O Blog publicará, da lavra de poetas das famílias Barreto e Xavier, da Granja, herdeiros da tradição de Lívio Barreto, alguns de seus poemas, alguns publicados, mas a maioria inéditos.
Lívio Barreto, o “Lucas Bizarro” da Padaria Espiritual, nasceu em 1870 e faleceu em1895, tendo deixado uma única obra, “Dolentes” (póstuma).
Não há critérios rígidos para postagem dos poemas mesmo porque nossa equipe técnica não é especialista na arte poética.
Lívio Barreto, o “Lucas Bizarro” da Padaria Espiritual, nasceu em 1870 e faleceu em1895, tendo deixado uma única obra, “Dolentes” (póstuma).
Não há critérios rígidos para postagem dos poemas mesmo porque nossa equipe técnica não é especialista na arte poética.
A seguir um poema de Lívio Barreto:
O Mergulhador
(Ao Sr. Antônio F. de C. Motta)
Por entre as algas e os corais passando
Desce ao fundo do mar – gigante inerme, -
Seu vasto seio escuro trespassando
Como se fora um pequenino verme,
O audaz mergulhador
Que lhe devassa o undoso coração,
Subindo após, vitorioso, à flor,
Com uma concha ou um coral na mão.
Quando ele desce às solidões marinhas,
As sereias às portas das cavernas
- Tristes paços de prófugas rainhas –
Cantam-lhe doces melodias ternas,
Suaves e sentidas;
E os monstros do oceano apavorados
Fogem, batendo as caudas bipartidas,
Dos pavorosos antros devassados.
E o Homem, no entanto, tateando o limo,
A base dos rochedos rebuscando,
Procura a concha do precioso mimo
A pérola – entre as fezes tateando,
No coração do oceano,
Longo o fôlego exausto e entorpecido
O corpo, frio do labor insano,
Nas salsas solidões quase perdido!
Mas o espírito age. Em brandas cores
Pinta-lhe a suavíssima alegria
Da volta, enfim liberto, dos pavores,
À luz do sol, às árvores, ao dia...
E ei-lo que desce mais
Para logo subir trazendo aos dedos
As pérolas mimosas e os corais
Das cavernas do mar e dos rochedos.
Boa criança que, comigo, sonhas
Num longínquo futuro de alegrias,
Inda entre as desoladas e tristonhas,
Murchas flores das nossas utopias;
Que me trouxeste a rir
O arrimo protetor de teu olhar
Quando, exausto, me senti cair
Farto da vida e farto de chorar;
Também, mergulhador, desci ousado,
Rasgando as ondas, contornando as fráguas
Da vida, mar indômito, assanhado,
Com o peito cheio de canções e mágoas,
De mágoas e de horrores!
Mas ao voltar à flor da vaga cérula,
Bani do coração mágoas e dores
Para guardar-te no meu seio, ó pérola!
- Junho 93 -
(Ao Sr. Antônio F. de C. Motta)
Por entre as algas e os corais passando
Desce ao fundo do mar – gigante inerme, -
Seu vasto seio escuro trespassando
Como se fora um pequenino verme,
O audaz mergulhador
Que lhe devassa o undoso coração,
Subindo após, vitorioso, à flor,
Com uma concha ou um coral na mão.
Quando ele desce às solidões marinhas,
As sereias às portas das cavernas
- Tristes paços de prófugas rainhas –
Cantam-lhe doces melodias ternas,
Suaves e sentidas;
E os monstros do oceano apavorados
Fogem, batendo as caudas bipartidas,
Dos pavorosos antros devassados.
E o Homem, no entanto, tateando o limo,
A base dos rochedos rebuscando,
Procura a concha do precioso mimo
A pérola – entre as fezes tateando,
No coração do oceano,
Longo o fôlego exausto e entorpecido
O corpo, frio do labor insano,
Nas salsas solidões quase perdido!
Mas o espírito age. Em brandas cores
Pinta-lhe a suavíssima alegria
Da volta, enfim liberto, dos pavores,
À luz do sol, às árvores, ao dia...
E ei-lo que desce mais
Para logo subir trazendo aos dedos
As pérolas mimosas e os corais
Das cavernas do mar e dos rochedos.
Boa criança que, comigo, sonhas
Num longínquo futuro de alegrias,
Inda entre as desoladas e tristonhas,
Murchas flores das nossas utopias;
Que me trouxeste a rir
O arrimo protetor de teu olhar
Quando, exausto, me senti cair
Farto da vida e farto de chorar;
Também, mergulhador, desci ousado,
Rasgando as ondas, contornando as fráguas
Da vida, mar indômito, assanhado,
Com o peito cheio de canções e mágoas,
De mágoas e de horrores!
Mas ao voltar à flor da vaga cérula,
Bani do coração mágoas e dores
Para guardar-te no meu seio, ó pérola!
- Junho 93 -
1 comment:
Parabéns! Amei! Outro dia teatralizei poemas de Lívio Barreto Xavier, em evento na Livraria Da Conde. A proprietária da IbisLibris, editora de poesia, poetas, Olga Savari e outros, atores e tal me pediram o
'Dolentes' e um lugar na 'rede' para o tio Livinho. Aí está! Sintonia do ousado poeta do século XIX conosco. Pequenos milagres...
Post a Comment