Sunday, February 28, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 161


ELE APAGOU DIANTE DA BANCA

Quando chegou a hora do concurso Robério teve a certeza de que iria fraquejar. Ele havia se preparado por meses para as provas, mas sentia que iria se dar mal. Aquele era o concurso de sua vida, pois lhe daria estabilidade e um futuro sossegado. A banca examinadora era composta por renomados professores, todos muito severos. O amigo aconselhou-o a tomar algo que o fizesse relaxar para assim ter tranqüilidade de encarar a sabatina:

-Toma 5 mg de Lexotan que você vai se acalmar. Ele não entendeu corretamente o conselho do amigo. Tomou 5 comprimidos de 6 mg e “apagou”.



Texto completo. A gravura é Phantom No. 18
by Elisa Lazo De Valdez

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Saturday, February 27, 2010

CHOPIN – DUZENTOS ANOS DE SEU NASCIMENTO


Frédéric François Chopin,o grande compositor polonês, nasceu em 1 de março de 1810 em Żelazowa Wola na Polônia. O grande compositor romântico deixou um grande número de peças para piano, principalmente, que nos deleitam sempre. Para você saber bem mais sobre Chopin veja nos sites da Wikipedia, UOLEducação e outros. Para ouvir uma pequena peça clique onde indicado.



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Friday, February 26, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 104


O poema de LÍVIO BARRETO, abaixo transcrito, está publicado em “Dolentes”, seu único livro.

OLHA-ME

Nessa meiguice imaculada

De teu olhar, pomba adorada,

Há a luz virgínea da alvorada
E o arminho tenro do luar;


Cálix de flor, frouxel de ninho,

A maciez casta do linho,

Toda a ambrósia do carinho

Destila a luz do teu olhar!


Minha ideal aspiração!
Meu sonho azul, minha ilusão,
Onde eu descanso o coração
Como hóstia num altar;


Casta, gentil, piedosa e mansa

Tua alma de anjo ri d´esp´rança,

Ó virginal, meiga criança,
Olha-me e deixa-me sonhar!

- 94 -


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Wednesday, February 24, 2010

GRANJA, FAZER O QUÊ?


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HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 40

FESTA DO PARAZINHO

Vanessa chegou com o menino, era uma manhã de sábado e estava chovendo muito. Os dois entraram no apartamento inteiramente molhados. Apanharam toalhas para se enxugar, pois temiam esta tal de “virose” que estava pegando todo mundo. Só depois é que foram ter com Jorge que estava em sua cadeira, agora na sala.

- Oi Jorge! Saudou a moça.

- Oi Vô! Falou Jorginho.

- Ops! Vocês estão bem?

-Tudo em ordem. Você quer alguma coisa ou espera pelo almoço? Perguntou Vanessa.

-Vou continuar aqui na cadeira. Vocês interromperam uma cadeia de pensamentos que eu estava tendo e eu quero retomá-los. Está certo?

- OK! Disse Vanessa. Quando sua comidinha estiver pronta voltamos a lhe acordar...

Jorge fechou os olhos e mergulhou em seus pensamentos na esperança de retomar a tal cadeia de que falara. (...)



Eles iam para o Parazinho, para as festas de Nossa Senhora do Livramento. A devoção à Santa deve-se, segunda a lenda, a marinheiros que naufragaram perto da costa e, ao salvaram-se, decidiram construir uma capela na vila mais próximo do local. Houve doações de terras à Santa de tal sorte que ela tornou-se uma rica proprietária de carnaubais.

Era junho e não chovia mais. A família ia sempre, bem antes da festa que começava no dia 22. O caminhão do pai de Jorge estacionava em frente à casa e começava a operação mudança. Levavam tudo uma vez que na casa do Parazinho faltavam muitas coisas, como pratos, talheres, redes, roupas de cama e mesa e banho e, principalmente os mantimentos. O Mestre era o chofer e levava a carga de meninos e gente grande juntamente com toda a tralha necessária. A viagem não era longa, pois a vila dista somente uns vinte quilômetros.

