Thursday, July 31, 2008

VISTAS DA GRANJA 56






Cancelas da Granja


Cancelas ou porteiras sãos grandes portões, de madeira ou metálicos, que guarnecem as entradas de uma propriedade rural. Estes têm a finalidade de controlar o trânsito de gado, pessoas e veículos. São também utilizadas em currais. (Cercado construído de pau-a-pique, pedra, madeira ou com o mesmo estilo de construção de cercas que serve para confinar o rebanho. É bastante usado no regime intensivo e semi-intensivo de criação.) Trata-se de uma invenção milenar, que pouco evoluiu com o tempo e que pode ser encontrada nos campos de praticamente qualquer país, em alguns de forma ainda bastante rústica.


Texto adaptado de verbete em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Curral"

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Wednesday, July 30, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 64


Raimundo do Espírito Santo - 6

O túmulo do Padre Lobo
Certo dia seu bisneto apareceu-lhe em casa dizendo que queria saber onde o velho padre estava sepultado. Raimundo do Espírito Santo reuniu gente das redondezas com os mais diferentes sobrenomes como Magalhães, Santos, Vaz, Passos, Fontenele, Souza e outros todos interessados na vida e na morte do parente padre. Tocaram em direção ao Manhoso. Após muitas horas de caminhada eles chegaram ao velho cemitério, bem adiante da vila, onde os antigos diziam estar sepultado o Padre Lobo. Não era bem um cemitério, pois não havia propriamente túmulos e sim montes de pedras arranjadas sem nenhuma ordem indicando possíveis covas feitas há bem mais de cem anos. Havia pra mais de vinte amontoados e, em cinco desses havia sinais de que eram mesmo túmulos, com cruzes de madeira. Não sei por que eles decidiram voltar à noite. Ao retornarem, no escuro, eles notaram sobre um dos túmulos sem nenhuma marcação, uma luz azulada que se elevava tremulante e dava a impressão de ser a figura de um sacerdote puxando uma jovem potiguara pela mão.

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Tuesday, July 29, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 43


Sombras e figuras

Ricardo estava só em seu apartamento lendo e foi dormir bem tarde. Durante a madrugada acordou e viu a figura de uma mulher que se fundia à guarnição da porta e a cena era completada com muitas sombras e figuras humanas. Por mais que ele tentasse não conseguia associar essas figuras com alguém conhecido. Na tentativa infrutífera Ricardo dá um grito enorme e pronuncia palavras incompreensíveis (quem terá ouvido?). Foi aí que a figura principal desvaneceu-se e ele passou a ver uma outra pessoa com a cabeça inclinada sobre sua cama e que se confundia com a mancha vermelha da lâmpada piloto do televisor.

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Monday, July 28, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 33


O moço de camisa vermelha

O moço já devia tê-lo visto antes, pois se pode dizer que ele o estava esperando. Sentado a uma mesa do restaurante, bem em frente ao corredor que dava para todos os quartos da pensão, estava aquela figura macilenta, vestindo uma camisa vermelha de malha. Ele o fitava insistentemente, mesmo quando Miguel se movimentava para tomar seu café em uma mesa bem afastada da dele. Após terminar sua refeição e sem que o moço de vermelho tenha deixado de acompanhá-lo com o olhar Miguel nota que o dito cujo não se encontra mais na sala. Ele se encaminha para seu apartamento sendo surpreendido pelo moço que o havia acompanhado silenciosamente até a porta. Miguel estaca e, ao por a chave na fechadura o moço, com um olhar de cabra morta se acerca e tenta dialogar:

- Você faz o que aqui?
- Sou representante.
- Você é de onde?
- Sou de Várzea Pequena.
- E como é o seu nome?
- Pedro, Pedro Silva. E o senhor, o que faz aqui?
- Vim fazer vestibular.
- Pra quê?
- Ciências sociais.
- Ta bom. Boa sorte.

Miguel bate a porta para fugir daqueles olhos lânguidos.

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Sunday, July 27, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 86


Doutor eu tenho TOC?

