Sunday, February 27, 2011

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 211


UM COROA ENXUTO

Silveira era um coroa enxuto e estava ganhando muito dinheiro em seus novos negócios. Sentia-se rico, poderoso e jovem. Resolveu empregar uma grana preta e comprou um conversível MG vermelho. Na primeira saida parou no sinal na esquina de sua casa e começou a soltar sinais de interesse para uma garota de formas esculturais que se encontrava no local. Ela notou e lhe dirigiu a palavra:
- Que horas são tio?
Após ouvir a pergunta ele engata uma primeira dá a volta no quarteirão e telefona para o corretor de quem havia comprado o carro devolvendo-o. Com um baita prejuízo.

(Obrigado ao Eduardo Siva)



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Saturday, February 26, 2011

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO


MISTÉRIOS

Jorge e Vanessa estavam passando o fim de semana na casa da Prainha. Nenhum dos filhos e netos quis acompanha-los. Eles já estavam enjoados dos fins de semana na praia. Somente o Leluli ainda gostava, nessa época.

A moça havia descido até a praia e já estava demorando um bocado. Talvez ela tivesse ido comprar peixe fresco, de que tango gostava. Ele não esperou mais e resolveu tomar um pouco de vinho tinto e comer umas poucas castanhas de caju. Aparentemente ele se excedeu e, após a terceira taça estava sonolento. Jorge nunca combatia esses pequenos ataques de sono. Continuava a dormir pouco e aproveitava qualquer horário em que tivesse sono para tentar recuperar o que vinha sistematicamente perdendo. Até onde iria isso ele não tinha a menor idéia.(...)


Durante esse sono promovido pelo vinho ele teve alguns pequenos sonhos dos quais somente de alguns ele lembrava. Sonhou com suas tias maternas percebendo o quanto elas tinham comportamento diferente de suas tias do lado de seu pai. Quase todas elas foram acostumadas a ir a Igreja mesmo que fosse sem ter muita fé. As tias maternas, pelo menos as duas mais velhas participavam de congregações e associações ligadas à Igreja e eram amigas do padre.

Sua tia mais velha era casada com o Titio, pois era assim que todos os seus sobrinhos, pelo menos os filhos da mãe de Jorge, o chamavam. Ele era uma pessoa adorável e gostava muito de todos os netos. Jorge e sua irmã imediatamente antes dele, viviam na loja do tio a mexer e a surrupiar latinhas de leite condensado que, após serem esvaziadas eram retornadas à caixa que as continha. O tio, muitos anos depois, dizia para eles que via tudo e só fazia sorrir. Eles moravam em uma casa grande de esquina e com uma área ajardinada. O casal não tinha filhos, mas criava uma mocinha, a Rita que, bem mais tarde casou com o Chico que morava no Alto dos Pescadores e tinha uma bodega no mercado.

As duas outras tias moravam com o casal. A mais velha das duas estava ficando a cada dia mais surda e, no final de sua vida não ouvia coisa alguma. Ela fazia renda em uma almofada de bilros por horas seguidas. Lia muito, jornais e literatura religiosa. Quando se sentava em frente à TV dizia sentir o cheiro das comedorias e doces que apareciam nas propagandas ou novelas. Ia todo santo dia, com seu passo claudicante, à Igreja assistir à missa ou somente rezar.

Certo dia essa tia estava arrumando uma mala, talvez fosse viajar e Jorge, muito criança, estava de pé ao lado dela observando a operação. Notava cada detalhe da movimentação e cada peça que a tia colocava na mala. Ora era um vestido, ora era uma combinação, um jogo de sabonete e pente e perfume. Ele reconhecia tudo. Subitamente seu olhar se dirige para alguma coisa que ele não reconhece, pois nunca havia visto nada igual. Eram dois pedaços de tecido branco unidos por tiras e, parecendo ter duas alças. Ele perguntou à tia:

-Tia o que é isso? Sua tia que ainda escutava razoavelmente respondeu-lhe:

-Jorginho, isto é um califom! E começou a rir. Ele ficou desconcertado com o riso espontâneo da tia e emudeceu adivinhando que ali era território proibido, com certeza.

Jorge acordou de seu sono com a chegada da moça carregando um pacote de papel de jornal com uma arabaiana que certamente ela iria preparar para logo mais.




