Saturday, June 20, 2009

POEMAS BARRETO/XAVIER 76


LÍVIO BARRETO

O poema, de autoria do poeta Granjense, abaixo transcrito, foi publicado em os “Dolentes”:

TORTURADO

A Antônio Horácio

Por que hás de vir assim com teu sorriso calmo
E a tua voz maviosa, e o teu olhar radiante,
De minh´alma sondar o fundo abismo hiante,
Como quem sonda um mau terreno palmo a palmo?

Há clangor de blasfêmia e doçuras de salmo,
Em tôrno; e em cima o vento histérico e possante
Da dúvida cruel com seu sopro gigante,
Ruge, quando em teu rosto o meu olhar espalmo.

Se sorris, eu recuo; se choras, me aproximo
E, como um rio, então abro o meu seio, o limo
Dorme quieto ao fundo: é o repouso da Dor!

Sufoca o teu querer; preme ao seio a paixão...
Não chega a saciar meu doido coração
A mágoa deste afeto, a angústia deste amor!

22-1-95

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