Thursday, January 31, 2008

Wednesday, January 30, 2008

O Povo da Malhadinha 38


Paris versus Rua da Loca

O Capitão e sua mulher tinham os dois, histórias engraçadas, típicas dos malhadinhas. Aquela em que Dona Ernestina conta vantagens sobre o que faria se o marido morresse antes dela:

- Eu iria morar em Paris, dizia. O velho Capitão retruca:

- E eu na Rua da Loca, aquela que tem as luzes vermelhas, no caminho do cemitério.

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HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 17

O Clube

Aquele era um clube da classe A, muito fechado e muito caro, onde não era fácil ser admitido. Só se podia ir, mesmo ao restaurante, se fosse acompanhado por um sócio titular ou pagando ingresso para uma das poucas festas abertas, geralmente as de fim de ano, quando as damas usavam vestidos longos e os homens eram obrigados a usar um smoking ou dinner jacket. Quando seu marido foi eleito diretor da faculdade a jovem e ambiciosa esposa comentou para as amigas na roda do joguinho das quartas-feiras:


- Agora nós podemos freqüentar o Clube sem pagar ingresso.

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Monday, January 28, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 8


Carimbos

Pedro começou a trabalhar no serviço público ainda no antigo IAPM. Aprendeu com seus superiores as regras de certificação de documentos. Essas regras se baseavam na utilização judiciosa das dezenas de carimbos da coleção da repartição. Ele se afeiçoou aos carimbos e tinha uma coleção particular deles. Um desses era seu preferido, aquele mostrando a palavra CARIMBO seguida de uma seta para indicar onde deveria ser aplicado um outro carimbo. Quando foi encarregado de incinerar documentos antigos mandou preparar um carimbo que indicava INCINERAR.

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Sunday, January 27, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 61


O bigode

O Coronel Inocenso dos Angico era um osso duro de roer. O velho era tão ruim, escroto, malvado, bandido, etc., etc., etc. que, ao morrer ninguém quis pronunciar uma palavra, nada, em seu velório ou mesmo no enterro. Quando o corpo já tinha baixado à sepultura e todos se olhavam, esperando que alguém dissesse alguma coisa, por mais mínima que fosse, o Chico Felix, que tinha penado nas mãos – ou pés – do velho, disse:

- Ele tinha um bigode tão bonito...


(Idéia do Dr. Clayton Aguiar)

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Saturday, January 26, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 10


Mostramos abaixo mais um poema de MÁRIO BARRETO XAVIER, recuperado dos arquivos pessoais de Lívio Barreto Xavier:


ELOGIO DO ANJO BRANCO

O anjo branco repreende as famílias mestiças, que não têm nenhuma educação, briguentas
O anjo branco sabe todas as línguas -
- o francês o inglês o alemão o sânscrito
o russo o chinez o tupi o zulu
e o portuguez –
todas as línguas – mortas, vivas e moribundas.

É sério
é grave
dando conselhos:
“Não briguem, respeitem-se a si mesmos
Respeitem-se uns aos outros
Evitem o amor
Canalizem o ódio
Esqueçam as raças
E as religiões.
Tenham força
Dominem os nervos
Eu sou azul
E vos levarei
Até o topo
Daquela montanha
Vermelha
Que se vê daqui.”

É o anjo branco

Relâmpagos vermelhos
e azuis
pensam também junto à sua fronte muito viva
amam sob os teus olhos amarelos,
rapidamente.

É o anjo branco.

936. set.

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Thursday, January 24, 2008

VISTAS DA GRANJA 29









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O Povo da Malhadinha 37


Cláusulas pétreas

O velho Capitão morava em uma casa antiga, pertencente a seu irmão. Um amigo pretendia alugar uma pequena sala dessa casa, nos fundos, para usar como seu alojamento. Quando este o procurou para tratar do negócio o velho malhadinha disse:

- Por mim pode alugar, mas tem quatro condições para que eu permita: Não usar cheiro, não assoviar, não tocar violão, e não usar vassoura.