Após a instalação toda a criançada estava livre para brincar com os vizinhos que não eram vizinhos na Cidade. Saiam à caça de calangos e camaleões com varas compridas com um laço na extremidade. Pegavam os bichinhos e não sabiam o que fazer às vezes os soltavam, mas muitas outras matavam os pequenos animais, sem remorso. Iam ao açude tomar banho e só voltavam tarde apesar da mãe recomendar que voltassem antes do almoço. O açude tornava-se perigoso na medida em que não sabiam nadar. Jorge e seus irmãos, além do cuidado ao nadar, tinham de estar alertas para a hora do almoço, senão passariam por baixo da mesa. Todas as crianças esperavam ansiosamente pela instalação dos barquinhos, do carrossel e das barracas. Estas, em todos os anos, eram montadas na rua principal da vila onde também ficava a casa de Jorge Filho e que tinha sido de Jorge Raposo. A meninada esperava também pelas fogueiras e pela oportunidade de soltar fogos nas noites de São João e São Pedro e no dia da festa, o último dia, o dia da derradeira, 2 de julho. As fogueiras eram feitas com madeira apanhada nas matas ralas, próximas às casas e montadas em frente, nas ruas de areia. Logo depois da novena, assim pelas sete horas as fogueiras eram acesas e todos ficavam brincando em torno. Havia apadrinhamentos sempre acompanhados de cantorias:

“Santo Antonio disse, São João confirmou que você vai ser meu afilhado, que Jesus Cristo mandou. Viva Senhor Santo Antonio, Viva Senhor São João, viva nós meu afilhado!”.

Afilhado e padrinho davam-se as mãos selando para toda a vida o apadrinhamento. Comiam-se broas e bolo manuê e tomava-se café. As crianças ficavam acordadas até tarde, pois eram dias de folga absoluta.

A mais antiga memória de Jorge sobre a festa do Parazinho, certamente não era sua memória, mas fato ocorrido com ele e que sua mãe e irmãos mais velhos contavam.

Um de seus primos adultos, o Chico, gostava de colocá-lo sobre a cabeça e sair passeando pela rua. Nessa ocasião estavam no Parazinho e o primo o pegou e o pôs sobre a cabeça. Ao fim de poucos minutos Jorge fez cocô sobre a cabeça do Chico. Ele imaginava, depois de muitos anos, a presepada que fizera com o primo. Sobre a reação deste não há registros...

Jorge sempre lamentava nunca mais ter voltado ao Parazinho durante as festas de Nossa Senhora do Livramento. O que se há de fazer?

Ouviu um chamado:

- Jorge vem comer alguma coisa, já está passando da hora, são quase doze e meia!

- É, você atrasou meia hora.


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Tuesday, February 23, 2010

HISTÓRIAS DA BIOQUÍMICA NO CEARÁ (2ª Edição)


Será lançada no dia 6 de março próximo, quando se comemora o 6º aniversário de criação do Instituto José Xavier (Granja, Ceará), a segunda edição do livro Histórias da Bioquímica no Ceará de autoria de José Xavier Filho.


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HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 118


“EXPLICACIONISMO”, UMA NOVA CORRENTE DE PENSAMENTO


“Seu” Continho era um fervoroso adepto do “coitadismo”, do “pobrismo”, e do “contratudismo”, mas ultimamente ele estava se dedicando mesmo era ao “explicacionismo”. Essa corrente do pensamento estava bem representada nos altos círculos administrativos locais. “Seu” Continho vibra de contentamento e patriotismo quando encontra nos jornais autoridades que iniciam seus pronunciamentos explicativos empregando alguma (ou algumas) das seguintes expressões:


• O projeto será reformulado...
• Está sendo construído um novo...
• Estaremos apresentando um projeto para...
• O problema é a burocracia e os licenciamentos...
• O problema da demora é a falta de verbas...
• O povo tem que ter paciência...
• Podemos dizer que houve um atraso de seis meses na análise do projeto. O que o gestor pode fazer?
• Não tinha obra antes; não se fazia mais obras...
• Tem o problema da chuva...
• Este ano foi atípico, não temos hábito de trabalhar assim, não temos essa tecnologia, não nos preparamos para isso.

