Tuesday, August 28, 2007

O Povo da Malhadinha 20


Chapéu de home

-Inásso, Inásso! Lerranta rambora ali!
- Aonde vô?
- Ramo ali uma riage.

Montaram no cavalo levando nos alforjes muita carne assada e muito queijo, e uma cabaça de cinco litros, cheia d´água, amarrada na lua da sela, como se fossem fazer uma viagem longa. O velho levava também o machado e a foice que ele havia passado a noite amolando. Ao chegarem ao lugar em que seu chapéu tinha caído, quando os dois vinham na noite anterior, este ainda estava lá, no chão. O velho chegou perto da árvore que “tinha derribado” seu chapéu e viu que era um amargoso de tronco muito grosso. Ele não teve dúvida, começou a cortar a árvore com o machado, e quando deu uma hora da tarde ele tinha acabado o serviço; juntou os galhos e pedaços do tronco e fez uma coivara juntando madeira seca de uma capoeira vizinha. Quando a coivara estava pronta ele tocou fogo e, tendo jogado o chapéu em cima, ficou acocorado de lado. Quando tudo havia sido consumido, queimado, lá pelas sete horas da noite, ele vira-se para o neto e diz:
- Rambora! O serviço tá feito...
Botou o neto na garupa e, pondo o cavalo a marchar, vira-se para trás e diz:
- Tu nunca mais derriba chapéu de home!

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