Thursday, June 05, 2014

NIM, A TERRÍVEL AGRESSORA

Ao examinar manuscritos deixados pelo Professor Dr. Wolfram Ricardo, antigo pesquisador do Instituto Tecnológico de Irautçuba, o também pesquisador Dr. Stefan Gotschein descobriu anotações feitas por ele sobre o cultivo do nim. Esses manuscritos, anotados em forma de diários, foram iniciados em abril de 2020. Nessa época o Professor Ricardo era considerado um dos maiores conhecedores do nim, de seus usos e de seu comportamento frente a diferentes ecossistemas. Já nessa época sabia-se que o nim era uma violenta invasora de ecossistemas frágeis. Tendo observado relatos enviados do campo e também feito observações próprias, o Professor Ricardo fez recomendações sobre o poderoso potencial de destruição do nim. Ele enviou essas recomendações para o Ministério da Agricultura, para o de Ciências, para o de Ecologia, para o da Saúde, para o de Assuntos Teológicos, enfim para todo o Gabinete (na época havia somente dez ministérios). As recomendações feitas pelo Professor Ricardo resumiam-se em um alerta: Se não erradicarmos o nim da Região haverá destruição de toda a vida num raio de dez quilômetros a partir de todo e qualquer exemplar dessa árvore. Por muitos anos o professor reiterou essas recomendações, mas nada se fez como é de costume no país da jabuticaba e do caju. Passados aproximadamente vinte anos dessa iniciativa os meios de comunicação, como jornais, revistas e noticiosos da TV e da web, começaram a publicar notícias sobre o abandono de fazendas, povoados e pequenas cidades, atribuído à presença de exemplares dessa árvore. Foi por volta de 2045 que se começou a notar a morte de gado bovino e caprino, porcino, asinino, muar, aves tipo galinhas e perus e outros animais pequenos. O desparecimento ou mesmo a morte, de humanos foi registrada já em 2060. É bom salientar que o Professor Gotschein e colegas descobriram os manuscritos do Dr. Ricardo em 2040; o cientista nada havia publicado sobre o assunto; somente estavam relativamente accessíveis seus relatórios detalhados. No recenseamento de 2080, feito a duras penas, pois pessoal para fazer a coleta de dados não foi facilmente encontrado, o resultado foi assustador. Os poucos recenseadores mostraram que 95% da população humana do Estado, comparando-se ao ano de 2010, haviam desaparecido. Lutavam por sua sobrevivência em meio às terríveis secas e ao agressor Azadirachta indica cerca de 45000 pessoas vivendo no alto das serras, ainda livres do terrível invasor agressivo.

No comments: