Sua tia tinha pra mais de oitenta anos e era bem conservada, cheinha de vida. Ela tinha alguns poucos problemas de saúde, mas não se apoquentava com eles, pois ia a muitos médicos que a tratavam com os cuidados necessários. Ela fazia todos os exames pedidos por eles e na volta recebia uma relação de remédios para tomar: dos controlados ou não. Como é normal ela tinha muitos achaques e manias. Dessas ultimas, a que Roberto chamava sempre a atenção dela era a mania de controlar tudo, tudo no mundo: coisas e pessoas, principalmente estas últimas. Quando algum parente ou amigo no Rio de Janeiro planejava viajar e ela tomava conhecimento a Tia pegava o telefone e ligava para todos os familiares, desde os mais ligados aos mais afastados. Assim se dava, agora talvez com razão, quando alguém morria, era uma loucura, pois seu telefone não parava de fazer ligação para todos da família e para os amigos. Para isso ela tinha uma agenda iniciada já em 1950 onde colecionava os números dos telefones de todo mundo, pode-se dizer assim mesmo. Algumas poucas vezes ela se atrapalhava e ligava para a pessoa que iria viajar e comunicava sua, da pessoa, viagem, por exemplo:
- Prima,
você ta sabendo que a Clotilde vai para Nova York no próximo domingo? Vai até o cachorrinho Pepe. Só muito
dinheiro, não é mesmo?
A prima, do
outro lado da linha, achando engraçado diz:
- Oi Tia eu
sou a Clotilde e não vou a lugar nenhum. Quem vai viajar é
a Mentinha; essa vai para Várzea Alegre visitar a Rosinha.
- Minha
filha eu me enganei então. São esses malditos remédios que esses médicos passam
para mim. Pois ta bom! Boa tarde para vocês todos.
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