Sunday, August 31, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 91


Plano funerário

- Olha, disse Ella, eu tenho uma idéia para você ir bem mais satisfeito a sua viagem.
- Que viagem?
- Ora! Sua viagem comigo, sabe?
- E que idéia é essa?
- Tenho um amigo no Papicu que tem um laboratório de prótese dentária associado ao “Vida Alegre”, um plano funerário também de sua direção. Você compra o plano e tem direito a fazer uma prótese das mais modernas que existem no momento.
- E daí, o que eu ganho com isso?
- Ora, quando eu vier lhe buscar você estará com um sorriso novo bem diferente desse horrível que você tem agora!
- E eu posso decidir depois?
- Presta atenção homem, você vai ser chamado daqui a pouco e ainda está pondo catinga?

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Friday, August 29, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 37

RAUL SIQUEIRA XAVIER nasceu na Granja em 17 de março de 1902 e era filho de José Raimundo Xavier e Justiniana Siqueira Xavier. Ele era da geração de seus primos Barreto e, como eles, herdeiro da poesia de Lívio Barreto. Raul estudou em Fortaleza e, transferindo-se para o Rio de Janeiro, foi jornalista, poeta, crítico, tradutor e ensaísta. Era teosofista e especializou-se na tradução de textos orientais (Veda e Upanixade) tendo escrito livros sobre o assunto. Abaixo transcrevemos, de sua autoria, um



romance

se voltares perfeita
com o sangue aberto
na face pecadora,
receberás da minha mão direita
um punhado de cinza redentora.
verás no pó das searas
como o tempo escarnece
das virtudes raras.
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Thursday, August 28, 2008

VISTAS DA GRANJA 59

Vídeo apresentado pela TV Verdes Mares de Fortaleza sobre a Granja. A matéria traz também uma entrevista do Presidente do Instituto José Xavier.

(Agradecemos a TV Verdes Mares pela utilização dessa matéria).


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Wednesday, August 27, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 67


Ele o olhou com seu olhar ausente

Jorge lembra-se bem que não foi submetido a eletrochoque como seu pai. Percorreu os consultórios de uma infinidade de psiquiatras e submeteu-se a diversos tratamentos químicos e outros alternativos. Um desses médicos, jovem promissor, com um viés acadêmico, pedia-lhe que deitasse no chão durante as sessões enquanto ele lhe fazia questionamentos. Ele viciou-se em psicotrópicos e antidepressivos. Após os longos anos ele, com ajuda do último dos psiquiatras com quem se tratou, conseguiu se safar de sua praga pessoal. É instrutivo notar que ao encontrar esse psiquiatra em uma festa, muitos anos depois, Jorge aproximou-se dele e, ao dirigir-lhe a palavra ele o olhou com todo o seu olhar ausente e falou:

-Eu não me relaciono com ex-pacientes.

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Tuesday, August 26, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 46


O gajo xereta

Seu vizinho estava de partida. Ia voltar para a terrinha, pois o País já não lhe agradava, como no princípio, quando tudo era sucesso e ele tivera enormes lucros. Ele anunciou que poria a venda muitos de seus trecos acumulados durante anos. Certo dia ela se enche de coragem e bate à porta para dar uma espiada no que o gajo tinha para vender. Em cima da mesa o Manoel tinha posto pratos, talheres, bijuterias, aparelhos diversos como um aparelho de DVD portátil, um barbeador alemão, uma máquina de fotografia digital Sony, uma calculadora de última geração, um iPod, um laptop Vaio, e outras coisas mais. Quando o Manoel a recebeu foi muito gentil e atencioso; ela era a vizinha que ele nunca, nestes anos passados no prédio, xeretara o que era seu esporte favorito. E ali estava ela no seu apartamento... Ele foi muito solícito e convenceu-a a levar um radinho, um barbeador alemão (para dar de presente a seu amigo...) e a máquina digital de 10 megapixels, um estouro. Acertado o preço das peças, que depois ela veria serem um pouco mais altos do que os do mercado, ela ficou de voltar com o dinheiro e pegar os objetos. Após alguns dias ela descobriu, quando aprendia a usar a máquina, que o aparelho dava a impressão de fazer um barulhinho quando se acionava o botão de exposição. Ela ouvia nitidamente um risinho e teve certeza que era o gajo que a estava xeretando de dentro da máquina.

