Sunday, December 14, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 51


MÁRIO BARRETO XAVIER granjense filho de Elisa Barreto Xavier e de Ignácio Xavier. Nasceu em 1906 e faleceu em 1969.

NOTURNO SEM NENHUM CONTÔRNO

A côr que eu mais admiro é a côr dos olhos fechados;
desabrocha, estrela do mar – vermelha, como sangue do meu coração!
As curvas azuis se afogam no mar morto e se transformam em amores de fórmas completamente maternais;
os vinhos é que não são vermelhos, são é roxos, mas nada lúgubres nem conventuais
são é roxo, sinceros e graves até mais não poder;
desespêros florecem incontornáveis
com (grandes) deslumbramentos
com grandes ahs! diante da própria beleza
e se afogam também;
as proibições se possuem umas às outras
num delírio da côr da coragem;
os projetos se apagam, mergulham nas corolas de rosas enormes, enormes
as rosas não têm fim, não têm cheiro, a côr é completamente própria
e pensam, pensam
depois ficam de outras cores;
os sonos ficam de pé
e dansam sem pressa
com uma incompreensão completa dos rítmos despeitados.
ah! a única côr que eu gosto é a côr dos olhos fechados.

--Ch.Mai o935—

Obs. O poema está transcrito sem nenhuma correção.

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