Sunday, January 31, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 157


A MÁQUINA DE FAZER TERREMOTO


-Véa, você ta sabendo que qui o Home diche?
-E o qui foi Chico?
-Ele diche qui uzamericanu fizero uma máquina pra fazê a terra tremê! Você acredita muié?
-E é verdade mermo Chico?

-Pois é... Num vê qui la na terra dos preto qui fala francês eles num derribaro tudo só com um sopapo da máquina?

-Chico, mais isso é lá longe...
-Muié doida e tu num ta sabendo qui aqui bem pertim, no Jordão, a terra treme e derruba as casa quase todo o dia?

-Vige home. E o qui é qui nóis vai fazê?

-Nóis vamo pegar nosso dinheirim de todo mês e se arretirar pra Brasília. Mermo cuma o nosso parente Livinho fez nas antigas.

-É mermo. Tu ta certo! Texto completo

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Saturday, January 30, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 25


A VOZ DO DONO
A eleição estava chegando e, como sempre, o Coronel Rodrigues era o candidato de sua própria preferência. Se fosse eleito seria a quarta vez que ele iria dirigir os destinos da Várzea. Não tinha esta história de “se” não, mas os tempos parecem que estão mudando e ele queria se precaver contra qualquer problema. (...)
Os homens na Capital estavam muito preocupados com aquele jornalista da oposição, o dono do “Universo”, que lhes enchia a paciência com as mais torpes acusações e denúncias. A imprensa é sempre assim: é do contra eternamente. Mas eles iriam fazer dessa vez uma eleição pra ganhar de lambuja mesmo. Já tinham até comprado um jornal, ou melhor, o dono do jornal “A Província Livre” tinha passado para seu lado a custa de muito incentivo. Faltando poucos meses para a votação o Coronel não podia se manifestar na praça nem mesmo dentro do Mercado que estava em obras, pois os bestas diziam que ele estava usando o tempo e o dinheiro da Prefeitura para fazer campanha. O que não era verdade nem tampouco mentira. Certo dia ele estava folheando os jornais, ele que mal sabia ler, pois era analfabeto de nascença, quando se deparou com um anúncio vistoso. Estavam anunciando um aparelho americano, uma verdadeira estrovenga, ao que lhe parece e que lhe chamou a atenção. Era uma máquina de fazer som e o anúncio dizia que estava a venda na Loja do amigo Jesuíno na Capital. Pelo pouco que ele entendeu do anúncio logo vislumbrou um emprego para a tal máquina na preparação de sua eleição. Chamou o Major, seu filho mais velho e herdeiro por determinação divina de todos os seus bens – privados e públicos -, e lhe deu ordens para ir até a Capital e se inteirar do assunto dessa tal máquina. Quando o Major chegou a Loja do amigo Jesuíno falou do interesse que o Coronel tinha pela nova máquina. O amigo chamou o técnico americano que estava à disposição da freguesia para fazer demonstrações da máquina e pediu-lhe para fazer testes para o filho do Coronel. Eles certamente comprariam um exemplar. O mister mostrou a máquina ao Major e fez uma demonstração convincente das qualidades e potencialidades da máquina. O técnico lhe disse que o aparelho, pois era um aparelho, vinha acompanhado de rolos onde estavam gravadas as peças de música e de fala que o aparelho reproduzia quando em funcionamento. O técnico também adiantou que se ele e o Coronel o desejassem poderia preparar alguns rolos com músicas patrióticas, regionais e mesmo a fala de quem eles quisessem reproduzir; isso talvez fosse muito bom para apresentar em reuniões e comícios eleitorais. O Major ficou entusiasmado e logo deu a ordem ao amigo Jesuíno para pagar ao mister o custo de uma máquina e mais todos os apetrechos, pois ele queria levar logo para a Várzea e por em funcionamento a coisa. Encomendou também alguns rolos para gravar músicas da região – manera o pau, cateretê, etc. – e falas apropriadas para a campanha. Ele mesmo decidiu o que e quem gravaria essas falas. Consultou o Coronel pelo Telégrafo Nacional e teve a aprovação do Velho para fazer isso. O próximo passo do entusiasmado Major foi procurar entre artistas do Teatro da Praça alguém que soubesse imitar vozes. Ele queria gravar a voz de personalidades, mas não queria pedir a elas que o fizessem. Acreditava ser mais simples encontrar alguém com voz parecida e gravar logo o que ele achava ser importante e não ter de negociar - em todos os sentidos - com as tais personalidades. Sua escolha recaiu sobre o Fransquim, meio palhaço meio ventríloquo praticante da arte de imitar os colegas e políticos da vez. Ele foi apresentado ao mister americano e a maquina e aos rolos de gravação. O Major passou-lhe textos para que ele logo lesse em frente da estrovenga gravadora, pois ele precisaria levar para a Várzea para o comício que se aproximava. O Fransquim leu diante da máquina o texto escrito pelo Major, certamente sob a orientação de seu pai e que dizia: “Povo da Várzea! Eu falo agora proceis recomendando o nome do Coronel Rodrigues para ser votado Prefeito da linda cidade da Várzea. O Coronel Rodrigues é um home honesto e eu tenho certeza de que ele vai fazer um governo mais honesto do que os outros que ele já fez! Votem no Coronel Rodrigues para Prefeito da Várzea.” Logo que ele terminou o Major olhou para o amigo Jesuíno com os olhos arregalados e disse: - Amigo Jesuíno esse que falou aí, se não é o Comendador Acioli, é o espírito dele!



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FONTE DE TRAJANO



Foi descoberta por cientistas ingleses o que pode ser a fonte (Caput Aquae) do Aqueduto de Trajano inaugurado no ano 190. A fonte foi encontrada próximo a Bracciano, localidade a 40 km de Roma. Estava sendo procurada há séculos. Leia matéria publicada em “La túnica de Neso”.

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Friday, January 29, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 100


LÍVIO BARRETO escreveu este poema em 1892 e o dedicou a Luis Felipe de Oliveira


DE VIAGEM


Há pouco findou-se o dia;
Desce a noite e se apresenta
Calma, pesada e sombria,
Hirta, brutal, macilenta.

Um manto de sombras densas,
– Frio capuz de tristeza,
Cobre toda a Natureza
Com suas dobras imensas.

Nos ermos mansos, tristonhos,
Nas amplas várzeas desertas,
Como fantasmas de sonhos,
Vagueiam Sombras incertas.

Tênues, ignotos aromas
Vêm das florestas dormentes,
E os arvoredos gementes
Agitam de leve as comas.

