Quase
todo dia Nildo aparecia na praia, no Porto das jangadas. Andando prá lá e prá
cá ele dava ordens aos mestres para saírem em busca do pescado de todos os
dias. À tarde ele voltava e conferia a pescaria: Seu João tinha pescado tantas
cavalas; Seu Bené tinha pescado tantas garoupas; Seu Miguel tinha pescado
tantos badejos. E assim até completar o número de jangadas saídas pela manhã.
Nenhum dos pescadores lhe dava maior importância do que a que ele pretendia, se
é mesmo que pretendesse dar alguma ao seu trabalho. No dia seguinte todo esse
ritual se repetia. Isso aconteceu por muitos meses até que alguém lembrou que o
Nildo talvez estivesse precisando de cuidados médicos. O Luiz foi encarregado
de levá-lo ao Posto de Saúde que, na época, funcionava direitinho. O Dr. Medina
consultou o moço e receitou uns comprimidos. Em duas semanas o Nildo não mais
procurou as jangadas e seus mestres. Ele passou a procurar os donos dos
jumentos, gatos e cães que infestavam a Beira
Mar, pois
queria batizá-los.
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