Ela bateu à porta do consultório, toc, toc, toc, e esperou que a atendente viesse abri-la, pois ele não pegaria no trinco. Quando entrou o médico mandou-a sentar e ela mais que depressa foi batendo na mesa, toc, toc, toc, e dizendo:
- Doutor eu estou preocupada.
- Por quê?
- Você sabe que eu coleciono jornais antigos e agora passei também a me interessar por almanaques de propaganda, tipo Almanaque de Bristol, dos antigos. Você sabe que essas coisas vêm sempre com muita poeira e eu sempre lavo bem as mãos antes e depois de manuseá-los – umas duas ou três vezes.
- Ótimo! Você mostra que tem cuidado com a saúde.
- É doutor, mas eu também passei a lavar por fora e por dentro a banana que vou comer e quando vou enxugar as mãos eu sempre pego uma toalha limpa, tenho pavor das já usadas por outra pessoa...

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Friday, July 25, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 33


LÍVIO BARRETO (1870 - 1895)

O amor é uma parasita que nasceu no coração da mulher
fazendo-a sublime; arraigou-se no coração do homem fe-lo
grande, espalhou-se por toda humanidade transformou-se.
Outrora dava-se, hoje vende-se.

(Inédito)

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Thursday, July 24, 2008

VISTAS DA GRANJA 55


OFERTA DE PROTEÍNA ANIMAL NA CIDADE - Não existe abate adequado e nem transporte ou venda higiênicos da carne abatida localmente. As fotos lembram como a comunidade ainda tem de avançar para resguardar seus interesses e sua saúde.

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O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 63

Raimundo do Espírito Santo - 5

Wolf - Ladrão de cavalos

O velho Raimundo do Espírito Santo não gostava muito dessa história, aliás, não gostava nem um pouco. Ele não acreditava nela, mas em ocasiões especiais ele não se incomodava que os netos a contassem. Era aquela que dizia ter seu avô, o Sargento-Mor Wolf, perdido o emprego. E ele perdeu o posto, por ter sido descoberto roubando os cavalos do Terço de Cavalaria Paga estacionado em Russas, no qual servia. Não houve advogado que o livrasse da prisão do Limoeiro.

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Tuesday, July 22, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 42

A sinuca do Seu Mateus

Ele viu a Maria chegar e dizer-lhe baixinho:

- Jorginho sua mãe ta lhe procurando já faz é tempo.

- Já vou! E saiu correndo pra casa, só a um pulo do bar.

- Que é que você tava fazendo no Bar do Seu Mateus?

- Nada, Mamãe, só tava lá um pouquinho...

Na verdade ele estava ao lado da sinuca nos fundos do bar. O velho vendia bebidas, refrescos, bolachas e uma porção de bugigangas e tinha essa sinuca. Jogar sinuca era proibido para ele, mas ela o fascinava: o pano de feltro verde, as bolas de cores, a lousa para marcar, tudo lhe dava vontade de jogar. Nunca passou por sua cabeça que aquele simples bater de bolas coloridas traria problemas para sua “cultura”. Mas os de casa pensavam assim; não sua mãe, ela não era Raposo, seus motivos talvez fossem de ordem religiosa. Sem nunca ter pegado num taco, ele acostumou-se a ver os outros jogarem e, quando muito, anotar na lousa os pontos feitos. Ele não podia ficar muito tempo, pois a mãe o controlava bastante.

Quando chegou, a janta já tava na mesa. Se ele demora mais um pouco ficaria sem almoço, pois a regra de sua mãe era: quem não estivesse em casa na hora do almoço passava por “debaixo da mesa”.
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Monday, July 21, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 32


Gêmeas fraternas

Muitos estudantes apareceram para a entrevista. Duas garotas muito bonitas e atiradas foram as últimas a aparecer. Elas eram sobralenses e mostravam ter uma boa formação. O professor quis saber mais sobre elas:

- Vocês são de onde? - De que família? - Gostam daqui? E por aí vai. Quando elas estavam saindo ele espantou-se com a semelhança das duas e perguntou:

-Vocês são parentas? Uma delas respondeu:

-Sim, somos gêmeas, hi, hi, hi!

-Vocês são muito bonitas! E elas, em uníssono:

-Obrigada!