Um exemplo recente que lhe tocou o coração de vítima do “salvacionismo universitário” foi esta nota que apareceu nos jornais:

“A Telefor cedeu dez aparelhos telefônicos para a Secretaria para ajudar nas inundações na cidade, sem cobrar pelo uso dos aparelhos e dos ships”.


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Sunday, February 21, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 160


BESOUROS NO PLANALTO

Era algo que se ouvia falar quase todos os dias, mas ninguém sabia de onde vinham as histórias. Diziam estas que um tal de Publius Aurelius, funcionário de um dos ministérios que tratavam de assuntos agrícolas ou de comércio, no atual governo, tinha iniciado uma criação de besouro da farinha. Não se sabe para que finalidade, talvez fosse para vender ao Ministério da Pesca, dado que suas larvas são usadas como isca. O certo é que o crescimento desse inseto foi tão exagerado que eles se multiplicavam e caiam pelo chão das salas perturbando a movimentação das pessoas. Toda a Esplanada dos Ministérios estava tomada. Após alguns dias de desespero o Governo atende à oferta de um cientista de uma universidade ansioso para demonstrar às autoridades a operosidade dessas instituições. O Professor Elcias pretende acabar com a tal praga utilizando a nova técnica que estava promovendo – utilizar formigas cortadeiras. Aceita pelo Planalto a proposta, espera-se para breve notícia dos resultados.

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Saturday, February 20, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 27


A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS

A chegada – versão 2

A vida de Trofim Vasec era mesmo aventurosa e por isso contam-se diversas versões de sua chegada à Ribeira. Uma dessas já foi contada neste blog (Historietas de segunda-feira 150). Aqui contamos uma outra. Há mais.

Ele veio de longe, do Império Russo, fugindo das masmorras azuis, brancas e vermelhas do Czar e tendo a premonição de que teria de enfrentar, se ficasse no país, outras menos coloridas, mas mais sofisticadas do novo império. (...)


A princípio ele perambulou pelo Cazaquistão, Uzbequistão e Afeganistão, mas perseguido e cansado de guerras e lutas resolveu deixar de vez as terras históricas e aventurar-se nas novas terras da América. Embarcou em um cargueiro em Atenas que, depois de muitas semanas chegou ao Brasil vindo dar nas costas do Ceará no tempo do Comendador.

Ele vagou pela cidade fazendo bicos até cair nas graças de um bodegueiro que lhe apresentou a um sargento da Força que trabalhava em Palácio. Com algum jogo de cintura este conseguiu para o eslavo, que se chamava Trofim Vasec, recomendações para dois coronéis, um de Sobral e outro da Ribeira.

O Coronel Francisco Pimenta de Sobral certamente lhe daria emprego, pois que era da Guarda Nacional e gostava muito de artistas de circo e certamente empregaria o nosso Trofim em algum teatro da cidade, com a certeza de que ele era um artista. Já o Coronel Antônio ele soube que gostava de poesia e talvez ao lhe mostrar alguma habilidade poética ele logo teria um emprego na Câmara.

Trofim havia feito amizade com uma prostituta na capital que, ao saber que ele iria abandoná-la para procurar melhorar de vida, deu-lhe uma cachorrinha que passou a acompanhá-lo por todo canto. O eslavo vendeu uns ouros velhos que tinha e comprou uma burra alazã e botou suas poucas tralhas em cima e caiu na estrada no rumo de Sobral.

Gastou alguns dias até chegar à Princesa do Norte conhecida por esse nome desde muito tempo. Logo procurou a morada do Coronel Francisco Pimenta na Rua do Sol. O sobrado era enorme e só quem tivesse recomendação podia ser recebido pelo Coronel. Antes mesmo de chegar ao sobrado ele foi parado na rua por um espoleta do Intendente que, sem muita conversa, o levou a presença da autoridade. Este era sobrinho do Coronel e se encarregava de despachar os inoportunos que procuravam o tio. Após ouvir a história contada por Trofim ele decidiu que nem ele, nem o Coronel e muito menos o Bispo aceitariam que o estrangeiro ficasse na cidade. Por ser súdito do Czar e, certamente, professando a religião ortodoxa ele não seria aceito de modo algum na sociedade sobralense. Ele foi declarado persona non grata na cidade e despachado imediatamente para o destino que quisesse. Ainda bem que ele não experimentou da Cadeia de Luzia.

