
OLHOS NEGROS
Sentado em sua cadeira no estúdio ele pensava, pois entre muitas outras coisas Jordão também fazia isso, era uma de suas ocupações. Mas, o que se passava agora é que ele só pensava nela, mesmo ao fazer a barba, todas as manhãs; o pior é que Jordão não só pensava, mas a via no espelho, isto é, via sua imagem no espelho do banheiro; ele continuava a vê-la por todo o dia, ao virar uma página do livro que estava lendo, ao olhar para a parede coberta de quadros dos mais diferentes artistas – reproduções, bem entendido – ao olhar para as portas e por aí vai. (...)
(...) Quando saia de casa a imagem dela o acompanhava em cada rua e esquina, em cada sinal, em cada vitrine de loja e em cada café, na bilheteria do cinema. Era uma verdadeira perseguição. Ele via sua imagem com os olhos e com a mente – não seria o mesmo? - e, ele a via também quando, no quarto, deitado em sua rede vermelha, em completa escuridão e com os olhos fechados ele via seu rosto redondo, os olhos negros e brilhantes, o cabelo curto e preto com um coque minúsculo preso com uma pequena e estreita fita vermelha. O pior eram os olhos negros, pois eles emitiam um brilho forte, magnético que o atraíam particular e irremediavelmente. Atraiam para onde e para o que? Ele não conseguia ter uma resposta para essas duas simples indagações. Nessa noite ele via seu corpo de costas e a reconhecia perfeitamente, pois ele tinha, muitas vezes, mirado e admirado suas curvas quando repousava nua, deitada na cama no apartamento da Rua do Azevedo. Agora, quando depois de pigarrear, ele consegue atrair sua atenção para ver seu rosto brilhante e ela se volta em sua direção ele não vê mais que uma face sem nenhuma definição de rosto, boca, nariz e os grandes olhos negros com os quais ele estava acostumado a se mesmerizar.
Fza 18mar09
Sentado em sua cadeira no estúdio ele pensava, pois entre muitas outras coisas Jordão também fazia isso, era uma de suas ocupações. Mas, o que se passava agora é que ele só pensava nela, mesmo ao fazer a barba, todas as manhãs; o pior é que Jordão não só pensava, mas a via no espelho, isto é, via sua imagem no espelho do banheiro; ele continuava a vê-la por todo o dia, ao virar uma página do livro que estava lendo, ao olhar para a parede coberta de quadros dos mais diferentes artistas – reproduções, bem entendido – ao olhar para as portas e por aí vai. (...)
(...) Quando saia de casa a imagem dela o acompanhava em cada rua e esquina, em cada sinal, em cada vitrine de loja e em cada café, na bilheteria do cinema. Era uma verdadeira perseguição. Ele via sua imagem com os olhos e com a mente – não seria o mesmo? - e, ele a via também quando, no quarto, deitado em sua rede vermelha, em completa escuridão e com os olhos fechados ele via seu rosto redondo, os olhos negros e brilhantes, o cabelo curto e preto com um coque minúsculo preso com uma pequena e estreita fita vermelha. O pior eram os olhos negros, pois eles emitiam um brilho forte, magnético que o atraíam particular e irremediavelmente. Atraiam para onde e para o que? Ele não conseguia ter uma resposta para essas duas simples indagações. Nessa noite ele via seu corpo de costas e a reconhecia perfeitamente, pois ele tinha, muitas vezes, mirado e admirado suas curvas quando repousava nua, deitada na cama no apartamento da Rua do Azevedo. Agora, quando depois de pigarrear, ele consegue atrair sua atenção para ver seu rosto brilhante e ela se volta em sua direção ele não vê mais que uma face sem nenhuma definição de rosto, boca, nariz e os grandes olhos negros com os quais ele estava acostumado a se mesmerizar.
Fza 18mar09
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