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Wednesday, February 23, 2011

GRANJA - CARNAUBAL, ANTIGA RIQUEZA


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Tuesday, February 22, 2011

AFORISMOS, APOTEGMAS, MÁXIMAS

"Fazemos nossos caminhos e lhes chamamos destino."

Benjamin Disraeli (1804 – 1881)


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Sunday, February 20, 2011

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 210

VIAGEM

Sentado em uma confortável poltrona ele manteve os olhos fechados por um bom tempo. Sentia um movimento circular que parecia levá-lo cada vez mais para baixo. Não tinha idéia para onde essa viagem o levaria. Que fosse breve era o que esperava. Acordou com o riso das crianças que chegavam.


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Wednesday, February 16, 2011

GRANJA - O MOSQUITO MORA POR PERTO


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Tuesday, February 08, 2011

AFORISMOS, APOTEGMAS, MÁXIMAS


"A sociedade enriquece a mente, mas a solidão é a escola do gênio."

E. Gibbon (1737 – 1794)


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Sunday, February 06, 2011

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 209


SEU ANTÔNIO PINTADO E A REDE

Corre na cidade a história do jacaré que engoliu Seu Antônio Pintado quando ele era menino. Em conversa com o hoje ancião ele não confirma isso, mas conta cada história...

Numa delas diz que um cambista insistiu com ele para comprar uma rifa de uma rede, mas ele não queria, pois o dinheiro que tinha só dava para pagar seu casamento que seria no dia seguinte. O tal cambista insistiu e Seu Antônio comprou. Daí os dois foram para a Estação esperar a chegada do trem que trazia o resultado da rifa. Souberam logo que ele tinha ganho. Ele ia se casar no dia seguinte, mas brigou com um camarada e o jogou dentro de um saco de farinha ficando o cara todo branco. A noiva viu a arrumação e brigou com ele. Mas Seu Antônio Pintado era esperto e fez as pazes com a noiva e casou no dia marcado. Logo depois do casamento o delegado veio e o prendeu. Ele só ficou preso dez minutos ficando livre para a usar a rede com a noiva.



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Wednesday, February 02, 2011

Tuesday, February 01, 2011

CONTOS E NOVELAS DA RIBEIRA


MIGUELZIM

Dona Inacinha estava cansada de passar fome, o feijão no caixão do alpendre estava acabando, não dava nem mais prum mês, a farinha era pouca e eles não tinham mais nem um borrego ou um cabrito pra comer. As crianças agora eram useiras e vezeiras em armar fojo pra pegar preá pra comer, na falta de outra carne; quando estes se acabassem aí seria o fim mesmo. (...)


A casa construída no morro alto, de frente pra Serra Grande tinha a frente de alvenaria e a parte de trás de taipa e estava caindo e eles não podiam consertá-la, pois faltava dinheiro. A parede do cacimbão lá embaixo, na beira do riacho, tinha caído. Também ele já estava quase seco. O pasto estava todo queimado do sol e já não dava pra gado nenhum. Até as ateiras do terreiro se não estavam mortas mostravam as atas tudo pretas e a cajazeira era uma pena só. De pau verde só ficou mesmo o fícus, mas deste não se come nada. Talvez.

O menino dizia sempre que não ia morrer nos matos, debaixo do sol, com fome e com sede. Ia embora pra Ribeira. Lá na certa acharia alguma coisa pra comer. Nem que fosse carne de calango com a qual estava acostumado, mas os bichinhos já estavam faltando nos lajedos do rio, atrás de sua casa na Malhada Grande.

Miguelzim tinha doze anos e era o mais velho de uma irmandade de cinco: ele, a Mariazinha, o José, o João Batista e o menorzinho o Raimundinho. O pai tinha morrido havia poucos anos de um mal que ninguém sabia o que era: ele deixou a barba e o cabelo crescerem e se trancou na camarinha, expulsando Dona Inacinha e deixou de comer, mesmo o pouco que sua velha tentava dar-lhe todos os dias. Morreu sem nunca mais ter comido nada. Foi enterrado no pé do morro, no cemitério onde todos seus parentes haviam sido sepultados. Ninguém queria saber dessa história triste. Era uma que já tinha acontecido outras vezes, com outros parentes.