Trofim Vasec montou em sua burrinha alazã e tomou o rumo da Ribeira puxando sua cachorrinha.


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POEMAS BARRETO/XAVIER 103


SIMPLES DESEJO

Quando eu, morto, um dia, quando
Tu fores ao meu jazigo,
Tu que amei, passa cantando
Sobre quem sonhou contigo.

Pise a terra do sepulcro
Onde eu repouse, teu pé;
E ria teu lábio pulcro
Como quem sente e não vê.

Não magoa as mãos de neve
Plantando lírios e rosas:
Passam as flores em breve
Como as inscrições das lousas.

Canta e ri. Bênçãos, piedades
Tenham teu riso e teu canto:
Riso – piedade do Pranto,
Canto – choro das saudades!

- 94-



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GRANJA, FAZER O QUÊ?



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Wednesday, February 17, 2010

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 39


VAMOS SOLTAR UMA BOMBINHA?

Jorge gostava de ler sobre o conturbado período entre as duas guerras mundiais: a ascensão do nazismo e do fascismo, perseguição às chamadas raças inferiores, batalhas da Segunda Guerra Mundial. Interessava-se também sobre a Revolução Russa, sobre o socialismo, comunismo e, mais tarde sobre a Revolução Cubana. Ele gostava de se informar sobre os movimentos revolucionários na América Latina no século XX. Enfim, ele aparentava ter um espírito belicoso, o que não era mesmo verdade. (...)


Nesta tarde estava lendo um pequeno livro onde era narrada a ascensão do nazismo do ponto de vista da população de uma pequena cidade do norte da Alemanha. Ele estava impressionado com as transformações ocorridas com as pessoas amigas que se tornavam inimigas pelo simples fato de um ser o que se tomava por ariano e o outro por ser judeu.


Ao deixar de lado o livro ele começou a pensar e dialogar consigo mesmo a respeito do que acontecera no país nos primeiros anos após o golpe de 64. Jorge recorda como ele era tido como sendo de direita quando na realidade suas simpatias, se as tinha, não eram exatamente classificáveis como de direita. Certamente também não era de esquerda.
Nessa época ele já não achava que se podia classificar as pessoas como sendo de esquerda ou de direita. Não se poderia ter alternativas? Mesmo chamando alguém de centrista, isso para ele não era adequado. Ele poderia se chamar, por enquanto, de apolítico.


Na Universidade, na época da greve do “terço”, ele estava muito ocupado tratando de dar início à sua escalada em Bioquímica e, em seguida viajar para os Estados Unidos para fazer pós-graduação. Lembra-se dos dias em que o campus foi tomado pelos estudantes e os professores ficaram quase que reféns dos discípulos, embora armados até os dentes, pois achavam que deviam guardar com toda a força sua Universidade. Ainda durante a greve ele viajou tendo voltado antes da “gloriosa”. Seu pai, Jorge Filho comentou com tristeza para ele, no dia 1 de abril:


- Meu filho isso vai durar uns vinte anos!


Ele não queria acreditar e continua a achar que seu pai também tinha esperanças de uma reviravolta na situação e a paz voltaria antes de longas duas décadas. Nada. O tempo demorou a passar e ele viu o País se dividir.

Durante o curso na Universidade ele tinha convivido com muitos colegas que se diziam de esquerda e outros muitos que eram de direita. Todos eles eram uns sonhadores, pois não entendiam nada do que estava se passando. Será que ele entendia?


Ao voltar após quase um ano nos Estados Unidos assumiu a posição de Professor Assistente. Naqueles tempos, nem bons nem ruins, não se faziam concursos. Os jovens professores eram nomeados por interferência de patronos de prestígio junto à administração.


