Sunday, November 02, 2014

VIAGEM BREVE - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA - 391

Jorge Raposo não era afeito a experiências extra sensoriais, extracorpóreas e também não acreditava nessa história de "ver alma". Nesse último exemplo ele abre exceção para o caso que se passou há alguns anos: ele sempre dizia que vira por uns  bons dois minutos a  alma da tia de sua mulher, já morta há anos. Jorge  tinha era a  experiência de ter tomado a balsa de Caronte e descido ao Hades por diversas vezes.  Milagrosamente ele sempre conseguia escapar ao iludir Cérbero o guarda canino de três cabeças. O fato é que ele, por quatro vezes, havia escapado do Inferno. Agora a experiência (?) foi  diferente, pois ele tem plena certeza de ter ido e se desvencilhado, não das garras de Cérbero, mas do próprio abraço d´Ella sua perseguidora contumaz.

O cenário estava preparado para a encenação da peça - colocar "stents" nas artérias coronarianas - para livrá-lo do perigo de enfarte em sua recente viagem a Portugal. A intervenção talvez tenha demorado cerca de duas horas. A certa altura, perto do final, com quatro "stents" colocados, surge um problema: dizem que JR teve um enfarte. Foi nesse momento de grande dor que sentiu estar indo em direção, certamente não aos Campos Elíseos, mas direto para o Hades. A viagem foi curta, tendo sido interrompida e ele resgatado pelo Dr. Matias. Embora curta deu para compreender como é fácil fazê-la e difícil revertê-la. Durante essa viagem JR teve a sensação que estava sendo projetado à sua frente e rapidamente um filme em cores de alguns momentos de sua vidinha; isso logo acabou ficando somente uma sensação de incômodo por demais desagradável. Só isso? Após alguns dias e com mais complicações ficou com JR a certeza que sua vidinha encurtou consideravelmente, restando-lhe aproveitar o pouco dela e fazer o que quiser e o de que  gosta: ler, escrever, estudar, namorar, curtir os filhos e netos, tomar vinho, passear na Beira-Mar, cuidar do Instituto, não necessariamente nessa ordem, mas certamente com todas as despesas pagas. Será muito? 




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