
LÍVIO BARRETO (1870 - 1895)
NOTURNO
Por estas horas da noite,
Lentas e misteriosas,
Quando dos ventos o açoite
Arranca um frêmito às rosas,
E, pensativas, as almas
Se elevam, calmas, piedosas,
Ao sonho, piedosas, calmas,
Do crisol das fantasias
Sobem átomos risonhos:
As pombas das utopias,
As andorinhas dos sonhos.
Amor! Amor! Se despertas
Doiram-se os cimos medonhos
Das penedias desertas.
Velhos amores murmuram
Dentro do meu coração;
São almas presas, procuram
Ao luar a redenção.
E vão (constância que admiro!)
Do sonho à recordação
E da saudade ao suspiro.
Deus a suprema coragem
Uniu à suprema dor:
Dá-me heroísmo a sua imagem
Mas, mata-me o seu amor.
E a alma de luta em luta
Morre de horror em horror
E de cicuta em cicuta.
Velhos amores! Estrela
Das brumas do meu passado!
Brilha na sombra o olhar d´ela
Tão nobre... mas tão magoado!
Cobrem nuvens a amplidão,
Chora o mar desesperado...
Silêncio, meu coração!
-94-
NOTURNO
Por estas horas da noite,
Lentas e misteriosas,
Quando dos ventos o açoite
Arranca um frêmito às rosas,
E, pensativas, as almas
Se elevam, calmas, piedosas,
Ao sonho, piedosas, calmas,
Do crisol das fantasias
Sobem átomos risonhos:
As pombas das utopias,
As andorinhas dos sonhos.
Amor! Amor! Se despertas
Doiram-se os cimos medonhos
Das penedias desertas.
Velhos amores murmuram
Dentro do meu coração;
São almas presas, procuram
Ao luar a redenção.
E vão (constância que admiro!)
Do sonho à recordação
E da saudade ao suspiro.
Deus a suprema coragem
Uniu à suprema dor:
Dá-me heroísmo a sua imagem
Mas, mata-me o seu amor.
E a alma de luta em luta
Morre de horror em horror
E de cicuta em cicuta.
Velhos amores! Estrela
Das brumas do meu passado!
Brilha na sombra o olhar d´ela
Tão nobre... mas tão magoado!
Cobrem nuvens a amplidão,
Chora o mar desesperado...
Silêncio, meu coração!
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