Jorge lembra-se muito bem da abordagem que o Zé Antônio fez a ele, nos idos de 68, na sede do Departamento, ainda no Benfica, onde ele trabalhava. O Zé telefonou antes marcando um encontro no prédio do Departamento, vizinho à Reitoria. Jorge marcou a conversa para o fim da tarde, pois era o único horário de que ele dispunha devido às múltiplas tarefas em que se envolvia: leitura de separatas que haviam chegado experiências no laboratório, leitura de manuscritos de tese, um pouco de burocracia, e muito mais. Ele sempre se ocupava, mal sobrava tempo para o cafezinho e as fofocas normais no grupo. O Zé Augusto chegou pontualmente às cinco horas. O Zé era um dos muitos colegas de faculdade que tinham conseguido passar nos exames para técnicos da Petrobrás. Ganhava uma nota e era filiado ao Partido Comunista, aliás, toda sua família era comunista de carteirinha.

Após as costumeiras palavras e comentários iniciais o Zé entrou de chapa como se dizia naqueles tempos:

- Jorge, eu sei que você não está de acordo com o que está se passando no País por isso eu tenho um pedido a fazer...


- O que é Zé Antônio?

- É o seguinte. Nós vamos fazer uma operação e precisamos jogar umas bombas em um prédio que vamos invadir. Precisamos de sua ajuda. Você mexe com produtos químicos explosivos e nos poderia ajudar.


Jorge lembrou-se do frasco de um quilo de ácido pícrico exposto em uma prateleira, sem maiores cuidados. O Departamento tinha em estoque outras substâncias químicas que, facilmente poderiam ser utilizadas para se fazerem bombas caseiras. Por curiosidade perguntou qual prédio eles estavam planejando invadir. O Zé respondeu:


- Isso é segredo, mas como você vai nos ajudar eu te digo: é a Agência Central do Banco do Brasil. Jorge riu bastante e deu a resposta a seu colega:

- Zé, eu não vou entrar nessa. Não tenho espírito revolucionário nem a mínima vontade de participar desse plano de vocês.


Zé Antônio ainda quis avançar conversa, mas Jorge o interrompeu delicadamente:


- Não Zé. Não dá!


O colega foi embora e ele retomou suas atividades, pois saia do Departamento depois de seis e meia, quando sua mulher vinha apanhá-lo no fusca velho.


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GRANJA, FAZER O QUÊ?



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Sunday, February 14, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 159


CARNAVAL NA VÁRZEA

Eles eram em três e planejaram pular o Carnaval no Clube. Para isso eles não compraram fantasias, pois achavam que só camisetas seriam adequadas, o calor seria, com toda certeza, infernal. Compraram bisnagas de lança perfume para jogar nas garotas. O que eles não sabiam é que Dona Zélia, a sogra do Presidente do Clube, havia passado a ordem proibindo o uso de camisas de mangas curtas. Quem as estivesse usando seriam expulsos incontinente. Dito e feito quando o Batoba entoava a marchinha do ano “Viva o Zé Pereira” e os três pulavam feito doidos atrás das meninas chega o Seu Paulo e dá a ordem fatídica:

- Fora! Vocês estão fora!

Não houve pedido de pai nem de tio que resolvesse. Eles tiveram de sair no melhor da festa. A vingança deles foi, ao passar pelo hall de entrada cheio de mocinhas e rapazes esperando uma vaga para
entrar eles jogaram ao chão com força as ampolas de “Columbina” que ao estourarem pareciam tiros de pistola.



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Friday, February 12, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 102


LÍVIO BARRETO, o Lucas Bizarro da Padaria Espiritual, escreveu este poema em 1895; está publicado em “Dolentes” seu único livro.

MAL ÍNTIMO

Esta amarga funda, esta inclemência
Atra e brutal que me persegue, e mata,
Como um veneno, as flores cor de prata
Da minha entristecida adolescência;

Este ambiente de corrupta essência
Onde o Tédio os seus flóculos desata;
Este vento de dor que me arrebata,
Os sonhos de fulgor e transparência:

Toda esta amarga e triste decepção,
Esta da vida cética ironia,
Esta contínua e trágica aflição,

Este simoun do mal veio-me um dia,
Por não possuir teu peito um coração
Quando no meu um coração batia!

