Friday, June 05, 2009

POEMAS BARRETO/XAVIER 74


O poema abaixo é de LÍVIO BARRETO, publicado em seu livro póstumo “Dolentes”.

SPLEEN

Galé da vida, vou passando os dias,
Dias cruéis de desespero e tédio!
E da tristeza o rancoroso assédio
Mata-me n´alma a flor das alegrias.

Spleen constante, negras vagas frias
Da dúvida! Onde um bálsamo, um remédio?
Coração que naufraga, quem impede-o
De se afundar no mar das agonias?!

Fantástico mineiro, eu desço, à noite,
Ao fundo do meu ser, ao triste açoite
Do vento acerbo da Desolação!

Profunda queda! Perdição sombria!
Subo chorando ao monte da Utopia
Morta entre as ruínas do meu coração!

- 94 –
(A figura acima é uma reprodução do quadro The shade of the wind de David Graux.)

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