Wednesday, September 24, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 67


O coquinho de macaco

A cidade era conhecida por ter tido por muito tempo um desenvolvimento econômico e intelectual extraordinário. O povo se dedicava com toda sua alma a um ou mais ofícios e também alguma arte, como música, poesia, prosa, teatro em todas as combinações. Habitantes das cidades vizinhas e viajantes ocasionais se perguntavam por que era assim. Ninguém tinha a menor idéia do que os fazia diferente. Contam, no entanto, antigos moradores que havia uma palmeira, hoje extinta, nos arredores e só nos arredores da cidade, que produzia um coquinho que parece tinha o dom de promover essa diferença de comportamento. Esse coquinho, o fruto da palmeira Copernicia macaca, classificada por Martius, continha em seu embrião uma espécie de massa cinzenta e muito óleo. Adicionalmente, cientistas na Alemanha mostraram que nessa massa havia estruturas semelhantes a neurônios animais. A princípio os coquinhos foram consumidos pelo povo da cidade e, parece lhe moldaram suas características intelectuais. Com a sucessão dos anos, e apesar de seus habitantes de características intelectualizadas, passou a dominar a cidade um oligarca que montou uma fábrica para a produção de velas usando o óleo do coquinho. O resultado é que em pouco tempo os últimos exemplares da palmeira milagrosa foram destruídos. O resultado final é que a cidade e seu povo reverteram ao seu estado de letargia inicial.

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