1895


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Thursday, February 11, 2010

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 38


MESTRE DE BARCA


Antes de sofrer o acidente de carro que o deixou com dificuldades de andar e, um pouco também de dirigir, Jorge ia com muita freqüência ao cinema. Ia sozinho, a maior parte das vezes. Gostava de ir aos cinemas multiplex, novos, com o som muito bom; eles geralmente tocavam música clássica para acalmar os espectadores que esperavam pelo início da sessão.(...)


Ele gostava de quase todos os gêneros de filmes, mas sua preferência eram os caubóis, policiais e comédias. Ou seja, quase tudo, pelo menos para ele. Nessa sexta ele escolheu um filme que estava fazendo sucesso há algumas semanas. Era um filme de Woody Allen, “Match point”. Ele gostou, como todo o mundo que o assistiu. Um jovem tenista fazia de tudo para ser rico desde que o tênis profissional não lhe tinha proporcionado as oportunidades que ele esperava.

Ao sair do cinema Jorge foi jantar tendo escolhido uma pizzaria no próprio shopping. Pediu um pedaço pequeno de pizza calabresa e uma cerveja longneck. Ao terminar foi para seu apartamento, onde ficou vendo televisão, um programa sobre música clássica. Começou a sonhar acordado e não lembra nem do que estava vendo e ouvindo.

Pensava em seu tempo de criança na Cidade e em alguns amigos que fizera. Jorge lembrava-se que, nessa época, ele tinha amigos adultos, muito mais velhos que ele. Isso não lhe causava estranheza, mas sim aos outros. Tinha também amigos da mesma idade, principalmente os primos e crianças filhos de empregadas de casa. Um de seus amigos preferidos foi o João Viana que tinha talvez, na época, o dobro de sua idade. O João era o guarda-livros de uma porção de firmas na cidade, mas nesse tempo era quase sócio de um dos tios de Jorge, na loja de fazendas e miudezas, ou assim ele pensava. Aparentemente esse seu tio foi instado a ajudar o rapaz, pois ele não tinha emprego e precisava casar-se.

O João tinha algumas manias e, uma delas era a de colecionar selos. Os dois se entendiam bem, pois Jorge também colecionava selos. Muitas vezes havia pedido ao amigo mais jovem para comprar selos no Alcides Santos. Foi ele que o introduziu à comunidade internacional de filatelistas. Eram ambos sócios da União Internacional de Filatelistas, sediada na Espanha. Pagava-se uma anuidade com direito a uma revista semestral e a um carimbo lindo!

João tinha também o hábito de pescar. Todos os domingos pela manhã ele saia para o rio e pegava uma canoa com um ou dois remadores e ia até a Volta da Areia onde, no meio do rio, começava sua dita pescaria. Esta consistia em jogar bananas de dinamite e, após a explosão, apanhar os peixes que subiam à superfície, mortos pelo choque. Jorge o acompanhou algumas vezes nessas missões horripilantes. Ele, a princípio, não se dava conta do crime que estava sendo cometido. Após alguns domingos passados com o João nessas incursões criminosas ele declinou dos convites recebidos do amigo.

Este amigo tinha também interesse no único cinema da cidade que era de propriedade de seu concunhado que o havia comprado de outro amigo de Jorge e também bem mais velho, o Chico. Quando de férias na Cidade Jorge se convidava ao João para vender entradas para as sessões do Cine Lyra. Ele fazia isso com prazer, a troco de nada. Talvez somente para ter contacto com os espectadores. Certa vez o Delegado de Polícia aproximou-se e pediu uma entrada. João respondeu-lhe:

- Espera aí mestre que eu lhe atendo já! O sargento retrucou:

- Mestre é de barca menino! Me dá logo essa entrada, pois o filme já vai começar!

Jorge baixou o olhar e passou-lhe a entrada. Sempre teve medo de gente fardada.


Quando deu por si a televisão estava chiando. O programa havia terminado e a estação estava fora do ar.


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Wednesday, February 10, 2010

GRANJA, FAZER O QUÊ?



