Sunday, April 08, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 21


O Talzinho (Foto aos 12 anos)

O venezuelano Saulo, colega de faculdade de Jorge, contava histórias fabulosas de seu povo, daquelas que passavam de geração a geração. Uma delas dizia que, certo dia, um caçador das montanhas ao entrar na "Piedra del Padre" em Barinas, nos Andes venezuelanos viu no chão e enrolada em pano sujo, uma criança bem novinha. Ao tomá-la nos braços notou ser ela, tipo assim, estranha, pois tinha muito pelo no rosto, costas e membros; era prognata e produzia sons muito agudos. O caçador levou-a para a aldeia e a entregou às únicas pessoas que poderiam criá-la, D. Emerenciana e seu esposo, o Coronel, pois não tinham filhos. A velha senhora ficou muito alegre e passou a cuidar do menino, pois que era um “chico”, com muito desvelo, como se fosse de seu próprio sangue. A criança cresceu, como todas elas, mas tinha dificuldades em comunicar-se com as outras e aprender a ler. Certo dia apareceu na aldeia um estrangeiro, parece que um engenheiro sueco e, ao dar uma espiada no menino, foi logo dizendo:

- Este criança ser descendente de Neandertal!

Ninguém sabia o que era isso. O sueco tentou explicar, mas sem êxito. A partir daí o garoto passou a ser conhecido como “Talzinho”, devido a esse parentesco, talvez longínquo, com alguém que ninguém sabia quem fosse. Ao completar quinze anos Talzinho resolve sair de casa e ganhar o mundo, a procura de algum parente ou de alguém parecido com ele. Foi para Caracas. Ele era eshperto e logo se relacionou com políticos e fez carreira no comércio e outras atividades menos nobres. Certo dia, indo a um pronto socorro ele encontrou uma jovem que era sua cara. Logo fizeram amizade, namoraram e rapidamente casaram. Talzinho resolve, então, voltar para sua aldeia nas montanhas. Chegando lá e devido a contactos políticos feitos pelo Coronel, logo se enfronhou na política local. Passou a fazer discursos inflamados contra tudo e contra todos e comprou votos quando chegou a hora. Facilmente elegeu-se alcaide na primeira eleição. A cada quatro anos havia uma nova eleição, mas ele não poderia concorrer. Acontece que, logo na primeira oportunidade, dias antes do registro das candidaturas, Talzinho morre de um enfarte fulminante. Depois de muito choro de todo o povo, que já o adorava, e após alguns poucos dias, Talzinho reaparece e candidata-se novamente. É eleito por uma grande maioria de votos e a mesma historia se repete por nove pleitos. Sem falhar Talzinho "morre" ao chegar perto da eleição e “ressuscita” para concorrer e ganhar mais um mandato. Diz o Saulo que ainda hoje o Talzinho reina nas montanhas de sua terra.

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