Foi neste momento que o professor apaixonou-se, não por uma, mas por duas garotas. A primeira foi descartada logo, pois a segunda se intrometeu e empurrou a irmã para fora da competição. Joana, a primeira, era bonita, mas tinha algo diferente e isso o preocupou. Já Diana era muito feminina, muito agressiva, nada a incomodava; falasse quem quisesse, entrava no seu gabinete sem bater, a qualquer hora, para conversar, aliás, não conversar, mas para pedir alguma coisa. Ele se retorcia com uma paixão abrasadora, ela notava, dava-lhe mais corda. Dizia-se, sem muito segredo, que metade do “povo” da Escola achava que eles tinham um caso e que a outra metade tinha certeza disso. Essa paixão durou algum tempo até Diana terminar o curso e ir embora.

Jorge levantou-se de sua rede vermelha após ter dormitado até quase o meio-dia e, com um sorriso, foi tratar de preparar alguma coisa para comer. O domingo seria longo e solitário.

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Sunday, July 20, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 85


No Zoologisches Garten - Am Zoo

Pedro visitava um zoológico, para ser mais preciso era o Zoologisches Garten, em Berlim. Ele aproximou-se das grades de uma jaula onde estavam um cachorro imenso, malhado de preto e branco e um macaco verde que se jogaram sobre ele e o lamberam, amigavelmente... Alguém ao lado disse, presumivelmente em alemão, que eles não faziam mal a ninguém. Quando Pedro, sem entender coisa alguma, afastou-se, um deles, - o macaco verde ou seria o cachorro malhado? -, perguntou para ele, em português brasileiro: - Você vem amanhã?

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Saturday, July 19, 2008

EXTRA! EXTRA!

INSTITUTO JOSÉ XAVIER DE GRANJA - VISTA DO
HALL DE EXPOSIÇÕES



O Diário do Nordeste de Fortaleza (Ceará, Brasil) publica em sua edição deste domingo (20/7/08) matéria sobre "Tesouros Históricos - Acervos particulares guardam memória do CE" na qual o papel do Instituto José Xavier de Granja, Ceará tem destaque.


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POEMAS BARRETO/XAVIER 32


JOSÉ BARRETO XAVIER (1903-1982)

O segundo filho varão do casal Elisa e Ignácio Xavier deixou manuscritos enfeixados em um volume a que deu o nome de Esmaltes e Camafeus e que, em sua maioria, não foram publicados. O poema abaixo transcrito faz parte dessa série.

I

Morena e formosa, de formosura a que dão relevo o irresistível da graça e a fascinação da bondade.

Sem dúvida o maior de seus encantos de jeune fille, é, por certo, o desses olhos que agora teriam, se eu fosse poeta, a exaltação de uma elegia comovida.

Na luz que deles dimana, feita de luar e veludo há estranhos mistérios e vagos encantamentos e parece que se reflete como no cristal de um espelho a divina transparência de sua alma.

Ora tristes, magoados e sombrios como dois crepúsculos; ora risonhos, cheios de vida e de mocidade, por eles transparecem as emoções desencontradas e diversas, de alegria ou de tristeza, de esperança ou de saudade da sua psiché encantada, nada disso ensombra ou diminui a simpatia envolvente de sua pessoa em que a delicadeza do trato cativante se casa à doçura e à meiguice de uma alma compassiva e serena.

Apesar de viver para os lados de S. Antônio, não é das mais fervorosas do santo a cujo culto parece preferir a devoção desinteressada do Cristo e da Virgem.

Será isso também mais uma prova da filosofia de serena indiferença a que tem disciplinado seu coração por cuja posse quem sabe quantas almas não se têm dobrado fervorosamente diante de S. Antônio na ânsia de um milagre em que o taumaturgo lhe (...) ao sol do amor a frieza glacial em que anda imerso.