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Tuesday, February 09, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 117


ÔNIBUS “DOUBLE-DECK”


Ele estava sentado na parte superior de um desses ônibus “double-deck”, imensos e que aparentam sempre estar desequilibrados. Ia de São Paulo para Belo Horizonte, de madrugada. Olhando o tempo todo para a estrada à frente, como que “tomando conta” do motorista, com medo que ele dormisse (...), viu um carro de passeio, grande, de cor clara, talvez azul, capotar diversas vezes no asfalto. Observando bem ele viu um vulto cair do automóvel e ficar no leito da estrada. O motorista do ônibus não parou e o veículo passou por sobre a pessoa. Um pouco adiante, devido a seus gritos, talvez, o motorista parou. Ele desce e corre para ver o vulto estendido no chão, certamente esmagado. Não viu coisa alguma...
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Sunday, February 07, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 158


AS SEGUNDAS-FEIRAS SEMPRE CHEGAM


Ele andava cheio com esta história de toda semana ter uma segunda-feira, seguida de uma terça e depois uma quarta e por ai vai. Quando será que isso iria terminar para ele? Por outro lado não pensava muito no que aconteceria depois disso se concretizar. Ella certamente iria gostar e até ajudar para que suas segundas-feiras se acabassem logo.



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Saturday, February 06, 2010

GRANJA, FAZER O QUÊ?




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CONTOS DA RIBEIRA 26


O QUE ESPERA A GENTE

Somente de portas na sala grande, depois da varanda, a casa tinha treze. Havia ainda as janelas que davam para a várzea e aquelas que davam vista para o Rio e mais adiante para a Serra. O número de portas parecia indicar uma existência de muitos percalços e mais azares. Era assim que o Velho Raimundo via sua atual vida desde a rede branca no alpendre de sua morada na Furna da Onça, olhando pros lados da Serra. (...)


Já aposentado, vivendo das pequenas rendas da terra que, em outros tempos, sustentava ele e seus treze filhos e suas famílias, ele passava os dias aborrecido. Com tudo e com todos. Para falar a verdade só sua neta Isaurinha, aquela que tinha o problema na vista e que não enxergava desde os doze anos, é quem lhe dava alegria. Pode-se até dizer que os dois viviam em um mundo só deles desde que a catarata que o atacara só se acentuava nos últimos tempos. O seu tempo era um de mortes e almas penadas, pois sua religião lhes levava a essas fantasias. Era difícil acreditar que o velho tratava com a neta tão formosa de assuntos tão trágicos e desagradáveis. Era isso que pensava o seu primo e amigo Augostinho, morador da Barra e que sempre o visitava, às vezes levando um amigo e primo bem mais distante que morava na Capital. Nesse sábado os dois chegaram à fazenda do Raimundo à boquinha da noite, pois era uma noite de lua cheia e eles queriam aproveitar para por em dia os assuntos que sempre tinham para conversar. Depois de servido o jantar, que era mais uma ceia bem fornida, com cuscuz, tapioca, queijo, coalhada e muito café, todos vão para a varanda a fim de aproveitar o luar. Levavam uma caninha serrana feita na fazenda mesmo para espantar os mosquitos e os espíritos malignos. O Velho Raimundo estava muito triste com a morte de sua mulher ocorrida há pouco menos de um mês e isso perturbava todos os moradores das redondezas, mesmo se não fossem parentes do velho.

Ele se queixava de estar vendo e sentindo coisas estranhas em casa. Ele que nunca fora disso estava notando que os ratos do telhado estavam mais assanhados, faziam um enorme barulho e não tinha gato que os fizesse afastar. Raimundo contava que sempre que esses ratos apareciam era certo que ele via o espírito da finada. Quando ele falou isso Augustinho o interrompeu perguntando:

- Compadre quer dizer que você ta vendo alma? O espírito da Comadre?


- É Compadre... Até a Isaurinha também vê a sua avó...


Todos ficaram admirados e lamentando que o Velho Raimundo estivesse nessa situação. Ele talvez precisasse da ajuda de alguém, talvez de um filho ou filha. Mas parece que os filhos não lhe davam muita atenção. Hoje em dia os filhos têm muitas obrigações, ocupações e deixam os pais meio que jogados. Mas, talvez não fosse só isso, pois o Velho tinha morando com ele a Isaurinha, será que ela não o ajudava a passar esses apertos? Mas, segundo ele ela mesma via o espírito da avó...