A lua, alva flor de prata,
Fria camélia ao relento
Deixa cair em cascata
Seus raios do firmamento.

A fria, trêmula aragem
Vai deitando em rodopio
As folhas secas da margem
Sobre a corrente do rio.

E a estrada, a caracolar,
Se mostra, e desaparece,
E ao caminheiro parece
Branca serpente ao luar.

Gritos e pios das aves
Noturnas juntar-se vêm
Às notas sentidas, graves,
Que o seio da noite tem.

Uma tristíssima cruz
Ereta ao lado da estrada,
Modesto emblema, traduz
Uma desgraça ignorada.

E um mocho naquele emblema,
– Oliveira daquele horto, –
Nobre piedade suprema!
Vela sobre o infeliz morto.

Mas a noite vai passando,
Não tarda que cante o galo...
No entanto sobre o cavalo
Eu vou cismando, cismando...

Cismando em eras passadas,
Arrojando a fantasia,
Louca, furiosa, erradia,
Através destas estradas.

Em meus revoltos cabelos
O frio sopro do vento
Deixa a umidez do relento
E leva-me os pesadelos.

A longos haustos sensuais,
Cheio de um íntimo gozo,
Sorvo este ar generoso
Que a madrugada me traz.

E esta frescura amaviosa
Que o peito em brasa me invade,
Leva-me e a dor tenebrosa
Toda diluída em saudade!

Ouve-se o canto do galo
E a aurora vem despontando...
E triste, sobre o cavalo
Eu vou cismando, cismando...

- 92 -


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VISTAS DA GRANJA 111


AQUITEVEAQUIFOIAQUIERA

Será que ainda é possível reconhecer essa foto?
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Thursday, January 28, 2010

GRANJA, FAZER O QUÊ?



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Wednesday, January 27, 2010

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 37


NATAL NO PACÍFICO

Ronaldo era um brasileiro, paraense, estudante de cinema na UCLA. Ele vivia e pagava os estudos com o salário de guarda da Universidade. Tinham-se passado meses desde que Jorge havia chegado a Los Angeles até conhecer o primeiro brasileiro. Só então ele pode falar português. (...)


Esse conhecimento novo talvez o tenha prejudicado em seu aprendizado de inglês. Ronaldo era um camarada legal, como se dizia; como gostasse de cinema, de vez em quando iam ver algum filme. Infelizmente ele não lembra de nenhum título. Foi ele quem identificou Jorge como brasileiro e iniciou a camaradagem. Essas aconteciam sempre por iniciativas de outros, pois ele era incapaz de se aproximar de alguém fosse homem ou mulher. Jorge, em seus pensamentos, relembrava a viagem que os dois fizeram, indo pelo interior até atingir São Francisco para as festas de Natal. No caminho visitaram parques nacionais como o de Yosemite, onde estava frio demais; viram também os parques nacionais das sequóias e o “Kings Canyon” com a floresta das sequóias imensas. Alguma coisa lhe chamou a atenção nessa viagem além das muitas belezas cênicas da Califórnia. Ele ainda recorda que nem antes nem depois desse dia ele vira um banheiro de posto de gasolina tão imundo como o que havia nas proximidades de São Francisco. Essa oportunidade de conhecer um pouco do interior do país trouxe-lhe a desconfiança de que o país que o recebera era uma porcaria tão grande como o seu; sem exagero havia de tudo nos Estados Unidos e ele via somente pequenos flashes. Após quase um ano que passou em LA ele só voltou aos Estados Unidos passados mais de trinta. Ele achava que tinha visto, mesmo pouco, mas não havia gostado do que vira. Após ter molhado os pés no Oceano Pacífico, como navegadores espanhóis de antigamente, os amigos voltam para Los Angeles no mesmo MG conversível, vermelho e potente como nenhum outro. Eles usaram a estrada litorânea (Route 1) que margeia toda a costa, unindo as duas maiores cidades do Estado. Jorge lembrava também que, depois de ter voltado ao Brasil, ele deixou de dar notícias para o Ronaldo, apesar de ter recebido dele uns dois cartões postais com o endereço no Pará. Alguns anos depois ele o encontrou, por puro acaso, em uma loja no Rio de Janeiro. Jorge o reconheceu e, quando tentou falar com o, talvez agora cineasta, ele virou o rosto. Ele nunca se perdoou de ter feito essa tremenda grosseria. Isso era uma maneira já utilizada por ele de como não fazer amigos e não influenciar pessoas ou, ser influenciado por elas. Jorge imaginava em seus devaneios atuais que essa inabilidade em conservar ou fazer amigos talvez fosse uma manifestação de seus traumas familiares.


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HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 116


ESQUINA DA GENERAL SAMPAIO

Na esquina, do lado do sol, na direção da Praça José de Alencar, confrontando com o Palacete de Carvalho Motta, morava o professor de Latim do Liceu Linz de Aguilar e sua família. No outro lado da rua ficava a bodega da Raimundinha e de sua companheira. Elas tinham um relacionamento diferente de todo o mundo e por isso chamavam muito a atenção da criançada e, talvez, por que não dizer, mais dos adultos. Antes da esquina morava uma senhora, acho que viúva com uma filha e um namorado, chofer do Posto Terezina, que só andava de terno de linho S120. Não havia táxis como se conhece atualmente, mas sim carros, talvez de um único proprietário, estacionados em um determinado local e com um telefone, às vezes, pois o serviço não era comum. Havia além desse o Posto Mazine, com carros da marca Packard e outros, quase todos, na Praça do Ferreira. O Professor Linz de Aguilar era conhecidíssimo, não só por seus conhecimentos de Latim, mas pelas brincadeiras que fazia com seus alunos. Presenciei inúmeras vezes ele recusar a nova caderneta de chamada, no começo do ano, porque cheirava “àquilo” (...). Dizia isso aos berros. Acredito que ele se sentia no direito sendo um senhor de avançada idade. Outra brincadeira “pesada” dele era que não deixava ninguém entrar em classe se o último botão do dólmã não estivesse fechado. E por aí vai.



