Sunday, August 08, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 40


ELA ENTROU NO QUARTO

Após um dia cansativo de trabalho ele vai até a Repartição só para se chatear. É lá que a outra trabalha, lá na beira do Rio. Bate à porta do escritório e espera pelo “entre!” Quando empurra a porta ela está sentada atrás da mesa e sorri para ele. (...)



O sorriso não é bom sinal ele já sabe disso. Conversam um pouco e nada de definitivo surge. Ele sai aborrecido como sempre. Felizmente não houve dessa vez nenhum coice como das muitas vezes em que se encontraram. Parece que esse era um caso difícil de resolver. Ele tinha certeza que a menina gostava dele, mas não se permitia admitir. Ele insistia. Mas nada. Sempre que ia à Cidade lhe trazia presentes: chocolates, joias, roupas, o diabo a quatro. Nada. Ele estava cansando, mas continuava a gostar dela. Nesse dito dia chegou em casa antes dela, a outra, e deitou-se. Queria dormir antes que ela chegasse. Daí a pouco ela entrou no quarto e o viu deitado sobre a cama, dormindo. Não estava dormindo, mas fazia que estava mantendo os olhos fechados e sabia que ela havia entrado no quarto. Ao lado da cama, de pé, ela tirou o vestido puxando-o pela cabeça. Ficou somente com o essencial. Ele a via e apesar do fingimento ela sabia disso. Deitou-se a seu lado virando-se ligeiramente e deu-lhe um leve beijo nos lábios. Ele abriu os olhos e sorriu. Ela disse: – Vou tomar banho, me molhar e lavar os dentes volto já. Voltou depois de ter vestido a parte superior do baby-doll. Daí a pouco estavam os dois rolando na cama larga, por bastante tempo. Após gemidos, murmúrios e gritos os dois, cansados pararam com o jogo e tentaram dormir, pois amanhã tem muito trabalho. Ela apaga a luz e diz: – Dorme benzinho. Boa noite viu? Ele responde e, no escuro, fecha os olhos e tenta dormir. Ele sabe que não conseguirá, mas tenta e fica tentando e invadido por cruéis pensamentos, revê toda a noite que tinham tido agora mesmo, nos mínimos detalhes e sempre vê o corpo e o rosto da outra, aquela que lhe tinha jogado coices inúmeras vezes.



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