Sunday, November 30, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 104

Sonho de verão

Ricardinho tem sonhos fantásticos e os divide com os amigos mais chegados, pois ele é um verdadeiro bocão e conta tudo o que lhe acontece, de dia e de noite. Eles o ajudam e se divertem com o trabalho de organizá-los em diversas classes e tipos. Pois bem, a primeira classe era: sonhos sonhados, isto é, os sonhos noturnos, que ele os tem dormindo como todo mundo e sonhos acordados, sonhados tidos durante o dia. Estes eram bem mais numerosos e bem mais perigosos. O Ricardinho tinha a tendência de acreditar que seus sonhos diários, que aconteciam normalmente como diálogos em todos os lugares e oportunidades, poderiam, ou melhor, estariam a um passo de se transformar em realidade. Um dos que mais gostava era aquele que ele alimentava de levar aquela viúva, grande proprietária de terras no interior, de passarem um mês inteiro em Roma, visitando lugares históricos e sagrados. O detalhe é que ele nunca havia trocado sequer uma palavra com a gentil senhora. O sonho esboroou-se quando, aparentemente, ela deixou de caminhar na Beira-Mar. E como ele não sabia onde ela morava nem tinha o número de seu telefone foi o fim de mais uma viagem à Itália.
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Saturday, November 29, 2008

POEMAS BARRETO XAVIER 49


MÁRIO BARRETO XAVIER (1906 – 1969) nasceu em Granja, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier. Faleceu em São Paulo.

Desistência

Princeza, como está tua vida?
Hoje eu andei pelos bairros distantes.
- Eu vou bem, obrigada –
Nos cinemas, a vida se encontra organizada, é bom.
Porque o ronco dos ônibus acompanha de perto a respiração micro.
E mesmo o Tempo não me convém,
o Tempo
me incomoda bastante.
Hoje eu andei nos bairos distantes,
mas não encontrei as tuas esquinas cor de água de flor de laranja
e nem as tuas avenidas descansadas
plantadas sobre o calor da ignorância.
Ora, eu estou cansado
Minha elegância se esconde lá onde começa uma certa certeza.
Então, não andarei mais pelos bairros distantes,
À procura das tuas fronteiras, princeza.

Maio 1936

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Tuesday, November 25, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 59


Caminhadas e cheiradinhas

João vê seu amigo aproximar-se e logo se prepara para, com certeza, um diálogo estranho. Quando Chico chega diz que vai voltar com ele, pois ele está com a passada boa (...) e vai dar para acompanhá-lo. Ele começa então um papo dizendo que seu médico falou que caminhadas mesmo, para valer, têm que ser fortes, para suar, etc., etc. Tipo assim, depois de 40 minutos, antes disso nada valiam. João disse que talvez a partir de 45 minutos a pessoa começasse a suar um pouco... Mas, mesmo assim, para quem tinha feito um cat e posto um stent não adiantava muita coisa e talvez ele tivesse que andar mais forte. Chico veio em seu auxílio dizendo que bom mesmo seria uma passada forte e caminhar uns 50 minutos, isto se as condições de temperatura, pressão e umidade relativa do ar fossem adequadas.

- Se você quiser te passo os parâmetros corretos. Ele completa: - Mas mesmo assim para quem tinha feito um stent não adiantava de nada.

Ele sabia, pois tinha posto três; a partir de 50 minutos já melhorava um pouco, mas só dava certo se fosse a partir de 53 minutos, pois aí as endorfinas começavam a ser produzidas e seus conhecidos efeitos se fariam sentir daí a umas duas horas e depois do banho. Alternativamente a pessoa poderia substituir a caminhada, de 53 minutos ou mais, por uma cheiradinha.

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Monday, November 24, 2008

ARANHA DE SÉRGIO PINHEIRO


SÉRGIO PINHEIRO
Faça uma visita à aranha, o blog do Sérgio Pinheiro (http://serpinnet.blogspot.com/) que, segundo ele, "arranha superficialmente o consciente e profundamente o inconsciente. estaremos assim no país do inconscons."
Uma amostra de suas "Eletrografias" é "O Raizeiro Cubista 5".