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Monday, August 25, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 36


Finas essências

Toda quarta-feira havia reunião da Câmara Municipal. Nessas ocasiões discutia-se, votava-se e aprovavam-se as leis que regiam a cidade. No entanto, muitas das leis não eram obedecidas no recinto da própria Câmara. Uma dessas foi aquela apresentada, em uma das últimas sessões, pelo vereador da situação, o Paulo Flatus, que proibia fumo, flatulências e bodum em recintos públicos, bares, bilhares, e quejandos. Além da proibição havia a obrigatoriedade de aspersão de perfumes de fino aroma no caso de ter alguém infringido a lei. A lei era, de cara, desobedecida na Câmara, pois seu presidente tinha o vício incurável de deixar escapar gases de muito desagradável odor e de ter reações extremamente violentas quando lembrado disso. Diziam que ele já havia matado bem uns seis e seus capangas outros tantos desafetos. Outro lugar em que a lei era também desobedecida era no prédio da Prefeitura, apesar de o Prefeito, ao mandar construir a nova sede, ter pedido a inclusão de uma pequena área junto ao seu gabinete para exercício flatulencial.

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Sunday, August 24, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 90


O velhinho voador

Ele estava mais que acostumado a voar, isto é, viajar de avião. Não tinha mais aquela ansiedade que dá o medo de enfrentar o vôo. Essa ansiedade desapareceu depois que ele chegou à idade em que podia acompanhar senhoras grávidas e avozinhas, crianças e pessoas com necessidades especiais na hora de entrar no avião. Agora, parece que ninguém acreditava em sua idade. Justo naquele dia quando ele se preparou para acompanhar a fila dos velhinhos, grávidas e crianças, um camarada fortão puxou-o pelo ombro ameaçando-o de dar-lhe umas pancadas:

- O senhor está furando a fila!

Ele voltou para o sujeito e com um olhar raivoso disse:

- E os meus 75 anos não valem nada?

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Friday, August 22, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 36


LÍVIO BARRETO (1870 - 1895)

PARA ALGUÉM

Da tua boca, encarnação do Belo,
Suspensa está minh´alma ansiosa e louca:
Suspenso está tudo que almejo e anelo
Da tua boca.

Do teu sorriso cândido e suave
Pende meu ser em ânsias, indeciso,
Sempre que escuto o doce canto da ave
Do teu sorriso.

Do teu olhar leal um raio implora
Minh´alma e canta quando o vê baixar,
Pois ela vive dessa luz, Senhora,
Do teu olhar.

Do teu amor a pérola mimosa
Meu coração inunda o fulgor;
Ah! Dá-lhe um pouco, ó pálida formosa,
Do teu amor.


Este poema foi publicado em O Pão, n. 21, de 1-8-1895.

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Thursday, August 21, 2008

Wednesday, August 20, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 66


O Coronel e seus escravinhos

O Coronel estava muito preocupado, pois o Juiz e o Promotor o tinham convidado, bem como ao Jornalista e ao outro Coronel – este da Oposição – para formarem uma sociedade protetora dos negros e a favor de sua emancipação imediata. Sua preocupação se devia ao fato de que ele tinha uma meia dúzia de escravos, seus escravinhos, como ele dizia. Ele não podia deixar de atender ao convite do Doutor Juiz, mas para isso ele teria de vender seu lote de escravos. Mesmo assim, como a venda demorasse, ele ainda teve de lançar no seu balanço, na coluna de ativos, o valor dos seis escravos, dois contos de reis os seis. Felizmente ele conseguiu despachá-los para o Rio de Janeiro em consignação à firma H. Paes & Cia., especializada nesse tipo de negócios. Agora ele estava livre para secretariar a Sociedade Protetora e Emancipadora dos Escravos da Granja.