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Wednesday, January 23, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 16


Bela melodia

George ocupava um pequeno apartamento que dava para a área interna de um hotelzinho na Rua Cabo D´África. Ele havia chegado a Roma há uma semana. Após o café da manhã, com muitas frutas, sucos, pães, queijos, presuntos (de Parma...), e o que você imaginasse, ele gostava de sentar na varanda da entrada olhando para as ruínas do Coliseu, ali bem perto e pondo em dia (sic) seu Diário. Nesta terça aparece toda sorridente a morena, médica italiana de Florença, que já tinha lhe lançado alguns poucos olhares. Ela senta perto e dirige-lhe um “buongiorno” rodeado de insinuações. George, sem muita demora, levanta-se, senta-se mais próximo à moça e puxa conversa. Ele a convida para ir ao Coliseu e depois jantar em uma cantina em uma transversal da Rua del Babuíno. Ele sabe que terão de enfrentar uma fila e ver ruínas que ambos já tinham visto uma dezena de vezes. Mas, a aposta em algo mais para depois do jantar, lhe soava e, talvez a ela também, como uma bela melodia.

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Tuesday, January 22, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 7


Aceites e rejeições

O amigo lhe diz com entusiasmo: Raposo este trabalho tem lugar certo na Nature ou na Science. Acho mesmo que isso dá um prêmio para você e sua equipe. Ele ficou todo enfatuado e resolveu apostar no palpite. Teve um trabalho danado, e teve de pedir ajuda a muitos colegas - o trabalho se tornou um ônibus com tantos colaboradores. Ele estava satisfeito e acreditava que este seria o fecho de sua vida acadêmica se bem que não esperava dar um fecho nela tão cedo. O resultado é que enviou o manuscrito para a Science e, em duas semanas, recebeu a resposta do editor:

- Lamentamos, mas seu manuscrito não está na linha de nossa revista.

Ele ficou aborrecido, mas não desistiu: adequou o manuscrito às normas da Nature e mandou para Londres. Em uma semana veio a resposta:

- Seu trabalho está sendo devolvido. Não há bases científicas para o que o senhor afirma. Não acreditamos em seus resultados.

Neste ínterim ele encontra um conhecido cientista que lhe pergunta como estão as pesquisas com biopsina de plantas. Ele responde:

- Ih rapaz estou chateado, pois acabo de ver rejeitado o trabalho pela Science e logo em seguida pela Nature. Estou preparando para enviar para os Anais da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS) e acho que será aceito dessa vez.

- Ô Raposo você manda logo para a Science e para a Nature e agora ainda quer enviar para a PNAS! Porque você não envia para a Revista da Sociedade de Bioquímica de Banânia? Você verá que será logo aceito!

Ele dá as costas e vai tomar uma caipirinha à beira da piscina com a Maysa.

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Monday, January 21, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 60


A lagosta

Pedro havia passado quase um ano em Londres. Lá ele fizera um pós-doque na London School of Economics. Estava voltando para a terrinha com uma fome de comidinhas boas, fáceis de encontrar em Londres, mas muito difíceis de pagar. Ele tinha descido do avião da BA em Lisboa pela manhã e o seu, da TAP, só sairia para São Paulo, no começo da noite. Havia tempo suficiente para um pulo até o centro da cidade para dar umas pernadas em busca de alguma coisa próxima de um prato brasileiro. Tomou um táxi e foi até o Rossio e lá chegando apeou-se perto da estação de comboios e saiu caminhando em direção ao Bairro Alto. Ao passar em frente a uma taverna ele viu, na vitrina, exposta, uma enorme lagosta deitada em uma travessa e cercada por grandes camarões e todo tipo de ornamentos vegetais. Ele logo ficou com água na boca. Aproximou-se mais e, quando apareceu um garçom, ele perguntou se aquele prato poderia ser servido em tamanho menor, para uma só pessoa – é certo que faminta de lagosta, mas não com costumes pantagruélicos. O garçom foi lá dentro e voltou com a resposta negativa. Pedro ficou chateado, mas teve de se conformar. Continuou andando à procura de alguma coisa para comer e que lhe lembrasse o Brasil. Mas a lagosta da exposição não lhe saia da mente. Pernou por uma boa hora e resolveu voltar e encarar o prato. Logo ao chegar pediu ao dito garçom que lhe trouxesse a lagosta, pois ele estava caidinho por ela. Trouxesse logo, pois ele tinha de voltar ao aeroporto senão perderia seu vôo. Sentou-se a uma mesa, pediu uma cerveja bem gelada e em poucos minutos a enorme lagosta estava à sua frente. Ele ouviu risinhos simpáticos dos muitos turistas em volta, todos certamente admirados de sua fome e, talvez de suas posses. Pedro não deu bola e começou o ataque. Em pouco tempo ele estava saciado e a lagosta nem se movia, isto é, quanto mais ele comia mais aparecia carne do crustáceo escondida dentro da carcaça. Ele, no entanto, não queria dar o braço a torcer e não dava sinais de que iria parar de comer. O povo ao lado continuava a olhar para sua mesa para saber quem ganharia a parada ou ele ou ela, a lagosta. Subitamente veio sua salvação: uma enxurrada de água caiu da pequena varanda do primeiro piso sobre seu prato tornando a lagosta ou o que sobrara dela imprestável para consumo. Pedro deu um suspiro de satisfação, chamou o garçom, reclamou e pediu a conta. O gajo olhou para a meladeira e pediu que ele esperasse um momento. Foi lá dentro e voltou com a boa nova: ele não pagaria a cerveja, era um brinde da casa, uma compensação pelo estrago!

