Friday, August 28, 2009

POEMAS BARRETO/XAVIER 86


Mostro hoje mais um poema de LÍVIO BARRETO, poeta granjense nascido em 1870 e falecido em 1895. “Dolentes” é seu único livro publicado.

MÁGOAS

Eu sinto n´alma o fúnebre vazio
Que o ninho sente quando a pomba voa...

JOÃO DE DEUS DO RÊGO


Por que essa flor que encerra a nossa vida,
Na melindrosa ânfora guardada,
Treme, pálida e fria, sacudida.
Por tua mão angélica, de fada?

Por que das minhas utopias santas
O vôo cortas quando as tenho prêsas,
À tua boca e à tua voz – se cantas,
Às tuas mãos e ao teu olhar – se rezas?

Por que deixaste, pérola, a queixosa
Concha cheia de amor e de martírio?
Por que deixaste este luar, ó rosa?
Por que fugiste deste orvalho, ó lírio?

Pois bem, deixa que eu gema e que sucumba
Com teu retrato no meu coração,
E vá de solidão em solidão,
A procurar o amor de tumba em tumba.

Deixa! e nem tentes mais chamar à vida
Meu coração desesperado e frio
Que anda no mar da Dor como um navio
Na escuridão da noite indefinida.

- Granja – Agosto – 92.

O poema mostrado está completo.

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