Sunday, May 31, 2015

MARIETA E GABRIEL - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 423


Não havia na vila ninguém que entendesse o Gabriel. Ele apaixonou-se pela Marieta, mas até aí tudo bem; mas contra todos os costumes locais era uma paixão fadada ao insucesso. Insucesso, pois Gabriel tinha 25 anos e Marieta 65. Ninguém mesmo entendia esse caso, mesmo depois de umas duas rodadas de cerveja no Bar Sorriso do Quelé, nenhum dos amigos se aventurava a dar um palpite que fosse aceito pela rapaziada. Dinheiro não era, pois a moça - diziam ser ela ainda não tocada por mãos impuras - não tinha um tostão de mel coado e Gabriel era um pobretão de marca maior. O que os dois faziam para manter a relação acesa era um mistério total. Isso até que o Brilhante, amigo de todos, descobriu o segredo do casal. Digamos assim os dois tinham, aparentemente, um relacionamento normal: homem e mulher e mulher e homem. Acontece que o Brilhante descobriu, na Estrada Nova, o ninho dos dois passarinhos que abrigava muitos filhotes, uns saídos dos ovos recentemente e outros com a plumagem completa e luzidia. Todos faziam um sucesso enorme e o Brilhante, mais que depressa voou para o Bar Sorriso do Quelé para contar a novidade do que era uma espécie de filial do Cabaret da Maria Rosa nos limites da vila, escondido de todo mundo.  



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Sunday, May 24, 2015

O URSO NEGRO - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 422


Havia, na Cidade Grande, um Jardim Zoológico e nele havia muitos animais diferentes, mas um, especialmente, era admirado por todos os visitantes. Era um urso negro vindo não sei de onde há muitos anos, talvez do Alaska. Não era jovem, já era velho. Pode-se chamar um urso velho de urso idoso? Vamos  chama-lo assim. Pois bem: estava o urso idoso em sua jaula quando viu aproximar-se uma jovem bem jovem e o olhou de frente e sorriu francamente. Ele logo sentiu uma claridade saindo de seus olhos castanhos e imediatamente aproximou-se do lado da grade em que a mocinha estava. Ela não arredou pé e ficou aguardando os movimentos da fera. Subitamente o urso negro levanta sua pata direita e alcança o colo cor de leite da mocinha. Muito devagar, pois ele pensava que a mocinha se assustaria com a afronta. Seria afronta ou ousadia? Ele continua a descer seu profundo decote e encontra um trevo de quatro folhas e uma estrelinha dourados que  brilhavam na escuridão. Ele baixa os olhos e encontra os dela e eles estão rindo. Pouco a pouco o urso negro se afasta e entra em seu refúgio solitário.  



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Sunday, May 17, 2015

O LIVRO DE JANUÁRIO - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 421




Januário acreditava ser um literato e dos bons. Certa ocasião ele se propôs escrever um livro revolucionário e ao mesmo tempo muito simples. O livro constava de um texto corriqueiro que era acompanhado de seu invertido (espelho). Assim: “O moço estava apaixonado por uma jovem muito bonita” – “atinob otium mevoj amu rop odanoxiapa avatse oçom O”. Após ter escrito um texto de dez mil palavras ele o levou para seu amigo Mauro que produziu um belo livro. Januário acreditava que poderia lançá-lo na nova livraria da cidade. Acertou, pois seu texto foi elogiado, mas às escondidas, foi tratado com menoscabo. No dia do lançamento os organizadores montaram dois palcos um dedicado a uma apresentação favorável e o outro a uma desfavorável. Tudo foi um grande sucesso, mas nenhum exemplar do livro de Juvenal foi vendido.  Ele teve de dá-lo de graça.



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Sunday, May 10, 2015

ELE VAI E ELA VEM - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 420




Jorge sonhou caminhando pela estrada acidentada que saía da cidade. Após algum tempo avista alguém que se aproxima em sentido contrário. Ele logo vê que é uma jovem caminhando ao seu  encontro. Ao se aproximarem estão mudos, nenhuma palavra é trocada e, no entanto, há, claramente, uma compreensão e como que uma troca de fluidos etéreos. Após momentos que pareceram meses ou anos cada um retoma seu caminho. Ela vai à busca de felicidade nos Elíseos, ao longe, e ele em direção ao Hades ali próximo.

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