1924

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Thursday, July 17, 2008

VISTAS DA GRANJA 54





AÇUDE GANGORRA - FOTOS DE JUNHO DE 2008

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Wednesday, July 16, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 62


Raimundo do Espírito Santo - 4

O bisneto do Tenente Wolf

O velho Raimundo do Espírito Santo gostava muito de seu neto e mais ainda por ser ele descendente direto dos primitivos habitantes da Ibiapaba, pois que sua bisavó era índia pura. Ele também não negava achar de muita valia o menino ser filho de padre e bisneto de um guerreiro valão, o bárbaro Tenente Wolf. Com toda essa mistura de sangue nobre ele só não queria que o menino fosse ser caixeiro de loja na Granja. Não houve por onde evitar essa sina, pois a antiga Macaboqueira era um celeiro de comerciantes ricos e espertos que davam guarida a jovens ambiciosos, ou nem tanto. Quando o menino ficou taludinho sua mãe, que era de uma raça teimosa, mandou o menino, contra a vontade do avô, para aprender a ser homem de verdade com o Coronel. O garoto aprendeu tudo com ele só não a ganhar dinheiro.

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Tuesday, July 15, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 41


Seis horas, está na hora!

São seis horas e ele ouve um carro parar em frente e logo seguem dois toques breves da buzina. Ele sabe quem está lá e dá uma ordem com sua voz que está um fiapo:

- Ô Maria Inês vai lá fora e diz que eu vou já, que estou terminando umas coisas e vou num minuto.

A empregada, um misto de governanta e enfermeira olha pra ele e hesita em cumprir a ordem. Ele insiste e ela vai intrigada. Quando volta entra no escritório com um copo de suco de caju diet sem gelo que é como ele gosta, ou melhor, suporta. Maria Inês não traz mais as frutas cortadinhas com mel que ele tanto gostava. A dieta do Patrão, que é como ela o chama, está restrita a sucos e de vez em quando uma barrinha de cereais, também de baixas calorias. Ela não sabe mais o que fazer, pois ele está emagrecendo a olhos vistos, com olheiras e, para piorar não se cuida mais. Ainda há dois dias ela transmitiu pra ele o telefonema que atendeu:

- Patrão a Marcinha do salão ligou e disse que estava lhe esperando.

Ele tirou o olhar da tela do micro e balançou a cabeça em sinal de negação.

Daí a pouco ele levanta-se e sai com algumas folhas de papel na mão. Toma o elevador e, na calçada entra no carro vermelho cor de fogo que o espera.

- Bom dia!

Ella responde recriminando-o:

- Eu não lhe avisei que vinha hoje?!

- É, mas eu estava enviando umas mensagens. Agora tudo bem...

Ella pôs o carro em movimento e, no cruzamento acelerou com vontade e os dois desapareceram no carro.

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Monday, July 14, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 31


Christine não responde

Toda vez que o carteiro passava e não deixava carta nenhuma para ele Ricardo lembrava-se de um parente seu que tinha a mania de escrever para vultos famosos de todo o mundo contando suas desventuras e pedindo ajuda para resolver seus casos. Passava-se com ele alguma coisa parecida, mas de certo modo, bem mais interessante e picante. Ele deu para escrever para jovens atrizes que apareciam em sites não recomendados da internet oferecendo às moças casa, comida e roupa lavada. Ele já havia escrito pra bem mais de uma centena, mas havia uma delas que ele punha fé que respondesse. Era a Christine uma loura de fechar o quarteirão; já fazia uns seis meses que ele havia escrito a primeira carta e outras se seguiram e até agora a danada não tinha respondido. Mas ele ainda tinha esperanças.

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Sunday, July 13, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 84

Terminou no Café Java

Os rapazes formavam uma verdadeira manada de filhinhos de papai, bem uns seis. Eles saiam à tardinha, e iam atolar como diziam. Sempre a pé, algumas vezes iam de bicicleta. Ficavam nos passeios da Praça da Lagoinha a observar as garotas que circulavam em suas bicicletas reluzindo de novinhas. Umas não tinham mais do que quinze anos, cheias de beleza e de graça. De graça não, pois a Dinah, filha do Capitão chefe de Polícia provocou distúrbios intestinas ao Wellington. O caso foi que esse filho do Coronel Meton deu em cima da garota e os dois já estavam de caso: bilhetinhos pra lá, bilhetinhos pra cá até que um dos companheiros do moço atrevido deu com a língua nos dentes e o Capitão soube do que estava se passando. Ele obrigou a filha a lhe mostrar os bilhetes do Wellington e, mesmo sem lê-los chamou o rapaz para uma conversinha. Não houve como o garotão recusar o convite e o encontro se deu no Café Java, em plena Praça do Ferreira. O velho – o Capitão nem era tão velho assim – tomou todos os bilhetes, talvez uns dez e, na frente de todos amassou-os e obrigou o pobre do Wellington a engoli-los de goela abaixo. Nem um pega-pinto ele tomou pra ajudar a descer o papelório.
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POEMAS BARRETO/XAVIER 31


INÁCIO XAVIER FILHO (1921-1999).

