Friday, March 19, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 107


O poema de LÍVIO BARRETO, abaixo transcrito, está publicado em “Dolentes”, seu único livro.

ÍNTIMA

Não sei que calma flutua
Em teu olhar,
Tão pura e tão poderosa,
Sagrada, misteriosa,
Tal como a calma da luz.
Ou como a calma do mar.

Muita vez minh´alma em pranto,
Amargurada,
Como um corça ferida,
Procura a fonte da vida
Na harmonia do teu canto,
Na unção da tua risada.

Pareces-me um ser aéreo,
Silfo ou anjo,
Que avistando a tua imagem
Pára o vento na ramagem...
Cerca-te um fluido, um mistério.
E é sagrado quanto abranjo!

E este amor ardente e puro
Que me inspiras
Tem tal força, tal encanto,
Tem tal poder, é tão santo,
Que em seu segredo, obscuro,
Tem o clarão de mil piras.

Basta ver-te, e o meu olhar,
Morto e vago,
Brilha, lampeja, se inflama,
Tem fulgor de viva chama
Como um sol a incendiar
A quietude de um lago.

Ah! como te adoro! Santa!
Meu clarão!
É tão profundo este amor
Como a Saudade e a Dor!
És a flor que se levanta
Das ruínas de um Coração.


- Camocim – 95 -


continuação do texto/postagem

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