Saturday, January 09, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 97


Este é um dos mais belos poemas de Lívio Barreto. Consta de quatro partes escritas em diferentes épocas e é oferecido ao amigo de sempre Waldemiro Cavalcanti. Mostramos hoje a TERCEIRA PARTE desse poema.

OS CRAVOS BRANCOS

A Waldemiro Cavalcânti

DEDICATÓRIA

Aquela a quem meu ser, ajoelhado, rende
O culto mais profundo, o amor mais ideal,
Essa estrela que na alma a inspiração me acende
Como o sol faz florir as violetas do val,
Estes versos dedico, este sonho ofereço,
Onde canta a esperança o seu canto risonho...
Em seus olhos de criança eu o pesar esqueço!
Foi Ela quem me deu o meu primeiro verso,
O meu primeiro amor, o meu primeiro sonho.

III


AO LUAR


Abro a janela. O luar canta no espaço e alaga
Tudo, possante assim como uma inundação.
Subjugando a noite o escuro tredo esmaga,
É um combate fatal, uma revolução.
Por toda a parte a rir sua luz se propaga.
Acorda o lírio e doira a grama pelo chão,
Vai ao mar e incendeia a espuma sobre a vaga,
Branqueia a rocha e faz a nuvem de algodão.
Fura a tapeçaria espessa da folhagem,
Dilui-se, corre, vaza, inunda, e, na viagem,
Desce como um rastilho às fragas, aos barrancos.
Vai aos rosais em flor, bole nos jasmineiros,
Aromatiza o ar, murmura. E nos canteiros
Para ver o luar abrem os cravos brancos.

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