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Saturday, January 19, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 9


INÁCIO XAVIER FILHO, nasceu em 1921 na Granja e faleceu aos setenta e oitos anos em Fortaleza. Escreveu muita poesia e lia grego e latim, com certa facilidade. Sua poesia está publicada na revista “Literatura Brasileira” (Shogun Editora E Arte Ltda.) e deixou dezenas de manuscritos não publicados que hoje fazem parte do acervo do Instituto José Xavier (Granja).
Postamos hoje mais uma amostra de seus poemas:

Narciso e as Flores.

Eu sonho com um poema perdido,
Que diz como Narciso era seguido,
Não só por sua doce inimiga Eco,
Mas também por mais ninfas tais que flores,
Que lhe entregavam todas seus amores.

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Friday, January 18, 2008

Thursday, January 17, 2008

Povo da Malhadinha 36

Num sei não

O Chico Felix já estava na cidade há muito tempo, mas não dava o braço a torcer. Ele dizia conhecer todo mundo pros lados da Malhadinha, de onde tinha vindo quando da seca de 58. Conhecia também os moradores da região até a Passagem da Onça, por exemplo. Certo dia ele foi convidado para servir de guia a um moço velho interessado nas coisas de antigamente. Este queria descobrir onde havia morado a família de seu tio, o velho Viriato – chamam “Ririato”. Já estavam os dois, passageiros de uma D-20 guiada pelo Martim, a uma boa hora da cidade e o moço velho não tinha noção alguma de onde se encontrava. Eles só encontravam casas de fazenda isoladas dando mostras do abandono e desesperança do matuto quando mordido pela seca. Ao avistarem mais uma casa na beira da estrada o moço pergunta ao Chico:

- Sêu Chico, quem morava nessa casa abandonada?
- Era um camarada que morava aí e foi-se embora; num sei o nome dele não...
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Wednesday, January 16, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 15


Encontro marcado

Raposo vivia preocupado com seu encontro com Ella. Ele sabia que essa história de mais de um encontro era improvável, impossível mesmo. Ele queria preparar-se com o maior apuro. Em primeiro lugar passou a comer menos, incluindo os doces de que tanto gostava. O resultado é que começou a emagrecer, e viu que ficava mais elegante sem sua barriguinha de cerveja. Nem cerveja e nem vinho – abandonou toda bebida, mesmo porque já não era um bebedor reconhecido. Outra medida que tomou foi perder um pouco de sua cor para alcançar uma tez amarelada e por isso deixou de comer legumes e feijão. Para isso também não foi mais à praia aos sábados e domingos. Achou melhor esperar a visita d’Ella em casa, e por isso deixou de sair, de caminhar na Beira-mar, de ir ao cinema ver os filmes de que gostava. Deixou também de ir às livrarias e encher as mãos de livros, mesmo que não tivesse tempo de lê-los. Após alguns meses nesse regime e novos hábitos ele comprou uma bengala e também uma cadeira de rodas e só desapeava dessa para dormir ou usar o banheiro. Raposo passou a rodar pelo apartamento sempre estacionando a cadeira na varanda de onde ele via os dois hospitais próximos. Talvez fossem esses os locais de seu encontro, como é que ele ia saber?

