
DORMINDO COM OS INIMIGOS
Eles tinham uma casinha, agora quase uma tapera de tão decaída que estava. Eram tempos ruins que haviam se instalado e feito a família em pedaços. Só restaram alguns dos meninos e o casal já velho, mas combatente. Massambique tinha sua rocinha e era teimoso como o que, como foi toda a sua vida. Ele não queria ir embora pra cidade procurar o primo Inácio para ver se arranjava um emprego na rua. Enquanto isso ele ia vivendo, resmungando, teimando e brigando com todos. Certo dia ele chegou da roça, morto de cansado e deitou-se na rede do canto do alpendre. Quando tava agarrando no sono sentiu uma picada nas costas e disse:
- Ô Santinha você num bateu a rede, ela ta cheia de formigas...
Daí a pouco ele novamente falou, mas dessa vez deu um grito mais forte:
- Ô Santinha essas formigas que você deixou aqui são grandes comos todos...
Santinha não disse nada, pois estava acostumada aos reclamos do seu véio. O que ela ouviu foi um verdadeiro estralado de louças quebradas – parecia louça de xícara – e por fim o silêncio. Ela foi ver e o Massambique estava roncando. No outro dia, pela manhã, ele levanta e dá um grunhido como só ele sabia dar e diz: - Santinha vem cá ver eches bicho aqui. E eu pensei que fosse formiga grande. Quando Santinha e as meninas chegaram viram que a rede estava cheia de escorpiões enormes, todos mortos que o caboco tinha matado na rede pensando que eram formigas.
continuação do texto/postagem
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