- Compadre será que o João não pode passar uma temporada com vocês aqui na Fazenda, diz Augustinho. Seria bom, pois ele é calmo e na certa daria conta dessas aparições. O amigo e primo distante completa:

- E aquela sua filha que vive na Várzea não poderia ficar com vocês por uns tempos?


Raimundo ouvia essas sugestões e balançava a cabeça, talvez concordando, talvez não. Ele já pra mais de setenta anos e estava acostumado com as coisas dos matos e pensava muito que isso, esses assuntos de vida e morte, só se resolvem mesmo com a morte chegando novamente. No pensamento dele, era só no pensamento, pois ele não sabia explicar, não tinha palavras, ele já estava chegando ao fim da vida e nada mais adiantaria fazer. Era somente esperar.


Adivinhando os pensamentos do Velho o primo distante quer interferir para que a conversa não seja tão macabra e assustadora como estava parecendo que seria. Ele pergunta:


- Com todo o respeito primo você não acha que seria bom se tivesse alguém que cuidasse de você, como a Comadre cuidava nos tempos de antigamente? Uma mulher nova dentro de casa talvez alegrasse sua vida. Sua neta Isaurinha não conta, pois daqui a pouco ela vai arranjar um casamento e morar em outro lugar. Você já pensou nisso?


Raimundo olha para o primo distante e balançando a cabeça diz:


- É difícil, muito difícil botar uma mulher aqui no lugar da finada... Os três tomam um trago da caninha e acendem um cigarrinho. Olham para a lua que ilumina tudo em frente até quase ao pé da Serra. Guardam silêncio até que o Velho Raimundo diz:

- Além de tudo isso, dos ratos, das visagens, e da gente ficar um tempão sozinho ainda tem aquilo de dizerem para nós que a gente tem manias de velho e que é preciso combater essas besteiras.
Os dois visitantes se entreolham como que dizendo:

- Será isso que espera a gente também?


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Friday, February 05, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 101


LÍVIO BARRETO escreveu este poema em 1894; está publicado em “Dolentes” seu único livro.

DOLOROSA


Tu perpassaste dentro do meu sonho

Branca e sentida como o luar de Agosto;

Tinhas na voz um cântico tristonho

E uma tristeza de Angelus no rosto.

Por que essa sombra eterna de desgosto
Te agasalhando o amor que, alto e risonho,

Devera voar, bem longe do medonho

Cairel da dor, ó rosa do sol-pôsto?


Em teus olhos dolentes e magoados

Havia a dor dos sonhos laceradodos

E um ar profundo de desolação.


É que teu coração ia morrendo
Como uma margarida emurchecendo

Num crepúsculo triste de verão.

- 94 -

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Wednesday, February 03, 2010

GRANJA, FAZER O QUÊ?





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Tuesday, February 02, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 116


UM LUGAR PARA TOMAR UM CAFÉ

A cidade era daquelas bem pequenas, mas muito suja e esburacada. Os dois amigos procuraram um lugar para tomar um café, um simples café que fosse. Rodaram no carro até que encontrarem, quase na saída da cidade, um botequim aberto e que parecia vender café e outras iguarias. Ao chegaram viram logo que a atendente era de chamar a atenção de qualquer um. Ricardo se dirigiu à menina perguntando-lhe o nome. Ela respondeu:
- É Leiviane...

- Que nome bonito...
- Mas o que você quer?
- Café! Queremos café bem quente, assim como você...

- E como você sabe?

- Ué, seu rosto diz. Posso tirar uma foto sua?
- Não, aqui não é lugar pra isso.

- E onde é um lugar bom para se tirar foto de uma garota bonita?

- Na praia é que eu gosto de tirar foto.

- E a gente pode ir tirar umas fotos suas aqui na praia?

- Não! Eu não tenho biquíni...
- Ué! Eu lhe dou um bem bonitinho...
- Então ta certo... Dá mesmo?

- Eu trago da próxima vez que passar aqui, combinado?

- Te espero hein! Hei! Eu quero um azul com bolinhas...


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