Gravura de AllPosters.com - Aldonso XIII King of Spain in Military Uniform with the Sea in the Background


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Tuesday, January 26, 2010

MOZART




Em 27 de janeiro (amanhã) há 254 anos nascia Wolfgang Amadeus Mozart, o grande compositor austríaco. Veja sua biografia na Wikipedia e ouça um fragmento de seu Réquiem. (Cortesia do YouTube)


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Sunday, January 24, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 156


A ÁSPERA E CLAUDICANTE CLAUDETE

Tarde da noite Claudete continua mergulhada entre prateleiras repletas de bonequinhos, dinossauros, carrinhos, hemans de plástico preparando a nova disposição para o Natal. Ela cuidava do seu destino e do de seus bonequinhos. Mas ela também era incansável na sua cruzada de ser contra tudo e contra todos, inclusive quando eles se agarravam a seus braços, como em uma fita de velcro: ela lhes dava coices. Charmosa e desagradável. Ninguém sabia se algum dia ela seria sedosa. Todos apostavam em seu hábito, de cuidar, claudicante e com gosto, de sua pele áspera.


Veja crédito da ilustração em http://fashionfeedofsl.com/archives/author/azureelectricteeth

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GRANJA, FAZER O QUÊ?






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Saturday, January 23, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 24


DEDO DE PROSA

Ele entrou no Mercado sem deixar de puxar um dedo de prosa com o Seu Dezim, o vendedor de relógios. Este insistia em vender-lhe um cebolão desde que soube ter Airton sido assaltado e seu belo relógio de pulso ter sido tomado pelo “coisa doida.” (...)

Mas ele queria era mesmo ter um dedo de prosa com o Heraldo em sua bodega de dentro do Mercado. Heraldo era um violento oposicionista da atual administração. Não deixava de criticar qualquer iniciativa que o “Homem” e seus cupinchas tomavam em prol da cidade, o que na verdade não tinha nada de favorável – era sempre alguma coisa que se via já de princípio ser prejudicial. Na conversa que os dois tiveram nessa ocasião foram lembradas algumas iniciativas que o “Homem” andava espalhando iria tomar em prol do melhoramento da cidade. Havia umas coisas gozadas como a promessa de que o atual secretariado seria em breve reformulado: sairia o Dedé e entraria o Dada para a Secretaria de Apoio Geral. Os dois riram, pois sabiam que o primeiro não largaria o osso que já ia meio roído, mas ainda tinha um pouquinho de carne presa. Outro assunto em pauta foi aquele sobre o qual andavam falando que seria em breve construído um grande galpão para abrigar os pedintes e pobres da cidade; a finalidade era permitir às pessoas que quisessem dar esmolas dirigirem-se a uma central de mendigos e não esperar que eles lhes abordassem nas ruas; isto seria um avanço entre as muitas cidades do Estado. Os dois amigos criticaram, mas viram que talvez isso fosse uma solução para o caso dos pedintes: eles estavam na proporção de 2 para 1. Ainda outro assunto da pauta de Airton e Heraldo foi a notícia de que um dos vereadores da situação estaria apresentando diversos projetos em benefício da população e que se traduziriam em um aumento de renda de quase zero para quase nada. Enfim, parece que isso era visto como um imenso progresso. Mas, empanando esse possível sucesso a enorme burocracia e a necessidade de se obter licença para quase tudo era um perigo à vista. A certa altura da conversa eles resolvem chamar Seu Dezim, pois parece que ele tinha informações mais recentes sobre todos esses problemas. O velho vendedor de relógios tem um filho que é agregado à Prefeitura, isto é, ele recebe dinheiro, mas não trabalha e de vez em quando ele apura os ouvidos e capta algum boato. Seu Dezim conta que seu filho havia chegado pra ele e dito que o “Homem” estava dizendo que o problema que eles tinham na cidade era da demora na liberação total das verbas federais e estaduais que os deputados amigos diziam haver conseguido. O “Homem” dizia que o povo precisa ter paciência, pois do contrário nada de proveitoso se faria. Dizia-se também que estariam reapresentando o projeto, mas o problema é que havia muita burocracia e os licenciamentos atrapalhavam tudo. Falavam também que tinha havido um atraso de seis meses na análise do projeto. O que o gestor pode fazer? Não tinha obra antes; não se faziam mais obras... Tem o problema da chuva... Este ano foi atípico, não temos hábito de trabalhar assim, não temos essa tecnologia, não nos preparamos para isso. O projeto tão badalado era o de recuperação das estradas municipais destruídas pelas enormes chuvas debitadas ao aquecimento global. Com a ajuda de Seu Dezim e do filho os dois passam a discutir sobre outras iniciativas do “Homem” e dos gestores como aquela de asfaltar todas as ruas da cidade.

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POEMAS BARRETO/XAVIER 99


LÍVIO BARRETO, o Lucas Bizarro da Padaria Espiritual, em seu único livro – póstumo – Dolentes produziu este poema:

FASES

I


Quando o crepúsculo invade,
Triste e grave, os horizontes,

Como uma mesma saudade

Que faz vergar muitas frontes,


Também, triste e grave, o horror

Sondando do meu martírio,

Sinto que o amor – este lírio –
Traz este pólen – a Dor!


II

Quando a lua desgarrada
- Errante floco de neve,
Pela abóbada azulada

Rola de leve, de leve...


Eu, lembrando o nosso idílio,

Tão cedo morto, querida,

Sinto rolar minha vida

Como a lágrima de um cílio!


III

Rompe a manhã: é alvorada.
A aragem beija os rosais

E pelo ar a revoada

Vai das aves matinais,


Assim minh´alma se enflora

E, louca, canta e sorri

Quando os meus olhos em ti

Se fitam, meiga senhora!


Agosto – 95

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Thursday, January 21, 2010

CAVERNA DOS CRISTAIS DE NAICA NO MEXICO



Veja reportagem da BBC sobre a Caverna dos Cristais descoberta em Naica no Mexico

Matéria da BBC

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Wednesday, January 20, 2010

GRANJA, FAZER O QUÊ?



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Tuesday, January 19, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 115


A PROCURA DE UM CAFÉ

Ele estava em um carro com um amigo e três garotas a procura de um lugar para tomarem café. Quando encontram um, logo ficam sabendo que está reservado para uma recepção e que era preciso de convite. Houve um mal estar, pois eles não tinham sido convidados. A gerente do café aparece com uma explicação. Diz que a pessoa encarregada de expedir os convites havia tentado enviá-los para eles, mas o micro tinha dado problema e o camarada responsável pelo reparo tinha se acidentado. Vêm-se diversas pessoas conhecidas, já dentro do café, começando a se servir. Quando resolvem sair à procura de outro lugar vêem um sujeito bêbado dizendo piadinhas para as pessoas conhecidas que estão no café. Saem com o carro de marcha à ré e todos vêm que vão bater. O que acontece, pois batem em um poste e quebram uma lanterna lateral. À procura de uma saída ele vê que a estrada de terra vai dar em um cruzamento elevado, com os trilhos de uma ferrovia. Resolve cruzar aí e quando força o carro a subir descobre que lá, em cima dos trilhos, o outro lado fica muito mais baixo de tal sorte que o carro fica dependurado e eles não podem descer.
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Sunday, January 17, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 155


ULRICH, SUA MULHER E O CÃO

Ulrich era, em seu tempo, um grande cientista de renome internacional. Bávaro de nascimento morava em um chalé em Berchtesgaden. Quando nos conhecemos e o convidei a visitar o país ele recusou enfaticamente. Perguntei-lhe qual a razão e ele candidamente respondeu: - Minha mulher não quer sair da Baviera por um só instante, pois não pode deixar o nosso cão sozinho. Alguns poucos anos depois ele resolveu aceitar o convide reiterado dizendo que sua mulher havia amansado e o cão havia morrido.



