Sunday, December 16, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 55


Um escravinho

Seu Hemetério, o velho fazendeiro da Lagoa Grande, estava em situação difícil, pois tinha perdido todo o seu gado com a grande seca e as plantações foram um desastre. O legume que deu foi muito pouco, não dava nem para seu uso e dos filhos. Estes viviam esperando que o velho morresse para herdar cada um uma tripa de terra. Iam morrer de fome. Ele ainda tinha umas cabras e ovelhas e a bodega dava um pouco de modo que ia passando. O que mais lhe preocupava era a conta que tinha com seu compadre, o Coronel, e que fazia já tempo que ele não podia dar nada para abater. O Coronel já tinha mandado carta, mandado um positivo e ele mesmo foi um dia, a cavalo, até à fazenda, para ver se trazia alguma coisa. Foi nessa viagem que ele viu que o compadre Hemetério tinha uns quatro ou cindo negros de serviço, inclusive dois negrinhos bem fortes e bonitos. O Coronel voltou para a cidade e daí a dias escreveu uma carta ao compadre que terminava com essas palavras duras:

“Sei que lhe custará vender um escravinho, o criou e tem-lhe amizade, mas o que se há de fazer quando se tem precisão e que estamos vendo que se não entregamos a bem havemos de entregá-los por força? No entanto fará o que entender. Estimo-lhe saúde e sou seu criado etc., etc...

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