Wednesday, August 29, 2007

Tuesday, August 28, 2007

O Povo da Malhadinha 20


Chapéu de home

-Inásso, Inásso! Lerranta rambora ali!
- Aonde vô?
- Ramo ali uma riage.

Montaram no cavalo levando nos alforjes muita carne assada e muito queijo, e uma cabaça de cinco litros, cheia d´água, amarrada na lua da sela, como se fossem fazer uma viagem longa. O velho levava também o machado e a foice que ele havia passado a noite amolando. Ao chegarem ao lugar em que seu chapéu tinha caído, quando os dois vinham na noite anterior, este ainda estava lá, no chão. O velho chegou perto da árvore que “tinha derribado” seu chapéu e viu que era um amargoso de tronco muito grosso. Ele não teve dúvida, começou a cortar a árvore com o machado, e quando deu uma hora da tarde ele tinha acabado o serviço; juntou os galhos e pedaços do tronco e fez uma coivara juntando madeira seca de uma capoeira vizinha. Quando a coivara estava pronta ele tocou fogo e, tendo jogado o chapéu em cima, ficou acocorado de lado. Quando tudo havia sido consumido, queimado, lá pelas sete horas da noite, ele vira-se para o neto e diz:
- Rambora! O serviço tá feito...
Botou o neto na garupa e, pondo o cavalo a marchar, vira-se para trás e diz:
- Tu nunca mais derriba chapéu de home!

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Monday, August 27, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 41


Ella 3

Marco acordou com a boca seca, uma tremenda sede e muito calor. Após tomar um pouco d´água ele deitou-se novamente esperando o sono. Logo viu as enormes labaredas vermelhas lambendo a janela. Pulou da cama, correu para a porta e viu que o fogo também estava lá, furioso, no corredor. Voltou para o quarto, mas este estava tomado por uma fumaça negra e acre e terrivelmente quente.
Tossindo como todo ele tomou então uma decisão: ia pular pela janela, com sorte chegaria inteiro. E foi o que fez. Pulou. E quando estava voando para o jardim do prédio, quinze andares lá embaixo, sentiu uma pressão leve em seu ombro. Virou-se para o lado e lá estava Ella trajando um manto branco, diáfano, e sorrindo para ele. Daí ele ouviu:

- Não tenha medo meu cabôco, pois a viagem é curta.

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Thursday, August 23, 2007

VISTAS DA GRANJA 10









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O Povo da Malhadinha 19


“Zé Rieira era preguiça demais e seboso também”. Certo dia mandou pedir emprestado um machado ao sogro (e tio) que tinha ficado cego, mas cuidava bem dos seus ferros. Foices, facões e machados ele os mandava amolar, passava a mão na lâmina para saber se o corte estava bom e os guardava sempre enfiados no freichal do alpendre. José Vieira usou o ferro sem cuidado tendo acabado com o fio, deixando-o cheio de dentes. Mandou alguém devolver o machado ao sogro e, quando este o recebeu, experimentou o “gumo” e sentiu que estava totalmente perdido, acabado. O velho Ignácio emitiu, então, o hino da Malhadinha:


-“Uuuummm”.

Meteu o machado no freichal onde sempre o deixava, virou-se para os que estavam perto e disse:

-Esse machado aí num é pá ninguém pegar nele, é pá emprestá pro Zé Rieira.

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Sunday, August 19, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 40



A “de Jezuiz”

Dona Maria dos Anjos de Jezuiz estava na casa do cunhado na Várzea Grande. Ela tinha vindo do Manhoso porque estava de portas-a-dentro com o Padre Lobo. Como a moça era muito bonita atraia os olhares e pegares de muitos homens.

À noitinha um grupo de malandros amigos se reuniu e resolveu roubar a menina para ela fazer um picadinho. Quando chegaram perto foram logo gritando para que ela saísse. Ela e o cunhado, o Domingos (Bispo dos Santos) saíram, o que resultou numa tremenda briga, com porradas, cacetadas e tiros. Dois dos malandros foram presos.
Os outros fugiram levando a mulher para a Pedra do Cura onde foi feito o picadinho


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Thursday, August 16, 2007

Monday, August 13, 2007

O Povo da Malhadinha 18



Bela
Sobre Raimundo Maçambique, - metido a rico, metido à besta, tinha um gadinho -, diz-se que foi pedir em casamento a filha do Joaquim da Silva, do Cajueirinho. Quando, após a aprovação voltava para casa na Malhadinha, a pé, em “toda carnaubeira que tinha” ele parava e dizia:

-Carnaúba! Tu sabe que eu tô pá casar com a moça Bela, fia do home Joaquim da Silva! Ô moça bonita do cu do diabo!

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Sunday, August 12, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 39


Coleção da Saúde

Jorge Luis estava escrevendo uma historinha para enviar para os amigos de sua lista de endereços. Já estava bem adiantado e começava assim:

“Bonifácio estava na idade que se diz ser a terceira. E isto parecia ser um bom motivo para ele viver nos médicos, aliás, nas médicas e doutoras, pois ele tinha um ‘penchant’ para profissionais de saúde do sexo frágil e, lógico, bem mais jovens que ele. Sua cardiologista era a Dra. Eclair, oftalmologista a Dra. Chandra, a otorrinolaringologista chamava-se Dra. Alice, a ortopedista era a Dra. Vicência, a Dentista era a Dra. Haila, a psiquiatra a Dra. Adamir, a psicóloga era a Dra. Ivone e alguma outra que ele estava esquecendo – Cabeleireira não vale? E porque não? A Márcinha era uma verdadeira doutora do corte. Enfim. Para cada uma delas ele tinha um tratamento que parecia ser diferenciado, mas no fundo era....”

Subitamente ele sente uma presença por cima de seu ombro. Ele não tem tempo de fechar o monitor, mas depressa se vira e encara o sorriso de troça de sua filha Claironia:

-Papai tu parece mesmo um velho enxerido!

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Wednesday, August 08, 2007

Sunday, August 05, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 38



Ella 2

Marco estava sentado na parte superior de um desses ônibus “double-deck”, imensos e que aparentam estar desequilibrados. Ia de São Paulo para Belo Horizonte, de madrugada. Já fazia um bom tempo de viagem, mas ele continuava a olhar para a estrada à frente, como que “tomando de conta” do motorista, com medo que ele dormisse (...). Subitamente ele viu um automóvel capotar diversas vezes no asfalto e logo um corpo cair quando uma das portas abriu. O motorista do ônibus não parou e o veículo passou por cima da pessoa, pois era uma pessoa. Um pouco adiante, devido a seus gritos, o motorista parou o ônibus. Ele desce e corre para ver o vulto estendido no chão, certamente esmagado. Então ele A viu. Ella quase flutuava, arrastando um vestido branco, diáfano, e portando um bastão em uma das mãos. Com a outra puxava o corpo estendido no asfalto e que agora parecia levitar, como se fosse uma pipa alçando vôo. Marco observou bem e viu ele próprio gentilmente levado por Ella.

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Saturday, August 04, 2007

O Povo da Malhadinha 17


Diabo tu qué muiá?


Conta-se que Raimundo Maçambique, “malhadinha” de primeira, morador do Cajueirinho, usava como calças, cuecões amarrados nas pernas e que não precisavam ser arregaçados para atravessar um pequeno riacho. Mas, quando no inverno, o riacho estava cheio e a água chegava a molhar um pouco suas calças/cuecas ele dizia:

-Diabo tu qué muiá? Pois móia logo! E então se deitava no riacho e já se molhava completamente.

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