Thursday, October 16, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 70


O sabido

Em casa, quando meninote ele lia Balzac no original, tocava algumas peças simples de Chopin e escrevia pequenos contos que seus irmãos liam e com os quais faziam propaganda dele como um futuro grande escritor. Quando foi para a Capital teve de decidir entre sua literatura e uma carreira técnica (será que literatura não é também técnica?), pois “as coisas” andavam ruins e seu pai não podia mais conseguir colocações para literatos e pianistas amadores. Ele completou os preparatórios para Química e teve que se dedicar a leituras técnicas: biologias, químicas, matemáticas, zoologias e o diabo a quatro. “Nessa época seus irmãos perguntaram se queria que lhe enviassem seus livros e ele lhes disse pelo amor de Deus, deixem-nos longe do meu pescoço, não quero mais ser guiado, animado e afogueado”. Mas, passados mais de cinqüenta anos ele abandona as ciências e técnicas e se envolve com Beethoven, Goethe, Baudelaire e outras sumidades. Ele só tinha uma preocupação: será que iria recuperar o “tempo perdido”?

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