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CONTOS DA RIBEIRA 23


O MESTRE CONTA UMA HISTÓRIA


As mesas e cadeiras dos bares e churrascarias bordavam monotonamente as calçadas da avenida. Naquele princípio de noite quase que não havia mais vagas, mas a turma tinha um garçom amigo na Churrascaria Bem Querer. O Miguel arranjou logo uma mesa grande, bem próximo ao passeio, quando viu que o Mestre fazia parte da turma. (...)


Sentados em uma das mesas da churrascaria supunha-se que eles já estivessem cansados do churrasco mal passado e de beber tanta cerveja; felizmente esta era sempre gelada. O Mestre, como todos já o chamavam a esta altura de sua vida, comia tranqüilo a biquara frita que Miguel tinha mandado preparar no capricho. Ele tinha ódio de churrasco, pois sempre achava que lhe fazia mal, mas não as muitas cervejas que tomava acompanhando seus discípulos, certamente já cansados dele e de suas piadas bobas. É bom que se diga que, para ele, a recíproca era verdadeira. O Mestre gostava de agradar à sua assistência, principalmente às Marionetes que é como todos e elas também, chamavam as estudantes do grupo. Isto foi inventado por uma delas que, saliente e achando que ele prestava atenção a ela disse, na frente de todos, no laboratório, que ela era a preferida. Não se sabe que tipo de preferência seria essa; talvez somente ela tivesse alguma idéia. A conversa corria animada e a noitada prometia entrar pela madrugada adentro, pois o ventinho – não era brisa - vindo do rio amenizava o brutal calor que havia feito durante o dia. Era janeiro e o verão prometia ser violento. Esse instante ameno e relaxante, entre as agruras de viver na cidade hostil dava a todos uma boa oportunidade para cimentar mais ainda a camaradagem ao contarem casos pessoais e outros passados com amigos e colegas e dos quais alguns já tinham tido conhecimento, isto é, a famosa fofoca. Ao contar a história do orador que interrompeu palestra dizendo que seu “bridge” frouxo poderia cair a qualquer instante, Ricardinho, que já estava escrevendo sua tese de doutoramento depois de ter ultrapassado todos os prazos legais, trouxe a lembrança diversas outras, verdadeiras ou não, colecionadas pelo Abel em um arquivo de seu micro. Após o próprio Ricardinho ter contado mais algumas do mesmo nível todos se animam e começam a rir alto chamando a atenção das mesas vizinhas; boa parte dessas histórias tinha origem no gabinete do Mestre e corria à boca pequena que ele as inventava, mas ninguém ainda ousara testa-lo. Nessa noite, talvez já estimulados pela cerveja e pelo ventinho ribeirinho, Abel resolve arriscar seu pouco prestígio e fazer a pergunta que todos gostariam de já ter feito há tempo: “Mestre, essas histórias são mesmo verdadeiras ou criadas por sua imaginação fértil?” Ele encara o estudante, que já passara do tempo de apresentar “resultados excitantes”, e responde: “Abel você sabe que eu sempre digo que de tudo aquilo que eu falo somente dez por cento corresponde à verdade sendo os outros noventa por cento, não mentira grosseira, mas ‘fatos inventados e elaborados’. Sendo assim você, aliás, vocês todos, podem escolher entre essas duas alternativas e jogar. Ganha quem acertar e as chances são para...” Houve uma risadaria geral e mais cerveja foi pedida ao Miguel. Com os copos reabastecidos de cerveja e mais o pedido de uma rodada a mais de churrasquinhos e, mais uma biquara frita para o Mestre, a animação continua. O próprio Ricardinho, secundado por Maira, provoca o Mestre e os dois pedem-lhe para contar mais alguma historia, mas só serviria se fosse uma inédita, que ninguém do grupo conhecesse. Ele fita cada um deles, como se estivesse dando aula ou fazendo um discurso, sinal que sua retórica ainda sobrevivia, ele diz por fim: “Eu tenho uma historinha nova, mas não sei se ela é engraçada ou se é trágica, ao final vocês decidem se ela pode fazer parte da coleção do Abel”. Todos concordam e Mário – era este o nome do Mestre – principia a contar sua história, verdadeira ou não isso quem decidiria seria a sua assistência. O Mestre principiou por dizer que o Velho Francisco, seu conhecido e amigo de longas datas, morava em uma casa simples, mas muito agradável às margens do Açude da Pedra. Eles tinham três filhos, duas meninas e um rapazinho de quinze anos. Das meninas, a mais velha tinha vinte e dois e a segunda dezenove anos. Todos estudaram no colégio da Várzea, mas a mais velha tinha abandonado os estudos, pois segundo ela sabia mais do que os professores. Essa atitude de Cristina era reflexo de sua rebeldia natural que ninguém sabe de onde vinha, ou melhor, todos diziam que fosse herança de seu pai. Cristina começou a trabalhar bem cedo em uma loja de aviamentos para bordadeiras cujo nível de vendas tinha caído muito e ela os fez subir a um patamar bem mais elevado. Tudo isso porque a moça tinha um grande sucesso entre as mulheres e um enorme entre os rapazes. Estes não compravam coisa alguma do que Cristina vendia, mas sempre passavam na loja para um dedo de prosa bem intencionada. Os moços atrapalhavam as vendas, pois inibiam a entrada das freguesas que procuravam por rendas, bicos e outros artigos menos concorridos. O patrão, um senhor de seus sessenta anos, começou a reclamar, mas ela, teimosa como o que, não tomava a iniciativa de falar para seus admiradores que eles deveriam ser mais comedidos nas visitas. O resultado é que o patrão a despediu e não lhe pagou mais que uma pequena gratificação adicional ao salário que ela recebia. Sua conhecida rebeldia não se manifestou nesse episódio, talvez porque ela apreciasse o patrão mais do que o normal e não quisesse chateá-lo. Ela teve de concordar com seu pai que teria de mudar de ares. Cristina aceitou o convite de sua madrinha para passar uma temporada com ela na capital, onde estudaria e ajudaria em algumas atividades domésticas. Ela foi matriculada em um colégio particular para terminar o segundo grau. Felizmente o colégio era perto e por isso ela não precisava pedir carona ao padrinho que saia para o trabalho logo depois do café servido por ela mesma, - a Detinha, a cozinheira, só chegava depois das nove -, para o casal e as duas crianças, o Paulo Filho e o Ronaldo. Tendo deixado sua família longe ela passou a considerar a família de sua madrinha quase que como a sua própria; era de uma grande dedicação procurando corresponder à confiança que o casal depositava nela e fazia tudo para agradar aos dois meninos e eles passaram a gostar dela como se fosse sua irmã. Sua madrinha nem se conta, pois desde novinha lá no Açude elas se deram muito bem. O relacionamento da afilhada com seu padrinho, Dr. Paulo, era meio estranho: ele nunca olhava para ela diretamente, talvez para não mirar sua própria imagem nos grandes olhos negros da afilhada. Tendo logo descoberto esse como que mal estar do padrinho, ao invés de esclarecer ou mesmo evitar, a menina, pois não era mais do que uma, passou a fita-lo com seu olhar magnético que era conhecido de todos. Cristina imaginava que, com essa atitude, poderia ser amiga dele e ele não a evitaria como havia acontecido com aquele coroa lá na Várzea no ano passado. Passaram-se as semanas e o padrinho já havia se acostumado com a afilhada e seu olhar de visgo. Ela, acostumada a usá-lo – o olhar – se deleitava com os resultados. Em um fim de semana em que sua madrinha foi com os meninos para um sítio de parentes na serra e Dr. Paulo ficou a fim de terminar um importante trabalho, um pedido do Deputado Ricardo Pinto, Cristina ficou para preparar-lhe as refeições e as bebidinhas; era sabido que ele não gostava de comer fora, só comida feita em casa e, agora com ela em casa, sempre feita por suas mãos; ela também lhe preparava o cappucino e o uísque sour, suas bebidas preferidas. Após o jantar Cristina preparou o cappucino e o uísque e foi lavar os pratos. Após o que ela foi ver televisão em seu quarto e se preparar para dormir sem antes fazer anotações em seu diário. Lá pelas dez horas ela apagou a luz e viu que o padrinho ainda estava trabalhando em seu gabinete. Logo depois ela ouviu a pisada inconfundível de seus mocassins e, olhando para sua porta, viu a figura dele. Dr. Paulo não falou, mas, procurava com olhos de lobo faminto as sombras salientes de seus mamilos rosa. O Mestre fez então, a pausa anunciada e ficou aguardando alguém falar alguma coisa. Todos à volta da mesa haviam, de há muito, parado de comer, mas continuavam a sorver enormes quantidades de cerveja. Ricardinho perguntou: “Mestre, e aí?” Ele respondeu: “Vocês vão pensar nessa pequena história e propor, durante a semana, uma seqüência para ela. Na próxima sexta-feira vamos ouvir a melhor delas aqui na churrascaria, ao redor dessa mesma mesa.” Todos bateram palmas e continuaram a noitada que, aliás, já era quase manhã. Fza março 2009

