
Este é um dos mais belos poemas de Lívio Barreto. Consta de quatro partes escritas em diferentes épocas e é oferecido ao amigo de sempre Waldemiro Cavalcanti. Mostramos hoje a SEGUNDA PARTE.
OS CRAVOS BRANCOS
A Waldemiro Cavalcânti
DEDICATÓRIA
Aquela a quem meu ser, ajoelhado, rende
O culto mais profundo, o amor mais ideal,
Essa estrela que na alma a inspiração me acende
Como o sol faz florir as violetas do val,
Estes versos dedico, este sonho ofereço,
Onde canta a esperança o seu canto risonho...
Em seus olhos de criança eu o pesar esqueço!
Foi Ela quem me deu o meu primeiro verso,
O meu primeiro amor, o meu primeiro sonho.
II
DESABROCHANDO
Os cravos brancos vão abrir agora.
Ronda o luar no céu e há silêncio na terra.
Dorme ao longe, ao luar sonhando, a serra...
Os cravos brancos vão abrir agora.
Múrmuros ventos pelo ar soluçam,
Cessa o rumor na terra e anda o luar no céu;
As nebulosas pálidas se embuçam
Da via-láctea no cerúleo véu.
Os cravos brancos vão abrir agora:
Há silêncio na terra.e anda no céu o luar
Erram estrelas pálidas a orar,
E o azul se arqueia sobre a terra e ora.
A madrugada cândida desponta:
Enrubesce o Levante anunciando o dia.
Canta aleluia o vento que esfuzia...
A madrugada pálida desponta.
Pelos rosais anseia a viração.
Pensativo no céu anda o luar agora...
Cai mais frio o sereno e aponta a aurora,
Como um amor dentro de um coração.
Das longínquas paragens levantinas
Desce o carro da aurora altivo aos solavancos;
E à manhã abotoam-se as bobinas
E abrem-se os cravos brancos.
Imagem tomada de AllPosters.com
No comments:
Post a Comment