Thursday, July 31, 2014

O CARROSSEL

Saindo da Igreja, Carlão aproximou-se perguntando se conhecia o Mário. Não. Era do Lab? Nisso, Jorge vê Virna, séria, portando uma sombrinha colorida;  seu companheiro avisa que ela tem de ir para casa; a baixinha sorri e diz que vai casar com o bancário sobralense;  a bela dama fala que sua filha ganhou concurso de beleza; outra amiga confessa ter sido ele sua paixão; Roberto aproxima-se com dois bolsistas e tenta lhe dar cusparadas; o gaúcho sorri;  já é quase uma multidão e ele vai sendo envolvido; vê a menininha de cachos negros para quem fez versos sorrindo para ele;  girando loucamente aparece Dina, de Itaperuna, com seu colar de pedras reclamando da vida;  subitamente saem da Igreja, com seus sorrisos de frete, Anabolena e Anabilhar, as duas irmãs inseparáveis. De repente ele se vê na garupa da moto da doutora acompanhando os movimentos do carrossel. A festa ainda vai longe; olhando esse mar de gente ela sorri e diz:
- Deixa pra la...
Até hoje Jorge não conseguiu interpretar esse sonho.

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Monday, July 28, 2014

CHECK-IN - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 381

Reinaldo acordou no meio da noite e tomou um susto. Lembrou que sua viagem de volta seria logo mais à tarde. Ainda não tinha feito o check-in e precisava preparar a mala. Levantou-se procurando o bilhete para confirmar o horário. Quando passou a vista sobre o documento verificou ser o voo somente no dia seguinte. Desconfiado ele lembrou ter marcado um encontro logo a sua chegada.  Esse encontro seria amanhã ou depois de amanhã? Achava que,  no final  acabaria perdendo o voo e o encontro. Reinaldo ligou para a companhia aérea.  Após muitas tentativas conseguiu falar com uma máquina. Esta informou que teria de ir até ao aeroporto e pedir a informação no balcão da companhia. Foi aí que sua neta de dez anos lhe disse:
- Vovô vamo fazer seu check-in eletrônico e daí a gente sabe com certeza quando que é mesmo seu voo. Dito e feito, os dois descobriram que o voo do velhinho seria no dia seguinte.




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Thursday, July 24, 2014

MAMÃE BATE NA BOQUINHA


Brincavam por toda a casa todos os dias. Era sempre uma correria danada, a procura um do outro.  Betinho sempre ganhava e Dito, dois anos mais novo, terminava a brincadeira chorando, seja por ter perdido, seja por ter batido em algum móvel que atrapalhava a correria. Nessas ocasiões ele xingava:
- Sua merda de cômoda! Sai do mei! Betinho,  mais experiente, dizia:
- Dito num diz nome fei senão a Mamãe te da uma palmada na boca. Isso era como jogar água na fervura.

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Monday, July 21, 2014

A MORADA DA CAATINGA - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 380

A morada, afastada da cidade, era servida por muitos criados, de maioria negra, ex-escravos ou filhos ou netos de libertos que serviam aos patrões em tudo, a despeito da decadência generalizada. A mansão, isolada, foi mais ou menos protegida contra intrusos por algumas gerações. Entretanto, esses começaram a transpor os fossos e quebrar o isolamento das moças reclusas, que tocavam peças de Chopin, e liam romances de M. Delly ou mesmo obras “pesadas”, como as dos autores socialistas comuns à época. Alguns dos invasores, bárbaros e incultos, ganharam as moças com seu blá-blá-blá milenar, fácil e enganoso. Muitos pretenderam imitar os senhores, menos bárbaros, mas nunca conseguiram. Outros ainda se adaptaram às regras tradicionais se bem que a custos enormes. A morada, como era, deixou de existir. 

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Thursday, July 17, 2014

MISS


Com a cabeça abaixada ele mexia no iPhone, certamente no Face, a procura de algum post para curtir. Tomou um susto quando ela disse:
-Oi Seu Ricardo! O senhor por aqui? Seu Ricardo ficou mudo. Ele não soube o que responder. Ela então perguntou:
-Assustou-se? Desculpe... Ele continuava a mirar aquele rosto bonito. Sem saber o que dizer. Até que resolveu:

- Oi? Tudo bem?