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ARTESANATO DA GRANJA 4








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MAPA DA POBREZA

Mapa da pobreza - Ministério do Desenvolvimento Social/O Estado de São Paulo 24nov2008
(clique no link abaixo para ver):

http://www.estadao.com.br/interatividade/Multimidia/ShowEspeciais!destaque.action?destaque.idEspeciais=869
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Sunday, November 23, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 103


Uma cascavel em Bristol

A princípio o velho coronel não acreditou no telegrama recebido do Cabo Submarino. O texto dizia que o Zeca tinha sido mordido por uma cascavel no quarto do hotel em que estava hospedado e estava muito mal, talvez não resistisse. Imagine acontecer isso em Bristol, na Inglaterra! Ele lembrava que o filho caçula, cursando o último ano de Medicina no Recife, havia sido convidado para assumir a Secretaria de Saúde e tinha aceitado, até por insistência dele. O menino não tinha durado muito no cargo, pois como se dizia à boca pequena, ele contrariava interesses fortíssimos, até mesmo os de seu pai. Ai largou tudo e foi fazer residência no St Peter´s Hospital em Bristol. E agora essa! O Coronel terminou seus dias convicto de que o prefeito tinha alguma coisa a ver com o aparecimento dessa cascavel no quarto de hotel ocupado pelo Zeca.

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Saturday, November 22, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 49

Publicamos hoje mais um poema de MÁRIO BARRETO XAVIER (1906 – 1969) sobrinho – neto de Lívio Barreto.

NOTURNO HUMILDE

I

O automovel passou na rua, aflito
Os sinos não bateram, ouvi
Os olhos da noite me olham com desgosto
Eu estou só no meio da humanidade
Varias novelas me rodeiam, que assassinaram minha mãe e eu mesmo
Os alcooes se instalaram na vida e comandam a posição de sentido
O zum-zum dos meus ouvidos veio das certezas de fora, das realidades
de fora, dos plágios dos outros,
das invenções dos outros

Os trens fugitivos apitam
E me dão a vontade descontrolada de voltar para o interior
Sinto-me humilhado
Nunca serei um poeta glorioso
Nunca saberei si sou um poeta
Nunca saberei o que sou

II

Guarda noturno da cara de fome encabulada
Apita avisando os ladrões
Apita chamando o apito dos trens
Apita trez vezes antes que o galo cante duas

Já é outro dia
Isto não tem fim
Mas também não tem importância

Bôa noite, flôr da noite, teus cabelos são negros
Teus abraços são quentes
E eu te pagarei razoavelmente.

jul. 936.
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Thursday, November 20, 2008

VISTAS DA GRANJA 71





VISTAS DA GRANJA - ABNDONO E DESTRUIÇÃO

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Wednesday, November 19, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 75


O segredo da freira

O Victor queria vender o cinema, pois a freqüência estava cada vez menor e os lucros não pagavam sequer o aluguel ao Seu Vicente. Por mais que os temas dos filmes variassem, indo do caubói, ao sacro, a aventuras e mistérios, o povo não se interessava mesmo. Certo dia, em conversa com o amigo Chico este sugeriu um filme que havia assistido em Sobral, no Pálace. O nome era “O Segredo da Freira” e tratava mesmo dos segredos de uma freirinha que estava no convento há pouco tempo. Ele gostou da idéia e logo encomendou o filme ao Sr. Reginaldo o distribuidor sobralense. Quando as latas chegaram pelo horário da tarde ele anunciou na radiadora e preparou as tabuletas para o dia seguinte: o filme passaria em duas sessões, às sete horas e as nove e meia e o preço era menor do que o normal. Logo que a bilheteria foi aberta viu-se que o filme seria o maior sucesso, pois a fila chegava até a Farmácia do Povo, na esquina. Ele teve que suspender as vendas para a primeira sessão e só reabriria para a segunda quando o filme já tivesse começado. Após cinco minutos do início, depois que os créditos iniciais passaram com pressa e as primeiras cenas do filme foram aparecendo assim uma pá de pessoas saiu, de cabeça baixa e aparentemente encabuladas e constrangidas: primeiro foram as beatas que ajudavam no dia a dia da igreja, depois saíram as senhoras de caridade, seguidas de componentes de outras organizações ligadas a igreja, até que a sala ficou esvaziada. O Chico apareceu quando a sala estava vazia para receber as queixas do amigo: - Chico você recomendou um filme desses... Logo agora que eu precisava de uma boa bilheteria! O Chico responde:
- Escuta amigão você já devia desconfiar de que tratava esse filme, pois já se viu alguma freira ter segredos?