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Monday, January 14, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 6


Banho dos Buritis

As duas estavam tomando banho na piscina funda do Banho dos Buritis, quando eles chegaram. Elas tentaram se esconder, mas não foi possível. Logo elas se integraram ao grupo: estavam pulando lá de cima das pedras altas que cercavam o poço. Pedro notou a disposição das meninas e se preparou para tirar fotos com sua máquina digital de 12 megapixels que possuía uma função de “freezing” das imagens. Após meia hora de fotos ele acena para as moças e, quando chegam, ele mostra as fotos tiradas. Ele alcança uma ótima que tivera a sorte de ter batido de uma delas, Iracema, tirando o sutiã. A menina dá uma risada quando vê a foto e pede uma cópia. Ele prometeu mandar e para isso perguntou-lhe para quem e para onde enviaria. Ela respondeu: - Entregue no Dedé, no bar lá de baixo. Se você mandar para as Mangueiras meu marido sabe e me dá uma surra. Ele nem sabe que estou aqui, eu saí escondida...

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Sunday, January 13, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 59


Cervejada adiada

Seus amigos de faculdade souberam que seu irmão havia falecido e muitos foram à missa de sétimo dia. Eles não tinham ido ao enterro, pois não souberam a tempo. Quando chegaram à igreja lá estava o amigo tristonho e chorando um pouco, como é natural. Ao final da missa os amigos o cumprimentam e tudo terminaria aí não fora o que se passou uma semana depois. Alguns dos amigos presentes à missa resolvem sair para tomar umas cervejas e jogar conversa fora. Robério fica encarregado de telefonar para o irmão do falecido. Quando o faz é sua esposa quem atende. Robério pergunta:
- Quedê seu marido? E ela com uma voz de surpresa responde:
- O quê? Você não estava na missa? Você não sabe que ele morreu junto com o irmão na batida da moto?

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POEMAS BARRETO/XAVIER 8


LÍVIO BARRETO, o “Lucas Bizarro” da Padaria Espiritual, nasceu em 1870 e faleceu em 1895, tendo deixado uma única obra, “Dolentes” (póstuma). Aqui mostramos mais um de seus poemas publicados nessa obra.

Ester

A Carlos Vítor

Pela janela aberta a aragem fria
Entra trazendo o aroma dos rosais,
E o sol, abrindo as pálpebras reais,
Setas e setas de oiro fosco envia.

Dormindo, Éster, a pálida judia,
Sob as brancas cortinas virginais,
Sonha com as puras noites orientais
Cheias de luz e de melancolia.

Úmido o lábio trêmulo, rosado,
Suplica um beijo; o seio delicado
Arfa de leve entre os albentes folhos...

Sonha e sorri os olhos apertando
- Negras franjas de seda resguardando
As duas negras pérolas dos olhos.

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Thursday, January 10, 2008

Wednesday, January 09, 2008

O Povo da Malhadinha 35



O Retrato

O Zé era um pouco “rúdio”. Era caixeiro no comércio e, como todo mundo, foi tirar um retrato no que era a grande coqueluche: a máquina fotográfica do Mestre Antônio. Na época o polímata local tinha trazido a primeira máquina profissional para a cidade. Essa era daquele tipo utilizado pelos lambe-lambes com um pano preto que evitava a incidência de luz sobre a placa fotográfica e, ao mesmo tempo, dava acesso ao mecanismo por meio de aberturas para a cabeça e os braços do fotógrafo. O processo requeria grandes cuidados e paciência, pois não se podia tirar uma foto em dia de muito sol ou dia escuro, chuvoso. O Zé vestiu sua roupa de casimira, pôs uma gravata e foi até a casa do mestre. A mando deste o malhadinha sentou-se na cadeira, de frente para a máquina, e passou a obedecer as ordens: vire mais para o lado direito, levante o queixo, vire mais pra não fazer sombra e por aí vai. Mestre Antônio tirou umas três ou quatro chapas e disse para o moço:

- Pronto Zé, cê tá livre. Daqui a três dias, na quinta-feira, você vem receber. O retratado então pergunta ansioso:
- E enquanto eu espero posso tomar banho?

