Saturday, May 15, 2010

A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS – 6


JUCA VASEC, HERDEIRO DE TROFIM E DO CORONEL TOTONHO.


Até bem poucos anos depois do casamento a grande casa do Coronel Totonho ainda não era campo para estripulias de crianças. Três anos depois das bodas Aline e seu marido louro Trofim ainda não haviam dado os netos que o Coronel tanto desejava. (...)



Essa situação era o resultado do que, a princípio, só Trofim Vasec sabia: O eslavo era estéril, apesar de ser um verdadeiro garanhão. Ele não podia gerar filhos, mas o casal podia tê-los, pois podiam adotar quantas crianças quisessem ou pudessem. Para isso o Coronel, com toda certeza, contribuiria.

Aline, sabedora da deficiência de seu marido, logo contou a seus pais de quem esperava conselhos. Quando o Coronel e sua mulher souberam do problema que afligia sua filha confortaram-na e, depois de algumas dúvidas, decidiram dar uma solução caseira a ele. Acabava de casar com um caixeirinho do Armazém a filha da Edileusa, cozinheira de forno e fogão da Casa Grande. Daí a pouco a cunhãzinha apareceu com um buchinho e Dona Rocilda, pois este é o nome da mulher do Coronel, não precisou mais do que umas simples ameaçazinhas para convencer sua afilhada a dar o futuro rebento para Aline e Trofim. Foi assim que o Coronel e sua esposa tiveram seu primeiro netinho. O Juca logo estava a correr e brincar pela Casa Grande como se fosse o verdadeiro herdeiro do poderoso casal. E na verdade passou sê-lo.

Juca cresceu e foi para a melhor escola da Ribeira, aquela criada pelo Professor Dr. Antonio Augusto um bom homem de letras, católico, cumpridor de seus deveres, pai de muitos filhos e ótimo educador. A criança era muito apreciada por seu mestre, pois além de neto do seu poderoso amigo Coronel era o filho de um estrangeiro, louro e eslavo. O resultado dessa amizade foi um desvelo total do mestre para com o bruguelhinho. Mas o garoto era filho de Trofim Vasec o bodegueiro e homem das futricas e este tinha seus amigos entre as pessoas simples como o Zequinha de Dona Censa. À medida que crescia mais e mais o Juca se chegava aos filhos do Zequinha que o levavam a fazer todo tipo de traquinagem pela cidade. Os pixotes chegavam a passar o dia inteiro caçando passarinho e tomando banho no Rio, quando era tempo da cheia. Logo eles estavam todos enturmados com outras crianças que moravam em ruas mais distantes. Entre esses estava o filho do Dr. Tal, famoso advogado militante na Ribeira e nas cidades vizinhas, ao longo da Estrada. O Talzinho era um perigo. Era um menino vadio à beça. O Coronel não gostava da amizade de seu neto com o filho do advogado. Sempre falava que, tendo chorado na barriga da sua mãe, sabia que aquela proximidade não iria resultar em boa coisa.

Os meninos cresceram e seus pais os mandaram, isto é, no caso de Juca, quem mandou foi seu avô, estudar na Capital, para fazer os preparatórios no Lyceu. Na época em que eles foram o Dr. Antônio Augusto já tinha assumido a direção do colégio e facilitou a entrada dos meninos. No caso de Talzinho isso foi muito necessário, pois ele era refratário ao aprendizado, pelo menos das letras; ele gostava mesmo era dos números e das historinhas das Mil e Uma noites, principalmente a de Ali Baba e os 40 ladrões. Os dois garotos passaram poucos anos no Forte, somente até completar os preparatórios e daí foram mandados para o Rio de Janeiro, onde se matricularam Juca Vasec na Faculdade Nacional de Direito e Talzinho foi admitido na Faculdade de Medicina.

Os tempos passaram e Juca, tendo defendido uma bela tese de doutorado, voltou para a Ribeira para os braços da família e para começar a cuidar de sua dupla herança. Quanto a Talzinho este ficou por muitos anos no Rio de Janeiro onde, sem exercer a medicina, amealhou um bom dinheiro no Cassino da Urca.

Sobre figura: Casarão da fazenda em Alegria Minas Gerais. Http://Ravanelli.Arteblog.Com.Br/134866/Casarao-Da-Fazenda-Em-Alegria-Minas-Gerais/

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