
Logo que entrou em casa foi tomar banho com a Maria lá em baixo com a água fria do pote. Quando ela o enxugou e ele ficou pronto já eram quase quatro horas e ele estava com uma fome danada. Sua mãe disse:
- Não vai comer nada, não, pois no aniversário vai ter bolo, na certa.
Jorginho foi só, pois a casa do Chiquinho era do outro lado da pracinha, atrás da sua. Quando ele chegou, já tinha menino pra todo lado. O Cioba, o “crooner” da cidade e seu conjunto animavam a festa. Ele ficou em um canto enquanto os outros conversavam, brincavam e se divertiam. Chegou a hora dos parabéns, todos cantaram e bateram palmas. Depois ganhou um pedaço de Luiz Felipe bem gorduroso, que adorava. Enquanto isso acompanhava, meio a contragosto, o conjunto tocar uma música que ele nunca tinha ouvido. Sem ter dado parabéns para o Chiquinho, que completava oito anos, voou para casa. Mal chegando lá sua mãe já foi perguntando:
- Jorge, como foi a festa do Chiquinho, você gostou?
Ele respondeu aborrecido:
- É! A música tocando e eu comendo bolo!
Vanessa chamou o menino e lhe disse:
- Vitinho tira teu avô do sol que já está esquentando e dá esta fatia de rolo pra ele.
- Ta certo!
- Vô acorda! Disse ele chegando à varanda e puxando o velho na cadeira de rodas.
Seu avô abriu os olhos e sorriu para o neto. Recebeu o pratinho com a fatia do bolo de rolo e começou a comer aquela delícia que lhe trazia mais recordações.
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