Sunday, September 02, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 42


Eu tenho sangue azul

Dona Amélia falava sempre para as vizinhas da rua que seu sangue era azul. Elas riam muito, mas deixavam pra lá essa sede de nobreza da amiga. Certo dia apareceu em sua casa um primo de Belo Horizonte, a meca dos estudos de “Genealogia Molecular”. Ele dizia que, em verdade, sua família, a mesma dela, lógico, tinha ascendência nobre. Não simplesmente nobre, mas muito mais que isso. Os pesquisadores mineiros ao examinarem seu sangue (do primo) verificaram que ele apresentava marcadores genéticos típicos de populações do Oriente Médio. Como isso seria possível, restava investigar. Como os dinheiros eram curtos, como sempre foram, alguns se cotizaram e enviaram o Zezinho para tentar descobrir alguma coisa. Ao chegar a Israel, debaixo de toda aquela nuvem de guerra que pairava sobre o país, ele descobriu uma espécie de ONG que era especializada em desvendar a ascendência de pessoas que julgavam ter origens na região. Em poucos dias e em troca de alguns poucos euros ou mesmo sherkels, o ongueiro lhe apresentou uma árvore genealógica que explicava, pelo menos para ele, o famoso sangue azul de sua prima cearense.

Estava claramente indicado na árvore que sua família descendia do Rei Salomão e da Rainha de Sabá.

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