
O poema de LÍVIO BARRETO, abaixo transcrito, está publicado em “Dolentes”, seu único livro.
NOTURNO
Nos altos céus a lua corre douda,
Quase morta, de susto estarrecida,
Com uns ares de loba perseguida.
A treva espreita. Uiva a tristeza em roda.
Conspira o vento pelos arvoredos
Passando a senha aos tristes conjurados.
Rosna a traição. É a noite dos segredos...
Cochicham para a lua os namorados.
Pia ao longe a coruja: é a sentinela,
Alerta! Pronto! (Como a noite é bela!)
Morre, vil! Por Jesus! Perdão, perdão!
Vibram ainda os merencórios ecos...
Sobre um leito de sonhos secos, secos,
Geme alguém no meu peito: - é o coração.
- 94 –
Gravura: Moon river por Hsi Tsu-Chang
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