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HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 58


Dieta para emagrecer

Seu Toim pesava uns cem quilos e tinha quase sessenta anos quando resolveu procurar ajuda para emagrecer urgentemente e por isso foi a uma nutricionista. Depois de uma avaliação inicial a jovem indicou-lhe a dieta que se segue:

Logo ao levantar duas bananas grandes amassadas com mel de abelhas de florada conhecida. Depois, café com leite de soja pasteurizado, sem colesterol, uma tapioca tipo beiju com um pouco de nata de leite de cabra - esse leite não tem quase gordura, ou melhor, não tem nada de gordura trans, só cis; ainda no café, um pão carioquinha – pode ser dos grandinhos -, barrado com margarina. Pode comer umas cem gramas de queijo de coalho, do sertão, pois o gado de lá só come capim seco.
Na merenda, uma maçã verde, pois tem mais polifenóis e um iogurte pequeno do mesmo leite de cabra.
No almoço carnes magras, tipo vegetarianas, pois o organismo reconhece logo uma carne gorda e vai no caminho, tipo assim, de mimetizar a dieta e acumula toda a gordura, pode também ser peixe ou marisco, tipo camarão produzido em viveiros artificiais com ração de farelo de trigo, mas desde que cuide de tomar um comprimido extra de sinvastatina.
Na merenda da tarde um capucino mais ou menos magro, isto é, somente com uma colherinha de creme de leite de soja mimética, acompanhado de um ou dois, no máximo, biscoitinhos de manteiga vegetal, atenção não é margarina.
Na janta, é janta mesmo e não ajantarado, pode ser uma sopa engrossada com macarrão e arroz; para acompanhar, um copo de água morna, nunca um suco, pode usar também acompanhando a sopa uma fatia de pão preto ou um pedaço pequeno de pizza calabresa, mas sem lingüiça e só um pouco (umas 50 g) de catchup, pode ter um pouco de maionese de ovo de codorna – você encontra na Padaria Plaza – que não tem colesterol, mas sim fitoesterol; as codornas não produzem colesterol, elas são estranhas.
À noite, antes de dormir, pode tomar um mingau engrossado com aveia acompanhado de três biscoitinhos de goma e duas rodelas de abacaxi, os da atual safra estão ótimos, pois têm açúcar natural.

A nutricionista chamou-lhe atenção para o fato de que a dieta quase não continha produtos animais, muito prejudiciais aos seus, dele, radicais livres.

Após a consulta Seu Toim foi para casa, mas antes passou na Padaria Plaza e comprou os produtos recomendados, pois ele quer começar logo amanhã.


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Monday, November 17, 2008

ARTESANATO DA GRANJA 3








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HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 102


Surdez e cegueira

A jovem leu a matéria em um site de notícias e logo entendeu o que havia acontecido ao seu amigo, aliás, amigão, pois ele era um senhor idoso, talvez uns setenta anos, com quem ela havia saído por alguns meses. A notícia dizia, literalmente, que “medicamentos anti impotência causam perda súbita de audição e de visão”. Raquel, era esse seu nome, lembra bem - como poderia esquecer! - que estando em colóquio amoroso com seu amigo ele disse-lhe que não estava ouvindo o que ela sussurrava em seus ouvidos o que fez com que ela passasse a falar alto, cada vez mais alto até desistir quando teve de gritar. Eles ficaram perturbados com essa história e pretendiam sair e tomar cada um seu rumo. Foi no momento em que se vestiam que ela notou que o amigão estava atrapalhado com as calças. Perguntou: - Ricardo o que é isso? E ele responde: - Raquel, não estou enxergando nada, aliás, estou vendo tudo branco como leite.

