Sunday, December 30, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 57


Pombo Preto

Matias estava casado com uma mulher bem mais nova do que ele e muito cheia de fogos. Eles moravam na capital, lá ele tinha seu negócio. Candinha não trabalhava fora e a vizinhança falava mal dela com um barão. O certo é que de vez em quando um carrão a apanhava na esquina. Um desmancha-prazeres soprou ao marido e ele resolveu tirar o sofá da sala. O casal foi morar na Serra. Tudo ia bem na casinha branca na beira do riacho e com a bodega do Matias na vila, mais adiante. Quase toda tarde ele e seus novos amigos se sentavam para tomar uma cachacinha e contar histórias. Uma dessas foi sobre os pombos correio. Contou o Piririguá, um caboclo magrinho, que quando aparecia um corno nas redondezas logo um pombo voava em círculos sobre a casa do indigitado; quanto maior fosse a ave mais antigo era o caso. Após essa conversa Matias passou a observar o céu sobre sua casinha quando voltava do trabalho. Na tarde da véspera de ano novo, quando ele estava voltando para os festejos da passagem, já de longe, ele vê um pássaro preto voando em círculos bem em cima de sua casa. Ele não acha que seja um pombo, mas apressa o passo e, sucessivamente vai eliminando a identidade da ave: não é um urubu, nem um gavião, nem um anum. Ao chegar bem perto ele vê que a ave é um pombo preto arrulhando sobre sua casa. Matias entra no seu ninho e começa a procurar o tal barão. Nada encontra, mas sente o cheiro bem fresco de homem.

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