e conversar miolo de pote com seu sogro enquanto observava o povo que voltava da Praça do Mercado no rumo de casa.

(...)


Nessas tardes eles conversavam sobre assuntos que só alguns da cidade tinham conhecimento. Um desses mexericos, isso mesmo mexericos, era a situação do Padre Lisboa. O jovem sacerdote, recentemente chegado de Caiçara, causava muito interesse do público feminino. Talvez por ser um homem bonito e de conversa muito agradável. O caso é que ele era querido por todos: mulheres e homens e crianças. Mas, na cidade pequena logo a maledicência ganhou foros de verdade e ao Padre Lisboa foram atribuídas namoradas, algumas bonitas outras, nem tanto. Havia muitas fofocas envolvendo diversas senhoras e senhoritas e o padre. Mas o último boato foi o que dizia ter Padre Lisboa sido encontrado atrás do altar mor da Igreja Matriz agarrado com Dona Isolda. Esta era uma moça prendada e muito bonita e que se dedicava a obras de caridade ligadas à Igreja. Na conversa dessa tarde comentava-se que o Dr. Tal havia flagrado os dois há uns dois dias. O Coronel Totonho logo foi de opinião que o Dr. Tal seria incapaz de, ao descobrir o casal em colóquio amoroso, bater com a língua nos dentes. Trofim, ao contrário, acreditava piamente que o advogado faria exatamente isso, bater com a língua nos dentes.

Outra história que Trofim e o Coronel Totonho ouviram e comentavam era aquela da aparição de uma alma pelas ruas da cidade. Diziam alguns terem visto, assim pelas duas horas da manhã de uma noite escura, um vulto atravessar a rua na altura do Curro e se esconder por trás de uma enorme pedra que há por lá. Todos tinham uma idéia de quem seria essa alma penada. Agora dizer quem era, assim na bucha, ninguém tinha coragem. Trofim e o Coronel chegaram, depois de algum debate, a uma conclusão: era melhor ninguém tocar nesses assuntos de alma penada.

Os dois gostavam de conversar sobre as notícias que o menino Juca enviava do Rio de Janeiro onde estava estudando para ser doutor advogado. Ele contava muito sobre a beleza da cidade e da vida difícil que levava. Vida de estudante é uma dureza, mas pode ser agradável no Rio. Comentava sempre o comportamento do conterrâneo Talzinho, o filho do Dr. Tal que tinha ido estudar Medicina na mesma época que ele fora para o Rio. Parece que Talzinho gastava todo o dinheiro que recebia em uma vida de esbórnia e de devassidão. Quando essas cartas chegavam e os dois as liam ficavam horrorizados e passavam a vaticinar o futuro mais sombrio para o filho do Dr. Amâncio de Tal. Quando este chegava para um dedo de prosa os dois tratavam de esconder as cartas e desconversar. O advogado era ladino e passou a desconfiar de alguma coisa. Entretanto nada demonstrava, mesmo porque, Talzinho tinha toda liberdade e seu pai esperava mesmo que ele fosse um retrato do que ele próprio era.


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Friday, July 09, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 118


INÁCIO XAVIER FILHO, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier, nasceu em 1921 e faleceu em 1999. Escreveu poesia e lia grego e latim, com certa facilidade. Sua poesia está publicada na revista “Literatura Brasileira” (Shogun Editora E Arte Ltda.) como participante de concursos ou por sua própria iniciativa.


CANTIGA


Canta o galo,

Foge a moça,

Enquanto dorme o seu pai.


Poeira no olho,

Fecha o olho,

Cega o olho.


Fruta pelo caminho,

Água na boca,

E no olho...


De viagem, só e a pé,

Desse prato eu já provei,

Não gostei da sobremesa!


texto chamada

http://meninainquieta.blogspot.com/2007/09/de-manh.html


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Thursday, July 08, 2010

GRANJA - PEQUENO CONJUNTO HABITACIONAL


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I SIMPÓSIO DE GRANJA


O Instituto José Xavier – IJX, a Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA e o Ponto de Cultura de Granja convidam a comunidade granjense para participar do I SIMPÓSIO DE GRANJA: AS FACES E AS FORMAS DE SER GRANJENSE que acontecerá nos dias 15,16 e 17 de julho de 2010. O que marcará o simpósio em Granja é uma amplitude de informações, conhecimentos e experiências a disposição dos participantes para que eles possam reelaborar conceitos, opiniões e visões de enxergar sua cidade, ou de caminhar em suas ruas. Para participar basta fazer a inscrição nos seguintes locais: Instituto José Xavier e Ponto de Cultura – Granja para os granjenses e pagar a taxa de R$ 10,00 reais. As inscrições serão encerradas no dia 15 de julho. No final, do Simpósio os participantes receberão um certificado.


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