Sensação Matinal.

Ontem fui feliz.
Os pássaros me dizem:
Nós também somos felizes.
Sinto de longe o perfume das rosas.
Gosto de espreitar os passantes
Na rua, do portão.
De repente passou uma moça...
Baixinha... Só tive tempo
De ver o cabelo, gingando...
Vestia amarelo e branco.
Mesmo assim de costas,
Via-se que devia ser bonita de frente!

26-11-87

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Thursday, July 10, 2008

VISTAS DA GRANJA 53


Lá na Rua Deputado José Xavier temos de tudo: temos energia elétrica, sinal de televisão, ...

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Wednesday, July 09, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 61


Raimundo do Espírito Santo - 3
A missa do Padre Lobo

Ignácia e Raimundo do Espírito Santo ainda não haviam ido à missa rezada pelo novo padre da Matriz. Ele havia chegado há pouco tempo e já era famoso na cidade, pois diziam ser bonito e muito sabido. No domingo eles foram acompanhados pela filha Rosa – essa já havia ido a missas rezadas pelo Padre Lobo, pois esse era o nome do jovem sacerdote. Rosa sabia onde o padre morava e sabia também muitas outras coisas. Os três sentaram na segunda fila onde tinham cadeiras especiais, reservadas para a família.
A certa altura da celebração, antes do ofertório, o velho Raimundo do Espírito Santo cutucou sua mulher e disse bem baixinho para ninguém ouvir:

- Ignácia, aí tem... Você viu o Padre Lobo todo enxerido e vermelhão pros lados da Rosa?

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Tuesday, July 08, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 40


Amor turvado

Clara (Luz da Aurora Boreal) e Valdemar (do Amor Divino) moravam no mesmo bairro da cidade e iam juntos ao colégio desde o curso primário. Logo que despontaram os primeiros sinais das diferenças sexuais a amizade de criança passou para um patamar especial e quando ficaram taludinhos passaram a namorar e daí ao casamento na igreja de São Pedro, com muitas festas, foi só um passo. Valdemar (do Amor Divino) passou a trabalhar no centro da cidade e tinha muitas oportunidades de conhecer pessoas interessantes, bem mais do que sua querida Clara (Luz da Aurora Boreal). Não é que ele conheceu uma linda moça, morena, com tudo em cima, como seus colegas diziam e logo se interessou por ela? Certo dia, na lanchonete onde almoçava bem perto do trabalho ele abordou a tal linda moça e logo lhe perguntou o nome. Ela lhe respondeu com o sorriso mais bonito que podia extrair de seus dentes recém implantados pela Dra. Sandra:

- É Joana da Paixão Luz... E o seu?

- Valdemar do Amor Divino...

Esse encontro entre o Amor e a Paixão turvou permanentemente a luz que iluminava a vida da jovem esposa de Valdemar do Amor Divino.

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Monday, July 07, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 30


O galo pedrês

O Seu Miguel morava no Alto dos Pescadores e era conhecido como uma espécie de vidente ou coisa que o valha e interpretava sonhos. Recentemente foram a sua casa três cabos eleitorais de políticos da cidade: o Bebezinho, o Belezinha, e o Bileuzinho. O interessante é que eles foram no mesmo dia e cada um sem saber da intenção do outro. Quando lá chegaram pediram para falar com Seu Miguel, pois queriam contratá-lo para interpretar os sonhos que os “home”, seus patrões, tinham tido, constataram eles agora, no mesmo dia. O vidente diz que interpretará os três sonhos se eles mandarem tapar o buraco que tem bem em frente de sua casa e tirar os porcos que fazem plantão ao lado dela.

