Todo santo dia pela manhã ele montava em sua bicicleta
e saia pela estrada da Solidão para dar aulas na Escola Dona Sinhá. Jorge
sempre passava por uma quinta de cajus bem na beira da estrada que, na época da
safra, dava muito caju doce que nem mel. Certo dia ele nota uma penca de cajus,
ainda verdes, caindo para a estrada. Passam-se os dias e os cajus, de maturi,
passam para maduros e firmes. As frutas dão um cheiro gostoso e são de uma cor
vermelha viva e tem pele brilhante de cera. Enquanto pedala para a Escola ele
resolve que, no dia seguinte, pegaria aqueles cajus. Dito e feito. No dia
seguinte ele para e encosta a bicicleta em uma pedra grande, bem embaixo da
penca de cajus – eram uns cinco, mas tinha dois que pareciam ser os mais
bonitos. Ele sobe na sela da bicicleta apoiando-se aqui e ali e tenta pegar uma
das frutas. No momento em que ele tem a fruta na mão o galho que a retém
quebra-se e ele, desequilibrado, cai em cima da pedra. Quando acorda no
Hospital de Bela Cruz pergunta ao doutor o que havia acontecido. O médico diz
que ele deve ter levado uma queda grande, pois havia quebrado a clavícula. Nada
demais, pois ele logo curaria. Olhando para o medico Jorge diz:
- É, parece que os cajus ainda estavam verdes e eu não
notei.
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