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Tuesday, January 08, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 14


Bolsa da Família

O Raimundo da Bodega tinha uma D-20 que fazia o horário entre a Telha e o Cafundó. Todos os dias, só não aos domingos, pois aí não havia ninguém prá vir na cidade.
Quando apareceu essa história do cartão para receber na Lotérica os reais da Bolsa da Família ele achou que ia ficar rico transportando tudo quanto é de matuto prá Telha. Aí ele pensou uma coisa bem melhor; conversou com o Raimundinho, dono da Lotérica e combinaram um trato tipo assim: ele pegava os cartões do povo do Cafundó e das redondezas e apresentava ao Raimundinho e este lhe pagava o total correspondente. Era mais de cem cartões todos os meses; era uma dinheirama. Pensa que ele ficava com o dinheiro? Não! Ele era eleitor do governo! O que ele fazia era cobrar passagem de ida e volta – R$ 10,00 - de cada dono de cartão que o entregasse a ele, sem precisar se cansar da viagem.

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Monday, January 07, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 5


Loteria d´Ella

George não apreciava jogos, nem mesmo as loterias. Mas, mesmo sem gostar ele teria de jogar em uma dessas. Era um jogo nada sofisticado, pois todo mundo ganhava uma vez e somente uma vez; até se podia ganhar junto com outros jogadores, quando o prêmio, tipo assim, acumulava em uma viagem aérea ou durante uma inundação ou mesmo uma batida de carro. Mas, normalmente, o número de ganhadores do mesmo prêmio era somente um. Ninguém entendia o mecanismo de distribuição, mas ele funcionava bem, como Ella, a Diretora, queria. Ganhavam o prêmio muitas crianças de classes pobres, mas as das classes ricas também o ganhavam, mas espaçadamente. Muitos jovens, adeptos dos costumes novos, ganhavam sempre e logo. Outros que ganhavam normalmente, eram bandidos e mocinhos. Atualmente as pessoas maduras não ganhavam o prêmio assim tão freqüentemente como os idosos. Estes últimos, entretanto, estão a cada dia deixando de ganhar como seus antepassados que ganhavam o prêmio em idade inferior à sua atualmente. O que é certo é que um dia George atendeu à porta e deparou-se com uma moça linda que lhe disse:
- Está aqui o seu bilhete e é premiado!
- Mas eu não comprei bilhete nenhum!
- Mesmo assim este é o seu bilhete! Vamos!
- Mas eu não quero ir pra lugar nenhum!
- Vamos você vai receber seu prêmio! A viagem é curta e você nem precisará de ajuda...

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Sunday, January 06, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 58


No Castelo de São Jorge da Mina

Chegar a Acra, só passando antes por Zurique. Pois foi o que Pedro fez. E por um dia inteiro ele goza das delícias do primeiro mundo e se prepara para entrar no fim do quinto. Voando sobre o Lago Volta e ao notar alguém “embolsando” os delicados talheres com o logotipo da Lugano Air ele deu-se conta de que não tinha a menor idéia do que iria encontrar na capital de Gana. No hotel “Ivory Tulip”, uma ilha bem protegida por muros altos, todo o conforto dos serviços de primeiro mundo: cozinha internacional, CNN, Internet Wifi, tudo de moderno. Fora, largas avenidas, arborização luxuriante, ladeadas de mansões em visível decadência, onde transita um ou outro Mercedes. Em cada cruzamento, muitas crianças e adultos oferecem os mais diversos artigos de consumo e para turistas. Rolos de papel higiênico eram anunciados aos berros, como se alguém os estivesse necessitando com urgência.

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Friday, January 04, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 7


Abaixo apresentamos um outro poema de MÁRIO BARRETO XAVIER, sobrinho do poeta Lívio Barreto, o Lucas Bizarro da Padaria Espiritual.
(Ver postagem do dia 1 de dezembro de 2007.)

A GARÇONETE CHAMADA ELISA

Ó aqueles cabelos tão macios da garçonete chamada Elisa!
(Da garçonete chamada Elisa que tinha uma cruz ao pescoço).
Ó o pescoço branco e vertiginoso da garçonete chamada Elisa!
(Da garçonete chamada Elisa, do mesmo nome de minha mãe).
Ó garçonete chamada Elisa, estavas lendo “A mão e a luva”!

