Sunday, June 24, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 32


Autógrafo

Ele passou anos vangloriando-se de ter um poema inédito de Carlos Drummond de Andrade (Solidão, não te mereço, / pois que te consumo em vão. / Sabendo-te embora o preço, / calco teu ouro no chão.). É bem verdade que ele estava de posse do poema porque havia escrito ao poeta pedindo-lhe um autógrafo e CDA o havia enviado com sua assinatura sendo que a data da correspondência era 1955. Muitos anos depois, após insinuar esse ineditismo para alguns, ele foi investigar e encontrou na desgraçada da Internet, uma única citação ao poema. Estava publicado desde 1952. Comprou o livro em um sebo e leu o título de “seu poema”: Desperdício.

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