Todos, até o Raimundinho, tinham de trabalhar para sustentar a mãe, Dona Inacinha, e a eles mesmos. Eles se ocupavam em apanhar lenha e vende-la no Cajueiro-de-cima e apurar uns poucos tostões que ainda ajudavam. Mas, o gadinho que o velho Miguel tinha foi se acabando, pois vender uma cabeça de vez em quando pra comer e comprar panos pra se vestirem foi um dos últimos recursos pra ficarem de pé. A criação, que o Pai tinha conseguido ajuntar em muitos anos tinha chegado ao fim. Nem uma cabritinha tinha mais.

Uma noite Miguelzinho foi dormir com muita fome e, depois de muito lutar conseguiu dormir. Era uma dormida agitada e ele sonhou muito. Sonhou que ia pra Ribeira e se empregar na casa de um homem muito bom. No sonho ele ia pra Escola e aprendia a ler e a contar. Quando ele já estava rapaz, homem feito ele viajava pra bem longe a mando do patrão e chegando lá ficava rico, muito rico. Ele voltava com muito dinheiro e comprava o armazém de seu benfeitor que estava se preparando para viajar. Aí ele chamava sua mãe Dona Inacinha e os irmãos que tinham ficado na Malhada Grande.

Após ter tido este sonho que ele achava bonito e numa noite estrelada, sem uma nuvem no céu, sinal de que as chuvas não viriam ainda por muito tempo, Miguelzinho disse pra sua mãe que ia embora. Vai pra Ribeira pra procurar fortuna. Dona Inacinha sabe que o filho vai fazer o que é certo, mas já sofre de antemão por sua perda, mesmo que seja por algum tempo, o que ela não acredita de modo algum.

No dia da partida, bem cedinho, ainda de madrugada, o menino se prepara toma um pouco de café de manjerioba pega a pequena trouxa com uma roupa limpa, beija a mãe e se põe em marcha. Ele não se despede dos irmãos, pois tem certeza que o chororô seria grande e ele poderia não resistir.

A Ribeira é longe, mas ele decidiu passar pelo Cajueiro-de-cima onde morava seu padrinho que tinha uns conhecimentos na cidade. Lá chegando o velho Raimundo fica admirado quando sabe que Miguelzim vai embora deixando a mãe e os meninos sozinhos lá na casa da Malhada Grande. Seu padrinho lhe dá um bilhete para o Coronel Viana, mas o menino não sabe o que está escrito, só espera que o padrinho não lembre das estrepulias que ele e os irmãos faziam no cercado quando iam apartar os cabritos. Será que o Coronel Viana ia achar isso ruim e não lhe dar um emprego?

Depois de demorar um pouco na casa do padrinho Miguelzim toca pra diante e chega na Ribeira já pela boquinha da noite. Ele não tem pra onde ir, pois não conhece ninguém na cidade, nem mesmo uns primos distantes que sua mãe falou ele sabia onde moravam. Já era noite fechada quando ele decidiu se arranchar debaixo de um cajueiro, perto de um grupo de retirantes lá instalados. Logo eles o chamaram para perto e passaram a lhe fazer uma investigação: de onde vinha se lá estava seco, se não tinha chovido, se a família e os vizinhos estavam passando fome, e por aí vai. Ninguém queria saber quem ele era, filho de quem, neto de quem, nada. Essa conversa de origem não interessava a ninguém, pois todos ali eram retirantes da seca e concorriam por um lugar onde se meter para serem esquecidos por “Ella” até que melhores condições de vida novamente aparecessem.

Bem uma semana depois de chegar a Ribeira Miguelzim foi procurar o Coronel Viana para entregar o bilhete que seu padrinho Raimundo mandara. Procura que procura o menino encontra o armazém de um dos homens mais ricos e importantes da cidade. Com muita cerimônia ele pergunta a um trabalhador que saia do armazém se podia falar com o Coronel Viana a mando do Seu Raimundo lá do Cajueiro-de-cima. O caboco olha pro menino de cima a baixo e diz que o Coronel não recebe criança e nem tão pouco retirante. Que ele vá embora. Mas Miguelzim não desiste e fica na calçada com o pé encostado na parede do armazém até a hora que o Coronel sai para ir almoçar. O menino logo destrava a perna e fica em frente ao homem mais importante da cidade, sem nenhum medo ou cerimônia, só com fome. Estende o pedaço de papel já sujo ao Coronel e diz que é um bilhete do seu padrinho Raimundo do Cajueiro-de-cima. O Coronel lê aqueles garranchos e advinha o que o velho Raimundo diz: ele pede uma colocação pra criança cujo pai morreu e a mãe com mais quatro filhos passa fome na Malhada Grande. O Coronel sem mostrar qualquer emoção ou piedade diante da criança maltrapilha e suja ordena que ele se dirija aos fundos da casa grande e espere que alguém vá lhe deixar entrar pelo curral.