A garçonete chamada Elisa não tinha luvas, mas tinha mãos:
Ó que mãos aquelas, da garçonete chamada Elisa!

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Thursday, January 03, 2008

VISTAS DA GRANJA 27 - A PONTE


Novamente mostramos a Ponte da Rede Viação Cearense (RVC) sobre o rio Coreaú na Granja. Comprada no exterior esta bela estrutura foi montada em 1880.

"Aos 15 de janeiro de 1881, inaugurava-se a ferrovia. Foi uma festa animada e os comentários faziam-se em torno da ponte que havia sido adquirida dos Estados Unidos pelo irrisório preço, àquela época, de 46 contos de réis" (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XVI, IBGE, 1959).

Ela é um bem público que precisa ser resguardado da tendência à “modernização” que reina entre os administradores brasileiros.

(A foto foi tomada em 3 de janeiro de 2008 pelo nosso colaborador bissexto Pedro Leloup.)

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Wednesday, January 02, 2008

O Povo da Malhadinha 34


Amor de Olindina

O João Filomeno, das Caraúbas, noivou com a Catarina, filha do “véi Lórenço” da Malhadinha. Mas a moça arranjou outro namorado, o Francisco, e disse ao noivo que não queria mais ele não. Então o pai da moça disse:
- João, mais num tem nada não! Tem a Olindina aí que é mais nova e mais fogosa! O João disse então:
- Meu Padim tanto faz como tanto fez. E aceitou a Olindina como noiva e futura mulher.
João Filomeno ficou muito alegre e passou a fazer poemas dedicados à sua nova amada. Um exemplo desses é o que conseguimos registrar:

Olindina, Olindina, fia do Padim Lórenço
Vou-me casá com Olindina e
Trouxe por lembrança um lenço.
O teu amor para mim foi um veneno
Na ponta do lenço tem escrito João Filomeno.
Olindina, Olindina, meu pensamento adivinha,
Por causa da Olindina vou morá na Malhadinha
Eu falo franco porque nas Caraúba eu não fico
Por causa da Olindina num vou mais nos Angico.
Olindina, Olindina, teu semblante é uma rosa,
Mas eu já notei, Olindina, que tu és muito é fogosa!
Olindina, Olindina, Pernambuco, Ceará,
Se eu não me casá com a Olindina
Vou morrê, vou-me acabá!

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Tuesday, January 01, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 13



O gato da vovó subiu no telhado

Naqueles tempos o Correio era, ao mesmo tempo, o Telégrafo e o carteiro era também telegrafista e fazia a entrega de cartas e telegramas. O nosso carteiro era muito atencioso e cuidadoso. Ele cuidava para que as pessoas amigas, e todos os que tinham filhos estudando fora, não se contrariassem com as possíveis más notícias que traziam os raros telegramas. O Jeremias tinha um método infalível para preparar o espírito dos pais e mães que aguardavam sempre notícias, principalmente quando havia algum parente doente. Quando chegava um telegrama “ruim” ele, que havia transcrito os sinais do código Morse, levava o papelucho – geralmente escrito em papel pardo, de embrulho, pois não havia verba para os formulários apropriados – para o destinatário. Logo que chegava à casa do destinatário ele falava:

- Dona Arminda, Seu Chico, não se comovam tá tudo bem com o Ronaldo.

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HISTÓRIAS DAS TERÇAS 4


Pinduca

Era uma segunda-feira e após almoçar com sua filha e os netos Jorge tomou o carro e voltou para casa. Como sempre ele estava “morreno” de sono e queria aproveitar para descansar um pouco. Deitou-se em sua rede vermelha e logo deixou o livro cair. Como se fosse alguém diferente ele pula da rede e, sem saber aonde se encontra e que horas são dá um enorme grito:
- Salvem-me! Onde estou?! Que horas são? Preciso deixar o Pinduca no colégio! A “moça que mora com ele” acode com presteza e aos berros:
- Calma Seu Jorge, pois são só duas horas da tarde de segunda e o Senhor está no seu apartamento. Está tudo bem, tenha calma. Agora, quem é esse Pinduca que o Senhor quer deixar no colégio?

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