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Tuesday, August 19, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 45


Droga experimental

“Abre-se um caminho pelo qual seria possível interferir na memória já formada
nos seres humanos, disse ao jornal o doutor Augusto Romano, um dos membros do grupo de cientistas autores da descoberta”.

O Coronel Dr. Esperidião ao ler essa notícia animou-se. Com sua enorme influência e o seu não menor poder econômico ele conseguiu comprar, na Argentina, um suprimento dessa droga, ainda em fase experimental e que eliminava a memória. Ele pretendia empregá-la em suas atividades para fazer com que jovens eleitoras esquecessem o que ele costumava fazer com elas em seu escritório e já estava sendo motivo de muito falatório na cidade. Ele tinha certeza que com essa droga ele poderia traçar todas as jovens filhas de seus correligionários sem provocar nenhum trauma.

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Monday, August 18, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 35


As tribunas

Ele era bem jovem quando foi estudar em Roma e queria ser um padre avançado em sua pequena cidade do interior. Sua permanência na Cidade Eterna, no entanto, parece que o ligou a um passado de sombras e foi de pouca valia para a cultura de sua região. Quando ele chegou e daí a poucos anos foi levado ao mais alto posto da hierarquia local de sua igreja mandou demolir as tribunas de todos os templos da diocese. Ele tinha receio que casais fossem fornicar sobre o assoalho das mesmas, fazendo ruídos na hora da missa e deixando traços de humores diversos.

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Sunday, August 17, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 89


Eu me chamo Beckenbauer...

O moço fez sinal para a aeromoça e quando ela chegou ele pediu:
- Moça você tem algum comprimido para dor de ouvido?
- Tenho. Espere um instante que eu vou buscar. Ela volta, então, trazendo um pequeno envelope com um comprimido e um copo dagua. Passa para o moço e lhe pergunta o nome, pois de acordo com as normas da ANAC ela tem de registrá-lo:
- Qual é o seu nome? E ele:
- Beckenbauer. A aeromoça diz então:
- Não entendi. Como se escreve? E ele, já acostumado e todo cearense:
- Bê, é, cê, cá, é, ene, bê, a, u, é, erre.
- Ah! É difícil, depois eu escrevo...
Eu, que sentava ao seu lado, dirigi-me ao moço:
- Você pode me dar seu autógrafo? É para meu neto que gosta muito de futebol...

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Saturday, August 16, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 35



LÍVIO BARRETO (1870 - 1895)

POBRE!


Diz essa gente que te vê curvada
Continuamente, ó meiga criatura,
Para o cesto da alvíssima costura,
Que és pobre, e que por isso és desprezada.

Por isso mesmo eu vejo-te acanhada
Entre outras buscando a mais escura
Penumbra, inútil para tanta alvura,
E p´ra tanta beleza ignorada.

Ignorada, sim, minha açucena;
Ignorância que me causa pena
E me faz rir ao mesmo tempo, louca!

Pois eu bem sei o quanto és rica, eu sei-o:
Se tens só duas pérolas no seio,
Tens um milhão de pérolas na boca!

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Friday, August 15, 2008

VISTAS DA GRANJA 57

OS CARNAUBAIS FORAM A RIQUEZA DA CIDADE. HOJE AS CRIANÇAS SÃO A ESPERANÇA.