Os sonhos dos três candidatos eram espantosamente semelhantes: eles sonharam com um enorme galo pedrês que bicava os três. O animal dava bicadas incessantes ameaçando transformar aquela arrumação num mar de sangue. Seu Manoel disse que o galo pedrês era a representação do povo e dos anseios de liberdade e democracia e as bicadas significavam que a população estava se preparando para uma reação aos desmandos passados, presentes e futuros. O velho vidente adiantou que era impossível acabar com as bicadas do galo pedrês até que a cidade alcançasse um IDH civilizado.

Intrigado com sua própria interpretação Seu Manoel perguntou:

- Escuta aqui gente o que é esse tal de IDH que eu não sei?

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Sunday, July 06, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 83



Aquele que faz esquecer = Causing to forget

Jorge leu na coluna do Júcio Nacional que o Malaquias está de volta à cidade, pois foi demitido do alto cargo que tinha na Universidade McBain. Uma das razões de sua demissão foi enviar e-mails em número exagerado (sic). O interessante é que logo após ter lido a notícia Jorge cruzou com esse camarada no Calçadão, isto é, logo pela manhã. Mesmo atrás de óculos escuros o sujeito o reconheceu e falou:

- Olá Jorge!

Este o olhou de través e não lhe deu resposta. Agora que o homem está por baixo descobre que eu tenho nome, pensou Jorge com seus botões. Incontáveis vezes o Malaquias, quando de férias, cruzava com ele e voltava o rosto para o lado oposto. Jorge lembra que o camarada devia-lhe alguma coisa, talvez um pouco de caráter, e nunca lhe pagou. Refletindo com calma, Jorge acha que poderia ter respondido ao cumprimento do tal dizendo:

- Eu te conheço? Quem é você?

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Friday, July 04, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 30


INÁCIO XAVIER FILHO (1921-1999)

Cantigas de pássaros

Fim de semana no ar, quinta ou sexta-feira, de manhã...
Um pássaro canta:
De sete dias eu já me livrei...
Outro pássaro:
O nosso canto nos libertará...
Pouco nos separa na vida, da morte.
Todos os pássaros:
Ninguém se libertará da eternidade...

29-07-86

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Thursday, July 03, 2008

VISTAS DA GRANJA 52


A Rua do Azevedo, cujo nome atualmente é Rua Pessoa Anta é a mais extensa da cidade de Granja indo desde a Estação da RVC até o Alto dos Pescadores. No centro ela abriga diversos casarões antigos, como o Sobrado dos Gouveia e a Casa dos Xavier, entre muitos outros.

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Wednesday, July 02, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 60


Raimundo do Espírito Santo - 2
Do Arraial da Macaboqueira para a Vila Viçosa



O velho Raimundo do Espírito Santo lembra, ainda agora, buscando em sua espantosa memória, o episódio que viveu quando chegou a Serra. Ele e seus companheiros estavam sentados à beira do riacho, descansando da longa caminhada desde o Arraial da Macaboqueira. Subitamente eles ouvem passos na mata e, quando dão fé vêem uma mulher índia, muito jovem e muito bonita que os ameaçava com um tacape. Ameaçava por quê? Imaginou ele levantando-se para encará-la. Para sua surpresa ela começa a correr e ele decide seguí-la. A corredora foge por uma boa meia légua, serra acima, perseguida por Raimundo. Ao chegarem a uma corredeira, no alto, ele consegue derrubar a jovem índia que logo se aninha mansamente em seus braços dando origem assim a mais uma família na Serra.

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Tuesday, July 01, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 39


Peixinho vivo na sopa = A living little fish in the soup

Estava sentado à mesa tomando uma sopinha japonesa, um tipo de missô, quando um cidadão japonês aproximou-se trazendo o seu prato de sopa também. Começou a tomá-la fazendo ruído desagradável para mim. Observando bem eu vi, então, um pequeno peixe vivo nadando em seu prato de sopa e o cidadão tentando leva-lo à boca. Falei alguma coisa, reclamando daquilo, que era feio, falta de modos... Subitamente um compatriota do comedor de peixinhos toma as dores pelo outro e diz que eu tivesse mais respeito com os costumes deles, pois no Japão era assim, tradição...

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