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Saturday, January 16, 2010

GRANJA, FAZER O QUÊ?



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Friday, January 15, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 98


Este é um dos mais belos poemas de Lívio Barreto. Consta de quatro partes escritas em diferentes épocas e é oferecido ao amigo de sempre Waldemiro Cavalcanti. Mostramos hoje a QUARTA PARTE desse poema.

OS CRAVOS BRANCOS

A Waldemiro Cavalcânti


DEDICATÓRIA

Aquela a quem meu ser, ajoelhado, rende
O culto mais profundo, o amor mais ideal,
Essa estrela que na alma a inspiração me acende
Como o sol faz florir as violetas do val,
Estes versos dedico, este sonho ofereço,
Onde canta a esperança o seu canto risonho...
Em seus olhos de criança eu o pesar esqueço!
Foi Ela quem me deu o meu primeiro verso,
O meu primeiro amor, o meu primeiro sonho.

IV NUPCIAL

Ó cravos virginais! sereis um dia
Minha auréola de glória e o meu perdão,
Quando eu entrar na vida pela mão
Dessa que existe no meu coração,
Cheio de mágoa e de melancolia.

Quando o incenso deixando os incensários
Subir aos santos, aromatizando
Ao mesmo tempo os santos e os sacrários,
E a Igreja cheia e o padre abençoando
Entre o flébil rumor de cantos vários;

Quando ela casta, meiga e enrubescida
Pousar na minha a sua nívea mão:
A alma em sonhos de amor embevecida
Tendo, e tendo ansiosa e comovida
O amor nos olhos e no coração;

Há de o ramilhete ser que ela segure
Unido aos seios cândidos, trementes,
De cravos brancos, úmidos, florentes,
Flores nascidas ao luar, e albentes
Como uma vida onde a ilusão perdure.

E quando em nossa alcova o luar errante
Entrando for beijar o nosso leito,
Do seu bouquet o aroma inebriante,
E a brancura dos cravos palejante
Fá-lo-ão chorar de mágoa e de despeito.

As virações irão silenciosas,
Entristecidas, melancolizadas,
Em silêncio passando junto às rosas,
Pois levarão as asas preguiçosas,
De tanto serem aromatizadas:

E tu, anjo, e tu, pura, e tu, criança,
Ó meu amor! minha religião!
Sol longínquo da última esperança
Que me alumia quando a noite avança,
Que me encaminha pela escuridão!

Mulher que entre as mulheres procurei,
Com teus sorrisos cândidos e francos,
Com teu amor – oásis que aspirei –
Cobre minh'alma como eu juncarei
Essa alcova nupcial de cravos brancos!



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Wednesday, January 13, 2010

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 37


KEDIR, O CIENTISTA HÚNGARO

Em suas rememorações Jorge pensava muito pouco no seu tempo como pesquisador. Nesta manhã chuvosa ele ficou no escritório ouvindo música e pensando em fatos e histórias que lhe aconteceram no princípio de sua carreira. (...)