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Wednesday, August 13, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 65


Muita mixaria

Sua fazenda produzia de um tudo. Lá tudo dava: arroz, feijão, milho, leite e carne, pois tinha umas vaquinhas, muitos bodes, carneiros, galinhas, capotes e perus. Tinha também algodão pra fazer as roupas. Tinha até cana para fazer rapadura e uma boa pinga. É verdade que faltava algumas coisas como gás para botar nos candeeiros, fósforos para acender estes e as lamparinas, pois eles não sabiam mais fazer fogo com os pauzinhos de tanto uso por seus avós. A fazenda, enfim, quase não precisava da velha cidade. Mas o velho tinha de ir lá, de vez em quando, pra vender uns bodes, galinhas, feijão e outros legumes e apurar algum dinheiro pra comprar essas bugigangas que eles tinham se acostumado a usar. Ele voltava com uma lata de gás na cabeça, e umas poucas coisas nos bolsos. Trazia também um maço bem grande de dinheiro, pois sempre do que ele apurava com a venda sobrava muito. Anos se passaram nessa usança e ele sempre punha o rolo de cédulas – contos de reis, barões, cabrais - nos buracos da taipa do seu quarto. E esquecia e todo mundo de casa também. Até que chegaram os planos e quando o velho morreu e os filhos se deram conta não tinha mais nada, tudo perdido, só o amigo colecionador de cédulas comprou por uma mixaria o que antes eram milhões.

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Tuesday, August 12, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 44

Sucateiros

- A nossa vila saiu na frente. Afirma a primeira voz.
- Como assim? Pergunta a segunda voz.
- Ora, todo mundo reclama, inclusive os colunistas sociais dos jornais do Ceará, que os coletores de lixo, maltrapilhos, mal-ajambrados, fazem suas coletas atrapalhando o trânsito e o ir e vir dos carrões em todos os lugares chiques. Nós já invetamos...
- Vai dizer que vocês passaram à frente da Capital!
- Pois é! Vamos licenciar todos os apanhadores que terão de usar uma farda verde piscina e seus carrinhos terão de ser pintados de azul real, amarelo canário, etc. de acordo com seu bairro. Os apanhadores terão de pagar, tipo assim, uma pequena taxa mensal que reverterá para um fundo de amparo que deverá manter uma casa de recolhimento. Para nós, é claro!
- Ah! Então tá bom! Encerra a segunda voz.
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Monday, August 11, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 34

No fundo dos poços

Eduardo de Tal e Gilmar de Tal eram dois irmãos que moravam no Norte desde muito tempo. Seus pais tinham ido do Nordeste no tempo da borracha e o velho tinha ganhado muito dinheiro nos seringais do Rio Madeira. Sempre que havia eleições na cidade de seus pais, no Ceará, os dois irmãos ofereciam seus serviços e os de sua turma a fim de aumentar o cacife eleitoral do velho oligarca que era seu parente e muito amigo de sua família. Neste ano, quando o amigo, o famoso Talzinho, estava ameaçado de perder a parada, eles chegaram mais cedo. Reuniram-se com a equipe, formada pelos cabos eleitorais do parente e amigo, para decidir como seria a nova estratégia. Uma das principais medidas, coercitivas, naturalmente, foi posta em prática imediatamente. Consistia em afogar alguns membros da oposição nos poços de lama formados pelas chuvas nos buracos feitos pelo serviço de saneamento. Quando chegou o dia da eleição o Talzinho havia gasto somente uma pequena fração dos fundos reservados para a compra de eleitores. É escusado dizer que ele ganhou novamente a parada.
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Sunday, August 10, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 88

Gauguin cubano

Sua barriguinha era mais que proeminente, mas ele nem ligava, era jovem e confiante no futuro brilhante que já estava às portas de seu laboratório. Melhor, já se instalara nele. Ocasionalmente ele tropeçava em uma palavra ou uma frase que um purista poderia corrigir, mas ninguém o fazia, nem puristas nem colegas. Certa ocasião, em uma palestra, a troco de pouca coisa, ele falou que foi “pra cima do computador” para escrever o texto dessa dita palestra. Durante sua fala ele disse ainda que “o grande pintor Gauguin que morou por muitos anos em Cuba pintava mulheres com dois seios enquanto que Picasso, o célebre pintor flamengo as pintava com somente um seio”.
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HOMENAGEM AO BLOGUEIRO


O blogueiro agradece a homenagem prestada por seus ex-alunos por ocasião do 59. Congresso Nacional de Botânica em Natal, Rio Grande do Norte.

