Friday, August 21, 2009

POEMAS BARRETO/XAVIER 85


LÍVIO BARRETO deixou em seu um único livro publicado, “Dolentes”, o poema de 1894 que mostramos hoje.

NOITE AFORA

Há pouco na matriz deram dez horas.
Calma aparente fora; aqui, soturna,
Triste vigília; a pavidez noturna
Das longas noites lentas, sonhadoras.

Só no meu quarto, a luz da lamparina
Trêmula doira a minha solidão.
Silêncio triste. As dores em surdina
Vão dar meia-noite no meu coração.

Ventos da noite frios, ventos frios
Passam bulhando fora aos assobios,
Zunindo pelas frinchas da parede...

Dormem sorrindo as brancas inocências,
E anda o remorso pelas consciências
Como um lobo perdido, que tem sede.

O texto está completo. O quadro é: Picture Clock with Scene of an Alpine Village Landscape with Clock Mechanism in Church Tower, de C. L. Hoffmeister, 1833

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