Sunday, December 28, 2014

ETS ESTÃO CHEGANDO - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA - 398

Foi só quando o avião da Vasp taxiava preparando para o vôo até Guarulhos que ele notou seu companheiro na poltrona ao lado. Mas uma conversa só se deu quando eles estavam sobre a capital paulista. O avião começou a voar em círculos sobre a cidade e os mais atentos, como eles dois, passaram a ficar apreensivos. Foi então que começaram a conversar. O colega ao lado era funcionário do Estado e ele, era professor de alguma coisa. O funcionário, Rui, passou a conversar sobre abdução de pessoas por ETs e que eles certamente naquela situação terminariam em um planeta distante da galáxia ou mesmo extra galáctico. Ele tomou de guardanapos de papel e desenhou uma série de figuras representando o que achava que fossem ETs encaminhando pobres humanos como eles dois para uma nave mãe que estava estacionada sobre a região. Seu estado de excitação o levou a pedir informações a uma das atendentes que disse estar o avião sem teto para pousar em Campinas o que faria dentro de alguns minutos a mais. Enquanto Rui tomava essa iniciativa o professor enxugava as palmas das mãos com um suor frio denotando um pavor contido a custo. 



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Monday, December 22, 2014

A GATA DA DONA ROSA - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA - 397

Sua avó morava na mesma casa de taipa que o marido, Zé  dos Troncos, havia construído quando casaram. Só tinha um quarto, a sala e a cozinha. Depois de quarenta anos de casados eles não suportavam mais a secura do sertão e o Seu Zé pegou um mal la nele que o levou para o pequeno cemitério. Daí Dona Rosa ficou só com o menino menor, o Zezinho, e a gata Mateira. Os outros, já grandinhos, tinham ganhado os bredos atrás de serviço; pois até os ricos passavam necessidades brabas. Ninguém sabia como Dona Rosa conseguia sobreviver, morando em sua casinha, a cinco quilômetros do centro. O fato é que ela e o menino se  mantinham magrinhos, mas em pé. Todo sábado, na feira Dona Rosa levava um preá, ou um mocó e até mesmo uma nambu, para vender. O resultado desse comércio dava para comprar farinha, feijão e um pouco de banha para uso de casa. Como Dona Rosa conseguia esses animais para vender e, certamente, para comer, ninguém sabia. Até que um dia o Velho Raposo passando perto de sua casinha para um pouco de prosa descobre o mistério. A velhinha conta-lhe sobre a gata Mateira que vivia com eles desde que fora abandonada por uma vizinha fugida da seca:

-Moço a minha gatinha Mateira sai de casa toda boca da noite e entra nos matos para caçar. Ela pega mocó, preá, nambu, rolinha e às vezes até avoante. Ela traz pra casa e tira o couro e deixa os bichinhos bem limpinhos em cima dessa trempe aí para eu cozinhar pra nós comer.  


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Sunday, December 14, 2014

ELE QUERIA ESCAPAR HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA - 396

Há tempos, durante uma de suas inúmeras crises quase existenciais, Jorge estava tão mal que amigos e amigas se cotizaram para comprar um terrenozinho e o material apropriado para, já sabem, não? O certo é que ele melhorou um pouco de suas agruras e os amigos desistiram das compras. Foi quando uma amiga de uma amiga de uma outra amiga foi visitá-lo para propor a ele um jogo. Era assim: ele estava convidado a encontrar a amiga de uma amiga de uma outra amiga que queria ajudá-lo nesse transe deprimente (?). Era o seguinte: essa primeira amiga era especializada em encaminhar pessoas como ele ao bom caminho, qualquer que fosse esse. Certo dia, depois de sua concordância, ele recebe uma ligação da Laura, era esse o nome da tal amiga prestativa. Ela o convidava a ir a um lugar muito especial onde as pessoas faziam amizades com pobrezinhos como ele e as levavam para o caminho da salvação. A evocação de São Longuinho, diziam todos os participantes, era forte e o candidato a ficar são, se tivesse forças, em um instante escapava das garras de Odin.  Jorge não conseguiu cumprir todos os passos e teve de desistir do tratamento, pois a coisa era assim, como um tratamento. Ele voltou ao Dr. Clairton, e logo foi resgatado das fundas águas do Stige.
 
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Thursday, December 11, 2014

SOLUÇÃO BUCAL


Quase seis horas da manhã e ela entra pelo quarto adentro, dando bons dias e carregando uma parafernália de seringas, tubos, pílulas já separadas para ele tomar e mais um montão de outras miudezas. Ela, a Rita, pega uma bacia de plástico azul com um líquido, assim pela metade e passa para ele antes de qualquer outra coisa e sem nada dizer. O matuto da Ribeira toma a bacia nas mãos e toca a beber aquele líquido com gosto de sabão. A princípio ele achou que fizesse parte do desjejum, mas quando a bela Rita olhou pra arrumação gritou:
- Seu Rui isto não é coisa para se beber; isto é para higiene bucal.
Passar por essa não estava escrito no receituário, mas para voltar para casa ele tinha de fazer tudo que lhe ordenassem. E ainda tinha de pagar uma enormidade e em moeda forte. 



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Monday, December 08, 2014

ESTOU ESPERANDO POR ELLA NA UTI - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA - 395

Na UTI, por poucos dias, Robert ficou em um leito ao lado de um senhor idoso, mas não tanto como ele próprio. O velho, pois parecia um e era mesmo, havia se operado para retirar pedras dos rins e estava se queixando tanto de dores abdominais como da ausência de seu filho. Só a Rita lhe agradava, pois que conversavam, isto é, ele falava e ela respondia com os famosos monossílabos. João não se conteve e puxou conversa com Robert.


J-Qual é o seu caso amigo?
Silêncio...
J-Você está cá há dias?
Rendendo-se Robert passa a responder...
R-Sim já estou cá há dois dias.
J-E quando vais sair?
R-O doutor diz que saio em mais dois dias.
J-Vai embora, de alta?
R-Não! Ainda vou para o quarto.
J-Ahn...
R-E qual é ou qual foi o seu caso?
J-Eu morri...
O velho João, olhando para o vizinho sorriu e virou o rosto para o outro lado. 




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MÃE GERARDINA - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA - 394

Rui viu o cartaz pregado no poste e o  leu. Nele estava impresso o anúncio, simples, mas que lhe chamou atenção. Dizia assim:
"Mãe Gerardina cura todos os males, doenças contagiosas e até o vírus ebola. E os de amor. Eu também curo até males do celunar. Me procure no telefone 9954-38455. Consultas a partir de 8:00 custam somente R$ 10,00".

Rui arrancou o cartaz já amarelado e o pôs no bolso. 

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