Ele tinha publicado seu primeiro trabalho independente e estava em um estado de delírio. Na sua visão ele estava começando a caminhar para a fama! Qualquer coisa que isso significasse. Por conta disso começou a escrever para cientistas americanos, ingleses, alemães e de outras nacionalidades e que trabalhavam em assuntos bem relacionados ao que ele estava fazendo. Não havia Internet com seus sites de busca; o que havia era os “abstracts” que chegavam à Biblioteca com um grande atraso, quando chegavam. Jorge começou a descobrir as desvantagens de trabalhar em ciência em lugares como aquele em que ele estava fadado a passar o resto de sua vida acadêmica. Recebeu algumas respostas, todas elas simpáticas e promissoras. Algum tempo depois ele descobriu que uma das razões para essas respostas era o endereço. Imagine-se alguém de um país frio, do norte, receber uma correspondência de um suposto colega vinda de um lugar situado a 4o graus do Equador! As oportunidades de passar boa parte do inverno em uma praia, certamente paradisíaca, eram evidentes. Eram chances de ouro e seria bom aproveitá-las. Foi nessas circunstâncias que ele fez um novo amigo. Janos Kedir era um cientista originário do Leste Europeu que havia emigrado para a Grã-Bretanha após o fracasso da revolução anticomunista de 1956 em seu país. Kedir respondeu sua carta inicial, mas o informava que já havia deixado de trabalhar no assunto que era a razão de Raposo ter-lhe escrito. Mas, gostaria de manter contacto, etc., etc. Foi Jorge quem viajou para a Escócia a fim de passar três meses em seu laboratório. A cidade em que ficou era fria, cinzenta e muito hostil. Jorge falava inglês, mas a comunicação, mesmo com o pessoal do laboratório, era sóbria. O colega húngaro tinha a mania de dizer que falava inglês melhor que seus novos compatriotas. Kedir desdobrou-se para fazê-lo sentir-se em casa; convidava-o quase todo o dia para jantar em seu pequeno flat, em um bairro tranquilo, e onde sua esposa não mais morava e ele fazia seu jantar diariamente. Era só questão de por mais um prato na mesa e abrir uma nova garrafa de vinho tirada de sua adega que, por sinal ele nunca mostrava. Logo no primeiro mês Jorge sentiu muitas saudades de casa. A comunicação era muito difícil e cara; só o correio funcionava direito e as notícias eram poucas. Como sempre ele estava só consigo mesmo. Não adiantava ter colegas se ele próprio não os procurava, imagine-se o contrário. Raramente ele saia com a turma do laboratório para a comemoração de algum aniversário ou o final de uma tese, coisas assim. Todos iam para um pub, um pub não, faziam uma peregrinação por seis ou oito pubs, tomando uísque puro, sem gelo até ficarem melados. Ao final iam todos para suas casas dormir o sono dos justos. Kedir visitou o laboratório de Jorge muitas vezes durante uns quinze anos. Chegou a namorar uma colega e adorava ir à praia, pois gostava muito de nadar em mar aberto. Isto causava preocupação em todos aqueles que o acompanhavam nessas incursões. Jorge também voltou à Grã-Bretanha para o laboratório do novo amigo por diversas vezes. Indicou jovens estudantes e professores para trabalhar com ele. A colaboração com Kedir foi um sucesso, principalmente para os outros; não muito para Jorge. Raposo rompeu violentamente com Kedir quando descobriu que ele havia feito um relatório para a instituição que financiava as viagens de cientistas dos dois grupos, inteiramente desfavorável aos brasileiros. Acusava, entre outras diatribes, de eles usarem as viagens para fazer turismo em seu país adotivo, deixando de lado os deveres profissionais. O que mais incomodou a todos foi constatar que Kedir acusava-os de fazer exatamente o que ele fazia desde o começo da colaboração. Nunca mais tiveram qualquer tipo de comunicação. Isto foi para Jorge um alívio, pois até a presença de Kedir o incomodava. Quando ele se envolveu com problemas de política ambiental Jorge não se manifestou e tentou esquecê-lo para sempre.


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Tuesday, January 12, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 114

ELE CHEGOU A BANGLADESH

Viajou para um congresso em Minas e hospedou-se em casa de alguém conhecido. Estava tão cansado que dormiu logo após acomodar-se. Acordou e viu-se em um quarto dando para os fundos da casa. Saiu por aí e viu-se sobre um paredão às margens de um rio. O paredão tinha uns 20 metros de altura e era pintado de branco. Da posição em que ele se encontrava dava para ver uma imensidão de águas azuis, provavelmente o mar. As ondas do mar imenso eram contidas, do lado esquerdo por uma espécie de dique com uma passagem que deixava a água entrar quando vinha uma onda. A água entrava e subia por um canal límpido onde, nas margens, mulheres lavavam roupa. Na outra margem, do lado esquerdo, havia um paredão branco semelhante àquele onde ele se encontrava. Ambos pareciam ser os fundos de casas. Quando ele estava saindo para voltar à casa um casal passou abaixo de onde ele estava. O casal parecia ser bengali e ele descobriu-se em Bangladesh.

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Sunday, January 10, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 154

CURIOSIDADE

O garoto Winarllevystion Gerlon Marlleon Brenddon Brutto Paullaneylly Moll, que ainda tem mais três sobrenomes obteve na Justiça a alteração de seu nome. De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça, ele foi autorizado a mudar o nome em dezembro. Continuou com o primeiro nome, Winarllevystion, e retirou os outros, permanecendo apenas Brutto, além dos sobrenomes não divulgados. Sua mãe, Dilvanda Xuxa, disse que o nome do menino resultou de várias sugestões. Mas reconheceu ter exagerado quando deu ao filho esse nome.
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Saturday, January 09, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 97


Este é um dos mais belos poemas de Lívio Barreto. Consta de quatro partes escritas em diferentes épocas e é oferecido ao amigo de sempre Waldemiro Cavalcanti. Mostramos hoje a TERCEIRA PARTE desse poema.

OS CRAVOS BRANCOS

A Waldemiro Cavalcânti

DEDICATÓRIA

Aquela a quem meu ser, ajoelhado, rende
O culto mais profundo, o amor mais ideal,
Essa estrela que na alma a inspiração me acende
Como o sol faz florir as violetas do val,
Estes versos dedico, este sonho ofereço,
Onde canta a esperança o seu canto risonho...
Em seus olhos de criança eu o pesar esqueço!
Foi Ela quem me deu o meu primeiro verso,
O meu primeiro amor, o meu primeiro sonho.