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Monday, July 14, 2014

TALZINHO E SUA HERANÇA- HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 379


Preso em seu diamante Talzinho preocupa-se em voltar à vida. Seus companheiros terrenos fazem todo o possível para remediar essa situação angustiante. Galinha morta na encruzilhada;  ex-votos em Canindé e Juazeiro; consultas a videntes estabelecidas; cartas de tarô; até uma peregrinação a San Tiago de Compostela foi marcada para setembro próximo. Lá no alto, observando a cena, ele notava que sua turma poderia desaparecer caso não tomasse medidas sérias. Talzinho estava dando forças a seus aliados de agora, antigos opositores; o novo grito de guerra era “Nóis contra todo mundo”. Ele enviou uma mensagem pregando as novas ideias que, na realidade, não eram tão novas assim. Acompanhando a mensagem ele mandou enorme quantidade de uma substância especial. Essa droga, preparada por laboratórios nos Estadozunido, promovia a imediata adesão de antigos opositores a seus quadros. Além dessa nova substância Talzinho enviou instruções de como fazer coleta entre a riqueza local para financiar o partido durante o mandato de seu afilhado que ficara em seu lugar. Esse dinheiro seria também utilizado para a preparação de sua volta triunfal em outubro, afinal de contas toda sua gente era contra tudo e contra todos. 




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Thursday, July 10, 2014

Rosto da mulher através dos séculos





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O ANIVERSÁRIO DA TOINHA

Em qualquer reunião todos tocam a falar sobre os parentes e amigos que estão fazendo aniversário na data ou fizeram há pouco. Geralmente são mulheres que tomam a iniciativa. Nesta festa dizia uma:
-Pois bem!  Ontem foi o dia do aniversário do Tio Jotaeme, ele teria feito 101 anos!
-Eita! Pois é!  Ele nasceu em 13 e a mulher dele é mais nova, é Belinha o nome dela, não é? Ela vai completar, eu acho 93.
-E tu te alembra da Raimundinha? Ela se foi semana passada e só tinha 85.
-Era da mesma idade da Francisca!
-Amigona essa!
-E a Mariinha do Eduardo?
-Essa morreu ainda nova, no ano passado, tinha só 65.
-Ei! Quem quer bolo? Vamos cantar os parabéns! Gritou o Assis marido de uma delas, para o grupo das conversadeiras.
Todas se aproximaram da mesa onde estava o bolo da Toinha; era uma grande torta de morango com 89 velinhas. Essa torta fora comprada no bufe da Bárbara e custara uma fortuna. 




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Monday, July 07, 2014

ESCRAVOS DE AMARRAÇÃO - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 378


O Coronel Hurst um escocês idoso, solteirão, tinha estabelecimento comercial em São Luís. Logo ao chegar de seu país fez grande fortuna em negócios com babaçu. Sua firma chegou a ter representantes em cidades portuárias próximas, como o Pará, Amarração e o Ceará. Além de sua dedicação ao comércio de babaçu ele tinha interesses na produção e comercialização de cera de carnaúba nessas províncias. O Coronel tinha também negócios com gado bovino, tendo montado grandes curtumes. Pouco tempo após ter chegado ele havia acumulado uma enorme fortuna representada por ouro,  terras, gados e escravos.

Certo dia ele recebe carta do Ceará informando que três dos escravos fugidos de sua fazenda em Amarração haviam sido presos. O Coronel Furtado avisa que poderá enviá-los para Amarração assim que o Delegado concluir o inquérito e o Coronel Hurst enviar dinheiro para cobrir todas as despesas. Incluindo aí o custo de cinquenta chibatadas que deverão ser aplicadas em cada um dos escravos. Ele terá que dar sua concordância por escrito e enviar tudo aos cuidados do Coronel Furtado. 


Logo a autorização chegou assim como o total de 90 mil réis que era o valor das despesas a serem feitas; aí estava incluído o preço do chicote novo que o Coronel Hurst queria que fosse entregue ao Chico da Maristela, seu amigão, para fazer o serviço.

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Thursday, July 03, 2014

INSTRUÇÃO CLÁSSICA - HISTORIETA




Abelardo sempre quis ser instruído, sabido, mas nunca tivera tempo de ler os livros certos, indicados por professores ou amigos ou mesmo namoradas, como Heloísa, que eram  instruídas e sabidas e tinham passado por essas experiências já no colégio. Por isso mesmo ele deixou escapar muitas oportunidades de ler e apreciar, ou não, os chamados clássicos. Ele se lembra das oportunidades perdidas em mergulhar nas obras dos gregos e romanos bem como dos clássicos como Dante, Cervantes, Santo Agostinho,  São Tomás de Aquino e centenas de outros. Enquanto, isso seus amigos, mesmo sem ter aquela vontade ou necessidade intelectual de imergir no mundo clássico, faziam sucesso com citações e observações passageiras sobre eles. Só muito mais tarde Abelardo descobriu que eles liam muito, pois se dedicavam a passar os olhos de relance em resenhas, resumos e a ler orelhas de centenas de livros desses autores importantes editados recentemente.  O resultado disso foi que ele, já um velho sem muitas aspirações intelectuais, passou a surpreender os amigos lendo com sofreguidão os mais diversos autores do mundo clássico esperando que, em futuro próximo (?) fosse recompensado por um entendimento melhor da Vida.

#Historietas #AbelardoeHeloisa #classicos




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