Não havia na vila
ninguém que entendesse o Gabriel. Ele apaixonou-se pela Marieta, mas até aí
tudo bem; mas contra todos os costumes locais era uma paixão fadada ao
insucesso. Insucesso, pois Gabriel tinha 25 anos e Marieta 65. Ninguém mesmo
entendia esse caso, mesmo depois de umas duas rodadas de cerveja no Bar Sorriso
do Quelé, nenhum dos amigos se aventurava a dar um palpite que fosse aceito pela
rapaziada. Dinheiro não era, pois a moça - diziam ser ela ainda não tocada por
mãos impuras - não tinha um tostão de mel coado e Gabriel era um pobretão de
marca maior. O que os dois faziam para manter a relação acesa era um mistério
total. Isso até que o Brilhante, amigo de todos, descobriu o segredo do casal.
Digamos assim os dois tinham, aparentemente, um relacionamento normal: homem e
mulher e mulher e homem. Acontece que o Brilhante descobriu, na Estrada Nova, o
ninho dos dois passarinhos que abrigava muitos filhotes, uns saídos dos ovos
recentemente e outros com a plumagem completa e luzidia. Todos faziam um
sucesso enorme e o Brilhante, mais que depressa voou para o Bar Sorriso do
Quelé para contar a novidade do que era uma espécie de filial do Cabaret da
Maria Rosa nos limites da vila, escondido de todo mundo.
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