III


AO LUAR


Abro a janela. O luar canta no espaço e alaga
Tudo, possante assim como uma inundação.
Subjugando a noite o escuro tredo esmaga,
É um combate fatal, uma revolução.
Por toda a parte a rir sua luz se propaga.
Acorda o lírio e doira a grama pelo chão,
Vai ao mar e incendeia a espuma sobre a vaga,
Branqueia a rocha e faz a nuvem de algodão.
Fura a tapeçaria espessa da folhagem,
Dilui-se, corre, vaza, inunda, e, na viagem,
Desce como um rastilho às fragas, aos barrancos.
Vai aos rosais em flor, bole nos jasmineiros,
Aromatiza o ar, murmura. E nos canteiros
Para ver o luar abrem os cravos brancos.

"View from the window" by Marc Chagall - AllPosters.com

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Thursday, January 07, 2010

A ILHA DOS CARANGUEJOS


Milhões de caranguejos transformam as ruas da Ilha Christmas na Austrália em verdadeiros tapetes vermelhos. A migração anual de mais de 100 milhões desses crustáceos fechou estradas e transformou as ruas da Ilha Christmas. Os cerca de 120 milhões de caranguejos, segundo o Parque Nacional da Ilha Christmas, no sudoeste da Austrália, migram todos os anos das florestas para o mar, para a reprodução e desova.

Veja mais em G1.com.br e BBC Brasil.

continuação do texto/postagem

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Wednesday, January 06, 2010

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 36


ELLA E AS CABRAS

Jorge acordou muito cedo, pois pretendia viajar para a Várzea: negócios como ele sempre dizia. Ninguém sabia que tipo de negócios ele tinha por aquelas lonjuras. Ele ia levando o amigo Tomas um inglês que havia conhecido no Arquivo Público fazendo pesquisas sobre escravos. (...)
Após tomar café ele esperou pelo Brito que vinha apanhá-lo como sempre, pois ele guiava mais longas distâncias. Os dois passaram no hotel em que se hospedava o gringo e tocaram na direção oeste. Já fazia umas boas três horas e eles se aproximam da cidade a toda velocidade. O Brito estava, certamente, com pressa de chegar, na certa tinha marcado um encontro com a menininha sua paquera e não podia perdê-lo de jeito algum. Ao descer um pequeno morro com uma velocidade de uns 160 km por hora – o carro era novo e possante – Jorge viu ao longe uma visão pairando sobre o que lhe pareceu serem três cabras bem raquíticas; essa visão acenava fortemente em direção a eles, mas o Brito não via nada. Quando se aproximaram do grupo de cabras elas, cabras resolvem cruzar a estrada. Passa a primeira aos pinotes e o Brito vendo de longe tenta diminuir a marcha, mas continua talvez a uns 140 km por hora; em seguida passa a outra cabrinha, e o Brito não para; ele imagina que duas cabras são as únicas que pretendiam cruzar a estrada. Mas nada, bem em cima do carro cruza a terceira cabritinha – é sempre assim, sempre tem uma última cabrinha. A visão que Jorge havia visto no início reaparece e, com os braços cruzados e sorrindo espera pelo violento impacto. Tomas e Brito saem voando pelo vidro traseiro do carro enquanto ele, com o cinto preso, fica amarrado ao assento do carro. A visão, Ella, fica a lhe sorrir e diz nitidamente:

- Você fica me devendo esta...

Gravura de AllPosters.com

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Tuesday, January 05, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 113


ELA ATRAIA A TODOS

Era impressionante a capacidade que ela tinha de atrair as pessoas, todo tipo de pessoa. Em frente à sua bodega, pois ela tinha uma, e era dela mesmo, passavam e demoravam para um dedo de prosa e para pedir algum trocado, boa parte dos pedintes da cidade. O Argemiro, este era mesmo habitué, ele lhe trazia café e bolinhos e só pedia um sorriso maroto como pagamento, pois mais que isso ele nem sabia o que poderia ser – eu nunca beijei na boca de uma mulher, ele dizia. Depois chegava a Nilza, com sua bengala a pedir um real e ia logo para casa, pois tinha que entrega-lo para os sobrinhos. O Perejo, este coitado, passava o dia engraxando as sandálias dela a troco de, novamente, um simples olhar. Tinha também o vendedor de relógios da porta do mercado que, de vez em quando, vinha acertar a hora de seu roscofe com o mido dela. E aquele mudo que passava e lhe lançava olhares de frete e ela correspondia? Até uma indiazinha aparecia montada em sua mota para um dedo de prosa. Como uma mosca varejeira aparecia também o velhinho já encanecido, mas nunca desesperançado. Ela era e fazia uma festa na Várzea.


La seductrice por Keith Mallet from AllPosters.com

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Sunday, January 03, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 153


PASSAGEM DO ANO

Ah! Sei que não tem quase nada funcionando hoje, mas mesmo assim vou cumprir minha obrigação de todos os sábados ir dar um passeio pela praça. Pensava lá com seus botões o velhote. Ele foi direto para o Shopping Espanhol para tomar um capucino. Ao saudar – como nos velhos tempos – a atendente ele perguntou:
- Como foi a passagem do ano para você? - Foi bom, calmo, em casa com a família. E para o Senhor? - Ah! Não gostei! Eu gostaria que o ano não tivesse passado e nós ficássemos em 2009. Foto de G1.com.br

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Saturday, January 02, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 22


VIAGEM INVESTIGATIVA


O fusca creme já estava em frente à Casa Grande pronto para a viagem e foi só uma questão de ir ao posto para abastecê-lo e verificar a água do radiador e calibrar os pneus. O frentista, seu conhecido, aceitou o cheque do Banco do Brasil, pois eles não tinham dinheiro, somente uns trocados para a viagem, talvez tomar um café com tapioca na Caçapoeira. (...)



