
SÓ
Que luta atroz a que eu sustento, quando
À noite velo no meu quarto, e escuto
O coração gemendo e blasfemando,
Órfão de tudo, sob os véus do luto.
Lá fora o vento passa esfuziando;
Cai o orvalho da noite; aqui, enxuto,
Lento, o silêncio desce, amortalhando
O meu tormento atroz e absoluto.
Abro um livro, passeio, fumo, escrevo,
Medito e sonho; e a minha noite levo
Insone, e deito-me ao romper da aurora.
Ergo-me pálido e desesperado
Do sono cataléptico acordado,
E vou, maldito, pela vida afora!
-93-
No comments:
Post a Comment