Quando a Chica, uma negra enorme, abre o portão e repara no menino começa a chorar, mas o põe logo dentro de casa. Com as ordens recebidas do patrão manda o menino tirar água do cacimbão – uma água salobra ruim como os todo - e tomar um banho em regra com sabão da terra e rapa de coco. Após o banho Miguelzim veste sua muda de roupa limpa e se senta diante de um prato de arroz com feijão e uns pedacinhos de carne e come até se fartar.

No armazém quando o Coronel volta depois do almoço chama o Novais e diz para ele tomar de conta do culumim. A partir desse dia Miguelzim passa a ser um verdadeiro escravo do mais importante empregado do Coronel. É ele quem varre todo o chão e junta o pó de cera que é levado para derreter, ele também espana os móveis do escritório e, nas horas vagas vai pegar água no rio junto com o neguinho que logo se torna seu amigo, o Rubinho. Os dois trabalham tanto no armazém como na casa de morada que fica ao lado. E também na casa do seu Novais. Não há tempo para brincadeiras, nem nos domingos, pois o armazém também funciona nos fins de semana. As únicas coisas boas para os dois é que tem comida de verdade, isto é, muita, e eles vão para a escola de noite onde começam a aprender a ler. A Dona Rita, a professora, cuida para que os meninos logo aprendam o mínimo necessário: ler, escrever e fazer conta.

Passaram-se muitos anos e Miguelzinho e Rubinho, já rapazes, tiveram seus destinos separados. O neguinho ganhou uma parelha de jumentos e quatro ancoretas e ficou livre para vender água que pegava no rio, de graça. Antes a água era para a casa do Coronel e do seu Novais e os dois não lhe davam nada a não ser a comida, mas agora ele vendia para quem quisesse e desse mais. Rubinho achou um grande progresso, pois de onde ele tinha vindo como criança elas morriam de fome e de sede e sem saber ler e escrever, o que não valia muita coisa. Agora, ele podia casar com a Luizinha e esperar que os meninos que nascessem fossem trabalhar para eles e os sustentassem na velhice. Ele prometia a si mesmo e à noiva que seus filhos não iam aprender a ler nem a contar coisa nenhuma, pois ele sabia que nada disso adiantava.

Quanto a Miguelzinho aconteceu alguma coisa diferente. Quando chegou aos dezoito anos ele pediu um empréstimo ao Coronel para montar uma bodega. O velho comerciante concordou desde que ele próprio fosse sócio e que o jovem fosse comprar mercadorias no Pará onde ele tinha bastante crédito e assim não precisaria desembolsar os vinte contos que o Miguelzim pedia emprestado.

Tudo acertado Miguelzim foi na Malhada Grande despedir-se de Dona Inacinha e dos irmãos que tinham conseguido escapar das secas e que eram somente dois: a Mariazinha e o Raimundinho; a irmã já estava casada e era mãe de dois filhos, um deles afilhado de Miguelzim. Este, com a benção da mãe, se toca para o Pará. Após ter ficado abismado com a cidade grande ele lá resolve visitar um seringal de um camarada da Ribeira que diziam estar muito rico. Quando chegou a propriedade do Seu Zé Raimundo ele também ficou entusiasmado e resolveu mudar de planos. Com o dinheiro trazido associou-se ao velho, pois Seu Zé Raimundo já era um senhor idoso e tentou esquecer o trato que tinha tido com o Coronel Viana. Na verdade Miguelzim queria tornar realidade o sonho que tivera na Malhada Grande às vésperas de sair de casa para a Ribeira, isso fazia muitos anos.

Os tempos passaram e, na Ribeira, nunca ninguém soube o que tinha acontecido ao Miguelzim lá pelas bandas do Pará.






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AFORISMOS, APOTEGMAS, MÁXIMAS


"Não é triste mudar de idéias, triste é não ter idéias para mudar."

Barão de Itararé (Aparício Torelly) (1895 – 1971)


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