Tuesday, June 29, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 135


ALMA DE ÍNDIO

Todo mundo dizia que lá pelos lados do “General” ainda se podiam ver aldeamentos indígenas. O moço queria tirar a prova disso e, certo dia, embarcou em um ônibus que passava perto de lá, isto é, do “General”. Ao chegar à entrada para o pequeno povoado ele desceu e entrou em uma bodega largada à beira da estrada. Aí encontrou a Raimundinha uma jovem índia de corpo e feições bonitas que o informou aonde poderia encontrar o aldeamento índio que ficava perto do povoado. Ela mesma era de lá, havia nascido e se criado e só depois de casar com o Francisco, índio do Piauí, havia saído do “General”. O moço pega uma mota, guiada por um sujeito mal-encarado e pede que o leve até o tal aldeamento. Dito e feito e, ao fim de uma meia hora o moto taxista risca a mota em frente a um casebre cuja porta está fechada com uma esteira de palha. O moço bate palmas e logo aparece um senhor de feições e corpo que logo lhe mostraram estar em presença de um legítimo descendente dos antigos índios Tabajara que habitavam a região. Ao longo da conversa o senhor não admitia que fosse índio dizendo que seus parentes tinham vindo de longe e era gente de outras terras. Mas quando o moço pediu para tirar umas fotos dele para ilustrar a entrevista que fazia teve a certeza de que tratava com um verdadeiro índio. O senhor lhe nega a permissão. O moço pergunta qual a razão de sua recusa. O índio Genival diz que não se pode tirar fotografia, pois se o fizer o moço aprisionará sua alma e ela ficará vagando pelos confins da serra deixando seu corpo sem sossego.


A gravura é de Debret

1 comment:

LQFPB said...

Prof. Xavier, obrigada por lembrá-lo em seu blog. Beijos
Adriana