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Tuesday, August 05, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 43

Candeeiros de cera

Caracala gostava de passear à noitinha pelas ruas da Capital acompanhado por um grande séqüito só para ver os candeeiros espalhados aos milhares por todos os bairros. Essas geringonças, inventadas por ele mesmo, produziam luz com velas de cera de carnaúba, ao invés de gás. Para quem reclamasse do fedor Caracala mandava dizer que pior eram as velas vendidas pelos contrabandistas no Forum Boarium que eram feitas com sebo de bode e este, quando queimava, dava um cheiro que espantava até os próprios, que pastavam calmamente nas ruas.
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Monday, August 04, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 33


Um trato com Ella

Ella estava preocupada com Ricardo, pois notava que, nos últimos dias, ele andava muito assustado. Imaginava que ele estivesse com medo de ser chamado para a viagem que Ella mesma não sabia quando seria feita. Resolveu então propor-lhe um trato. Foi visitá-lo em uma noite de muito vento e muita chuva e o encontrou cuidando de sua coleção de borboletas. Após cumprimentos ligeiros Ella falou:
-Veja Ricardo, eu noto que você anda preocupado e só pode ser com a viagem. Não tenho meios de fazer você esquecer isso, mas eu lhe proponho um adiamento da partida se você concordar com uma condição. Topa?
-Bom acho mesmo que essa maldita viagem está me preocupando. Talvez um adiamento fosse bom... Aí eu posso cuidar melhor da minha coleção de borboletas, talvez aumenta-la... E também fazer um monte de outras coisas. E qual é a condição?
-É o seguinte: quando eu vier buscá-lo você deverá estar acompanhado da indiazinha e ela vai com você.
-Ah não! Não dá!
-Então, nada feito! Aí você vai viajar logo, logo.
Ricardo pensou um pouco e resolveu aceitar. Ele avaliou que, com a indiazinha, esse lugar para onde iria se tornaria um pouco menos insuportável.
-Ta certo, então. Aceito sua proposta.
Enquanto Ella ia embora Ricardo voltou a cuidar de sua coleção.

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Sunday, August 03, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 87


O magnífico pavão

Quando ele notou que cruzaria com o chefe que vinha de cabeça baixa, mas sem olhar para os pés, preparou-se para cumprimentá-lo por sua nomeação para o mais alto cargo na Universidade. Ao chegar bem perto ele gritou de entusiasmo:

- Meus cumprimentos Magnífico!

Pois o cargo para o qual o homem havia sido nomeado era o de Reitor da Universidade de Várzea Vermelha (UVV) e, como se sabe os reitores são magníficos, embora alguns não tenham pescoço. O chefe não gostava de ser importunado em seus elevados pensamentos, mas abriu um largo sorriso acompanhado por uma nítida auréola que se abriu em torno de sua cabeça e que brilhava com as cores e formas das penas da cauda de um pavão.
(Baseado em idéia de um amigo)

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Friday, August 01, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 34


INÁCIO XAVIER FILHO (1921-1999).

O poeta traduziu vinte Odes de Anacreonte diretamente do grego. Aqui apresentamos uma dessas:

6. De Si Mesmo. (XI).

Dizem as mulheres:
- Anacreonte estás velho;
Toma um espelho
E atenta bem, nem mais cabelos
Tens na fronte calva.
Não sei se tenho cabeleira,
Ou se na fronte me falta;
Mas sei de uma coisa:
Que aos velhos convém mais,
Gozar bem a folga,
Quão perto seja a Moira!

(3/11/73)

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