Monday, April 09, 2007

O Povo da Malhadinha 1

O que é a Malhadinha
(A foto tenta mostrar restos de uma antiga casa de morada - uma tapera - na Malhadinha.)


No sopé da Serra Grande há uma terra que, nos bons tempos suportava muitas famílias - a Malhadinha. Existem diversas pequenas fazendas que têm esse nome: Malhadinha de cima, Malhadinha de baixo, Malhadinha do Niterói, Malhadinha do Batista e por aí vai.
Durante a grande seca de 1877-1879 muitos de seus moradores abandonaram suas fazendas e se fixaram na cidade (na Granja). Aí se estabeleceram e criaram suas famílias. Muitos de seus hábitos, costumes e maneira de viver foram conservados no novo ambiente. Correm na cidade diversas historinhas, verdadeiras ou apócrifas, mas que divertem seus habitantes e os que a conhecem desde muitos anos. Muitas dessas histórias são oriundas do “povo” da Malhadinha. Esse nome foi e ainda é usado hoje para designar aquelas pessoas nascidas nessas fazendas, caracterizadas por terem um espírito por demais sardônico, mordaz, irônico, que têm gênio irascível, são muito críticas e, muitas vezes intratáveis, o que incomodava (ou incomoda) seus interlocutores.

Réa cabeluda Dona Joana, mãe de Francisco Raposo, era “malhadinha”, de primeira. Ela usava uma enorme saia, aliás, saias, pois eram muitas e que chegavam ao chão e escondiam seus pés de tal sorte que, quando andava parecia um grande barco deslizando mansamente sobre a água. Usava também um coque com seu cabelo grisalho fixado por um pente de casco de tartaruga. Certo dia, estando ela na janela, passa um moleque que se sente no direito de dirigir um gracejo à velha:

– Eu te como réa cabeluda! Ela retrucou rápido como um raio:

– Rái comer tua mãe que é pelada!

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