
O poema abaixo, de autoria de LÍVIO BARRETO, foi publicado Publicado em “O Pão” nº 19, de 1-7-1895 e, posteriormente, em os “Dolentes”:
CONTRADIÇÃO
Nem vale a pena contar
O meu profundo penar!
Viver de ave que doideja
Presa dentro de uma igreja.
Pois imagina, senhora,
Que eu prefiro a noite à aurora?
Mais: - prefiro às noites belas
Com seu rosário de estrelas...
As longas noites trevosas,
Profundas, silenciosas...
E nem te cause piedade
A minha agreste verdade!
Pois se és tu minha alegria
E eu não te vejo de dia;
Se pelas noites de luar
Nunca te posso falar
Prefiro a treva sem fim
Pois tenho-te junto a mim.
E se mais cedo me deito
Mais te tenho junto ao peito,
Para isso basta-me então
Abrir meu coração.
Pois se da desgraça o açoite
Leva a luz que me alumia,
Por ti, eu morro de dia
E ressuscito de noite.
Granja – 93 –
CONTRADIÇÃO
Nem vale a pena contar
O meu profundo penar!
Viver de ave que doideja
Presa dentro de uma igreja.
Pois imagina, senhora,
Que eu prefiro a noite à aurora?
Mais: - prefiro às noites belas
Com seu rosário de estrelas...
As longas noites trevosas,
Profundas, silenciosas...
E nem te cause piedade
A minha agreste verdade!
Pois se és tu minha alegria
E eu não te vejo de dia;
Se pelas noites de luar
Nunca te posso falar
Prefiro a treva sem fim
Pois tenho-te junto a mim.
E se mais cedo me deito
Mais te tenho junto ao peito,
Para isso basta-me então
Abrir meu coração.
Pois se da desgraça o açoite
Leva a luz que me alumia,
Por ti, eu morro de dia
E ressuscito de noite.
Granja – 93 –
("Casal com seu gato vermelho" de C. Saatchi é o quadro mostrado acima.)
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