Lá
pelas 11 horas da noite ele já tinha passado do Preá e estava chegando a Jeri.
A lua cheia iluminava os caminhos sobre as dunas e ele achava que não se
perderia. Logo alcançou uma mata de murici que procurou contornar. Foi então
que seu jipão atolou, talvez porque ele não tivesse visto a areia frouxa perto
da mata. Ricardo teve de descer do carro e examinar a situação. Quando estava
olhando para a roda quase toda enterrada na areia fofa, ele viu. Ele viu o
rosto de uma mulher jovem com os olhos tão brilhantes que aparentavam serem lanternas; sua face era alva como a de uma
máscara pintada e seus dentes enormes saiam como se fossem dentes de crocodilo.
Era uma figura que poderia causar medo a alguém desprevenido, mas não a ele.
Ricardo estava preparado para tudo na vida depois dos desastres por que
passara. Ao fim de alguns minutos ele ouviu da figura algumas frases que imaginou
lhe cobravam alguma coisa que ele não sabia o que era. Como não era religioso
não pode invocar nenhum santo, não seria correto agora que parecia estar em
situação difícil que ele iria se pegar com algum. Atacar a visagem também não
podia, pois ela era imaterial, só estava em sua cabeça. Quando a lua entrou por
trás das nuvens ele aproveitou para deixar o local e embrenhou-se pelas matas
de murici deixando seu jipão atolado.
(SP 12/3/12)
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