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Saturday, November 15, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 48

"There cometh a dream of the past to me,On the desert sands by the autumn sea."
© This work is the property of the University of North Carolina at Chapel Hill. It may be used freely by individuals for research, teaching and personal use as long as this statement of availability is included in the text.
POEMA POR PAUL HAMILTON HAYNE (1830-1886).
§§§§§§§§§§§§
LÍVIO BARRETO (1870 - 1895)

O SEGREDO DO VENCIDO

Solidão! solidão! Mortalha enorme,
Noite maior em mim que na amplidão,
Que me estrangula o amor no coração,
Que tenta erguer-se e fatalmente dorme!

Polvo negro e brutal que constringe
A alma em seus tentáculos viris,
Só me deixando ver os alcantis
Como através do olhar frio da Esfinge.

És, coração, cheio de amor e mágoas,
Eterno oceano a combater as frágoas
Da dúvida cruel, do tédio amargo!

Fere-te a entranha a tromba do penedo,
Mas da ferida guardas o segredo
E, blasfemando, vais chorar ao largo...

- 92 –

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Thursday, November 13, 2008

VISTAS DA GRANJA 70






VISTAS DA GRANJA - ABANDONO E DESTRUIÇÃO

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Wednesday, November 12, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 74



A Festança
...
A festança começou com a distribuição, pelo Nosso Guia, de muito uísque Jockei Clube e vinho Sangue de Boi aos homens e mulheres que estavam organizados em filas concêntricas ao seu redor e que, após receber sua ração de bebida continuavam na fila e se dirigiam para a mesa do bufete para pegar salgadinhos às mancheias, como é o costume nessas festanças, ninguém esperou, pois havia salgadinhos volantes para as personalidades mais importantes. Após uma meia hora as pessoas, já desinibidas, começaram a formar grupinhos de 5 -10 para melhor conversarem, e elas comentavam quase unanimemente a toalete dos membros da Primeira Família – ôps quase que se diz Família Imperial – toda ela mandada fazer nos maiores estilistas da capital. Nosso Guia vestia uma guayabera branca do tipo usado em Cuba feita em linho S120 e impecavelmente engomada e a Primeira Dama portava um longo preto brilhante da lavra de Dona Raimundinha que era da Cidade, mas tinha uma butique na capital, o vestido brilhava intensamente devido aos milhares de lantejoulas e lampadinhas chinesas de Natal que acendiam e apagavam em uma produção do Pedrinho o eletricista mais importante da Cidade. Quando todos estavam quase melados o Nosso Guia deu a ordem para o início do jantar, isto é, início da passagem das pessoas pelas mesas com os diversos pratos expostos e postos à disposição dos famélicos. Havia de tudo, desde as saladas de legumes frescos, frutas da estação, arroz brunido e arroz tipo carreteiro e Maria Isabel, feijão de corda com jerimum, feijão preto cheio de carnes, quase uma feijoada, carnes de vitelo ao molho de pimenta, carnes nobres com cortes argentinos, filés em diversos molhos, aves tipo peru de Natal, galinha seca da Palma, capote ao molho de maxixe, carnes de criação, carnes de porco assada na grelha, camarão ao molho de coco, lagosta com creme de mandioquinha, sirigado com manteiga de fines herbes, enfim era uma infinidade de pratos que daria para alimentar um grupo de umas mil pessoas que era o que rodava em seus círculos, agora uma grande espiral, na cobertura do Hotel Des Fleurs na Beira Mar.
...

O texto acima é um fragmento do conto “A Festança” e é mostrado aqui como uma homenagem ao amigo Lira Dutra, moço de valor e coragem da Granja cujo blog dá uma idéia de como se pode resistir na velha Macaboqueira . O endereço do seu blog é: http://www.granjaceara.blogspot.com/

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HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 57


Fazendo um BO na Delegacia

O ônibus em que viajávamos bateu de raspão em outro que vinha em sentido contrário, mas felizmente não houve vítimas fatais. O motorista parou e nos dirigimos a uma delegacia que ficava próxima para fazer um BO. Ao entrarmos vimos, sentadas em torno de uma mesa preta, três pessoas da Repartição onde trabalhávamos. Estavam também o Dr. Fernando Moura e o Dr. Seilassié de Ailá – era um famoso médico na cidade - a quem dei a mão. Virei-me e vi que as pessoas que estavam em torno da mesa eram outras e além do mais se acercam duas parentas minhas e servem-se de comida que estava sobre a mesa. Cheguei perto e notei que minhas calças ficaram logo sujas de caldo de feijão preto que se via derramado. Saí para uma área em que os passageiros do ônibus se encontravam e conversavam e batucavam. O chão aí estava todo sujo com o tal caldo de feijão. As duas parentas limpavam o chão com um rodo. Depois voltamos ao ônibus e continuamos viagem. E o BO?

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Monday, November 10, 2008

ARTESANATO DA GRANJA 2








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HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 101

Quando eu fiz o meu cat

Quando eu fiz o meu cat e coloquei o meu stent eu só me lembrava do que Ella havia dito a mim durante a noite no meu quarto: - Olha! Eu estarei lá ao seu lado esperando qualquer coisa... - Que qualquer coisa, menina, vai embora do meu quarto e da minha vida. Ela foi - do meu quarto - mas eu não pensava em outra coisa quando fui levado para o Centro Cirúrgico. Antes de apagar eu pedi ao doutor que faria o meu procedimento: - Doutor será que Ella está sentada na beira de minha cama ou ai num canto qualquer? Se estiver mande Ella embora, por favor. - Ela quem rapaz? - Ella... Você vai reconhecê-la, pois Ella é jovem, loura, tem o cabelo bem curtinho, preso atrás. Mas o mais importante é que Ella tem um sorriso cativante. Não fale com Ella, pois você vai ficar gamado e vai tomá-la de mim... - Ta bem Ricardo, faço o que você pede. Agora dorme, senão eu perco a hora do meu futebol.
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Friday, November 07, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 47


MÁRIO BARRETO XAVIER nasceu em 26 de abril de 1906 na Granja e faleceu em quatro de dezembro de 1969 em São Paulo. Aparentemente não teve nenhum de seus poemas publicado.

O poema transcrito aqui é de julho de 1936, quando seu pai faleceu na Granja.

MOMENTO

Sinto-me com a moral levantada e resolvo não trabalhar mais.
Os microorganismos pululam com satisfação em volta de mim
entre os papéis, entre as máquinas.

O destino dos secretários perpétuos dos institutos históricos
se afunda no mar amarelo da vida vegetativa.

Contemplo com horror a aritmética
a adição
a subtração
a multiplicação
a divisão
E vejo que o meu ordenado não dá para as encomendas

As máquinas porém
batem na bunda do homem com familiaridade
na certeza de que são mais machas do que ele

Francamente, me diga,
o que Você preferia ser
Um verme ou um vermífugo?

Jul.936.

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VISTAS DA GRANJA 69




VISTAS DA GRANJA - ABANDONO E DESTRUIÇÃO



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Wednesday, November 05, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 73

A casinha de Jorge

Ao chegar procurou identificar a casa em que seus pais moraram. Após rodar pela pequena cidade sem ter perguntado a ninguém e quase atropelando uma senhora na Praça do Mercado e passado por cima de um cachorro ele tem uma idéia: e se comprasse uma casa aqui? Após debate silencioso ele decide procurar uma. Pôs-se a rodar pelos bairros e, sem encontrar nenhuma casinha simpática, ele resolve pedir informações sobre alguma casa a venda. Jorge Fox viu ao longe sob a sombra de um cajueiro frondoso um camarada em conversa com duas senhoras. Ele resolve aproximar-se e informar-se. As duas senhoras logo se afastam. Mas o camarada fica à espera.

- Boa tarde! – saudou Jorge.
- Boa tarde... – respondeu o camarada.
- O senhor sabe se aqui tem uma casa para vender? – perguntou ansioso.
O camarada olhou em seus olhos e suas mãos e, sem pestanejar, disse:
- Sim eu sei.
- E você pode me informar onde é? – retornou ele.
- Sei. É da minha mãe, aqui perto... – falou o camarada intrigado.
- E quanto é? – perguntou mais ansioso Jorge.
- Você não quer vê-la? – indagou cuidadoso o camarada.
- Vamos lá – disse Jorge já amuado.
Ao chegarem em frente a uma casinha, quase um casebre o camarada disse:
- É aqui... – e apontou a casinhola de sua mãe, pintada de azul.
- E quanto é? – perguntou Jorge apressado.
- Não quer descer pra ver? – Inquiriu o camarada.
- Moço eu perguntei quanto é - falou amuado Jorge.
- Minha mãe ta pedindo vinte mil... Nós vamos pra Capital e... – falou duvidoso o camarada.
- Eu compro a casa, - adiantou decidido Jorge.
- E eu vendo..., - concordou aliviado o camarada.
- Vamos ali ao bar da esquina - disse Jorge com uma expressão ansiosa.
- Pra que? - Demonstrou surpresa o camarada.
- Vou fazer um cheque... - disse sossegado Jorge.
- Vamos - falou mais aliviado ainda o camarada.
No bar Jorge puxa o talão de cheques e preenche um com o valor pedido, vinte mil reais. Assina e dá o cheque para o camarada.
- Obrigado. Vamos passar os papéis?! – Concedeu o camarada.
- Tudo bem eu venho amanhã e a gente passa, - falou com decisão Jorge.
Jorge deixou o camarada na calçada de sua nova casa, aliás, casinha, e foi embora. Na estrada ele atropelou, seguidamente, um jumento e uma galinha.
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Tuesday, November 04, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 56

Corretivo Boc

Uma das primeiras medidas que o novo prefeito tomou, logo que assumiu, foi uma licitação para a compra de dois mil litros de corretivo líquido. Ele mandou dar preferência ao produto da marca Boc. Venceu a licitação uma firma da capital que havia cotado o material a preços camaradas, abaixo dos de mercado e por isso levaria sua costumeira porcentagemzinha. Após investigar para que a prefeitura da cidade queria esse mar de corretivo o Diretor da firma conseguiu saber que o líquido branco seria utilizado para a ocultação dos roubos do prefeito anterior.
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Monday, November 03, 2008

ARTESANATO DA GRANJA 1








A partir dessa terça-feira mostraremos neste espaço pequenas amostras do artesanato que se faz na Granja. As peças apresentadas agora fazem parte de exposição feita no Instituto José Xavier.

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Sunday, November 02, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 100


Cem historietas! Cem bobagens!

Ella disse:
- Tudo isso, camarada? Cem historietas? Cem bobagens? Você não está cansado?
- Não, de jeito nenhum. Se eu pudesse faria isso até o fim dos tempos...
- Pera aí, sujeito, assim também é exagero... Veja que você quase termina a série há poucos dias. É bom não brincar com essas coisas...
- É, mas logo agora que eu encontrei tempo para comprar livros sérios e, junto com eles, o tempo para lê-los é que você quer me levar...

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Saturday, November 01, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 46


MÁRIO BARRETO XAVIER, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier, nasceu em 26 de abril de 1906 na Granja e faleceu em quatro de dezembro de 1969 em São Paulo. Aparentemente não teve nenhum de seus poemas publicado.

OS DOIS PODÊRES

E era para isso que tú me querias: para eu ser o teu poeta, te
desejar com a maior intensidade, te dar um beijo respeitoso na mão
uma vês por semana, sofrer a nossa distáncia com grande conciência,
te olhar como uma torre de marfim tocada de luz divina – inacessível
como um beijo na tua boca – e viver assim a vida toda, olhando com
os infernos mais desmoralizantes a posse dos teus sentidos pela luxu-
ria compacta e escura de outros machos que não têm a minha nobreza;
mas a minha inteligência soube ser maior do que a tua maldade – se
transformou em sensibilidade, gerou a transposição mágica para a
PoesÍa – que é toda a vidéncia e todo o poder do mundo, superior a todas as fêmeas...

(São Paulo, 26-10-34)

(Não foi feita qualquer revisão desse texto).

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