Tocaram para a estrada e, sem uma palavra, viajaram por quase uma hora. Ele, como de costume, fazendo jus à sua proverbial falta de educação, não dava uma palavra com sua irmã, só pensava. Essa era uma viagem que ele tinha inventado fazer com Norma a fim de pô-la a par de seus problemas sentimentais. Ele não tinha coragem de abordá-la diretamente e, precisou fazer um pouco de teatro dizendo que precisava viajar com ela para a Lagoa Vermelha em busca das raízes de uma família da qual estava interessado. Guiando, ele pensava como nesses últimos dias nada de importante tinha acontecido na bodega, ninguém tinha feito qualquer fuxico, por exemplo. Subitamente, talvez por uma total falta de assunto, falta do que dizer mesmo, nem que fosse alguma coisa criada na hora, Miguel abre a boca e, antecedido por um profundo suspiro, fala para a irmã sobre seu relacionamento com Judite. Era mesmo muito estranho o que ele sentia pela menininha - era assim mesmo que ele queria se referir a ela, pois ela só tinha dezoito anos e dizia que era de sua mesma idade, referindo-se aos seus já cansados trinta e oito!
Miguel não entendia nada do que estava se passando com ele: descobriu estar totalmente dependente da menina. Isto é, dependente de seus olhares, seus pequenos gestos cujo significado ele procurava entender e entender como os dele – de fascínio. A imagem que sempre trazia em sua mente era aquela de quando a vira pela primeira vez, sentada em um banquinho de madeira em frente à bodega onde trabalhava. A menininha não era bonita, mas ele confessou para a irmã achá-la charmosa demais. Quando o seu interesse por ela começou, achava que fosse inteligente e de modos educados. Essa impressão foi se modificando de tal sorte que a inteligência foi totalmente dissociada de seus modos, pouco a pouco. Ela era inteligente, aliás, era não, é inteligente e isso, para ele era um desastre. Miguel achava que sua inteligência seria suficiente para modificar seu comportamento estouvado; diga-se também que de estouvado não havia muita coisa, pois ele, desde cedo, classificou os modos de agir da garota, como de extremamente mal-educados, pareciam mesmo um comportamento escoicinhador. Ele dizia a sua irmã, bem mais nova que ele, mas ainda assim mais velha que a menininha que esperava, ao lhe contar essas histórias que ela lhe ajudasse a entendê-la, pois isso se tinha tornado um ponto de honra. Sua irmã falou que já sabia de seu interesse por ela, - aliás, todo mundo na Vila sabia dessas suas investidas, pois Judite era filha de uma amiga da família, - perguntando-lhe se não sabia. Miguel disse que não, nunca a tinha visto e nem tinha conhecimento de qualquer ligação entre suas famílias. A irmã disse-lhe então que ela era filha de uma amiga de sua irmã mais velha e que era sua afilhada, uma dessas dezenas de afilhadas que o casal tinha. Todos os sábados chegavam os pais trazendo os filhos bebê para batizarem achando que o casal teria poderes mágicos para cuidar das crianças; não era isso que se esperava dos padrinhos? Ao chegarem a Caçapoeira desceram e se dirigiram à casa de morada do amigo e parente Fontoura que sempre tinha um café gordo com tapioca bem fininha e um bom queijo de coalho curtido. O Velho gostava de uma conversa principalmente quando se tratava de parentes como eles eram. Infelizmente para Miguel, depois de uma sondagem e sob os olhares críticos de sua irmã, ele descobre que o Velho não sabe nada sobre Judite e seus pais. Pudera! Eles são do outro lado do Rio e não poderiam mesmo se conhecer. Os dois ainda estavam sentados à mesa quando apareceu, vindo a cavalo, um rapaz morador em uma fazenda perto que apresenta à sua irmã um bilhete de seu pai pedindo que ela vá imediatamente a sua casa atender a doente necessitado de cuidados médicos urgentes. Eles acham que está havendo uma pequena confusão, pois o rapaz acha que ela é a médica que encomendou umas peças de palha de carnaúba, recebeu e não pagou. Desfeito o engano, pois ela nem é médica e nem encomendou coisa alguma Miguel volta para o Fusca e buzina freneticamente chamando sua irmã que, essa agora, quer encompridar a conversa com o Velho e sua filha que acabou de chegar. Finalmente a irmã entra no carro, reclamando bastante. Daí a meia hora eles chegam a Lagoa Vermelha e vão direto para o cemitério onde tentam localizar o túmulo do Coronel Joaquim José Silvestre fundador de um ramo importante das famílias da Vila. Logo encontram o túmulo de José Joaquim Silvestre morto em 1982. E depois um outro de José Joaquim Silvestre falecido em 1901 e um terceiro Joaquim João Silvestre falecido antes da proclamação da República! Após terem registrado as inscrições eles vão até a Lagoa Vermelha e lá falam com um senhor, já bem idoso, de nome Joaquim Silvestre Sales que diz ser filho de José Joaquim Silvestre aquele que está sepultado logo na entrada do cemitério. Os dois almoçam em um boteco na beira da estrada e, Miguel, com sua cabeça funcionando a mais de mil, toma a decisão de não mais querer saber nada sobre Judite e sua família.

15/8/09


Quadro de Edgar Degas (A Young Girl Stretched Out And Looking at An Album) em AllPosters.com


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Friday, January 01, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 96


Este é um dos mais belos poemas de Lívio Barreto. Consta de quatro partes escritas em diferentes épocas e é oferecido ao amigo de sempre Waldemiro Cavalcanti. Mostramos hoje a SEGUNDA PARTE.

OS CRAVOS BRANCOS

A Waldemiro Cavalcânti


DEDICATÓRIA

Aquela a quem meu ser, ajoelhado, rende
O culto mais profundo, o amor mais ideal,
Essa estrela que na alma a inspiração me acende
Como o sol faz florir as violetas do val,
Estes versos dedico, este sonho ofereço,
Onde canta a esperança o seu canto risonho...
Em seus olhos de criança eu o pesar esqueço!
Foi Ela quem me deu o meu primeiro verso,
O meu primeiro amor, o meu primeiro sonho.


II

DESABROCHANDO

Os cravos brancos vão abrir agora.
Ronda o luar no céu e há silêncio na terra.
Dorme ao longe, ao luar sonhando, a serra...
Os cravos brancos vão abrir agora.

Múrmuros ventos pelo ar soluçam,
Cessa o rumor na terra e anda o luar no céu;
As nebulosas pálidas se embuçam
Da via-láctea no cerúleo véu.

Os cravos brancos vão abrir agora:
Há silêncio na terra.e anda no céu o luar
Erram estrelas pálidas a orar,
E o azul se arqueia sobre a terra e ora.

A madrugada cândida desponta:
Enrubesce o Levante anunciando o dia.
Canta aleluia o vento que esfuzia...
A madrugada pálida desponta.

Pelos rosais anseia a viração.
Pensativo no céu anda o luar agora...
Cai mais frio o sereno e aponta a aurora,
Como um amor dentro de um coração.

Das longínquas paragens levantinas
Desce o carro da aurora altivo aos solavancos;
E à manhã abotoam-se as bobinas
E abrem-se os cravos brancos.


Imagem tomada de AllPosters.com

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