No tempo da Guerra todo mundo se
interessava pelo que passava no "teatro de operações." Era nos campos
do Velho Continente que se travavam as mais ferozes e decisivas batalhas entre
aliados e adversários fascistas. Aqui se viviam tempos de insegurança e
apreensão, pois ataques de comandos nazistas eram temidos por todo o
litoral. Certo dia espalhou-se a notícia de que o Primeiro Ministro
Churchill faria um importante discurso no Parlamento sobre o desenrolar da
Guerra. Dizia-se também, infelizmente, que o discurso do grande homem não seria
traduzido. E agora? Temos que achar alguém que faça a tradução simultânea
ou, na pior das hipóteses, faça um resumo ao final. Todos do grupo "Amigos
da Democracia", comandados pelo Zé Maria, concordaram e logo chegaram ao
nome do Professor Ernesto César para fazer o trabalho. Ele tinha um rádio de
ondas curtas instalado em sua sala de visitas e isso facilitaria a
empreitada. Depois de muita conversa o Professor concordou em participar
da reunião e fazer a tradução simultânea do discurso do grande estadista. No
dia aprazado cerca de vinte democratas reuniram-se na sala do Professor em
frente ao "capelinha" da Phillips esperando o discurso. O Professor
César sentou-se em um banquinho bem ao lado do rádio quando a transmissão
começou. Por entre os chiados e outros ruídos saídos do radinho nada mais se conseguia
entender da fala de Churchill. No entanto, nada estava perdido, pois certamente
o Professor César lhes esclareceria tudo ao final. Após quarenta minutos cessa
a transmissão ultramarina e o ilustre professor volta o rosto para a plateia
ansiosa e diz:
- Meus amigos o "homem" disse
que a coisa ta preta!
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